Mobilização pelo Dia da Amazônia reforça chamado para a COP30
A celebração do Dia da Amazônia, nesta sexta-feira (5), ganhou dimensão especial em 2025. Às vésperas da COP30, que será realizada em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro, organizações, coletivos e movimentos sociais promoveram mais de 20 atividades em ao menos oito estados. O objetivo foi claro: ampliar a consciência sobre a emergência climática e fortalecer a mobilização para o maior encontro global sobre o futuro do planeta.

O tema deste ano, “Celebrar a Amazônia e os biomas é soberania”, uniu diferentes vozes em torno da ideia de que proteger florestas, povos e territórios não é apenas questão ambiental, mas um princípio de independência nacional. Para os organizadores, soberania significa defender os povos originários, as comunidades tradicionais e, ao mesmo tempo, reconhecer a abundância natural e cultural do país.
“Ao celebrar a Amazônia e todos os biomas, queremos reforçar a potência dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e camponeses, que são referência inclusive para populações urbanas”, destacou a organização do evento.
A pluralidade amazônica em destaque
A diversidade da Amazônia Legal esteve no centro da programação. Como explicou Deuza Brabo, do Coletivo Reocupa, a iniciativa também pretende mostrar que não existe uma única Amazônia, mas múltiplas realidades que coexistem.
“Existem inúmeras Amazônias dentro da Amazônia. A maioria das atividades ocorre em locais públicos para aproximar as comunidades. Com o tema deste ano, a gente pretende mostrar o quanto a Amazônia é potente, mas que há eventos extremos climáticos, de devastação”, disse.
Entre os organizadores também estiveram a Associação Cultural Na Cuia, o Instituto Clima e Sociedade (ICS), o Instituto Mapinguari, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Observatório do Marajó, além de diversos coletivos de juventudes, comunicação popular, direitos humanos e cultura.

Belém: centro das mobilizações
Na capital paraense, a programação foi intensa. A Seja Democracia e o Cursinho Popular Ágora organizaram a aula pública “COP30 na Quebrada”, com três estações temáticas. O primeiro debate tratou dos impactos dos megaeventos nas comunidades vulneráveis; o segundo uniu saberes ribeirinhos e ciência climática; e o terceiro, intitulado “Lambe-lambe Poético”, transformou fanzines em intervenções urbanas.
Também em Belém, a Comissão Solidária Vila da Barca promoveu uma feira gastronômica com mulheres formadas no projeto “Roteiro Cozinha Periférica”. Os pratos apresentados concorreram ao prêmio “Cozinha Criativa Periférica”, escolhido pelo público. Além da comida, houve apresentações culturais e ações de economia criativa.
Já o Fórum Paraense de Juventudes trouxe o projeto “Juventudes que Ecoam”, reunindo rodas de conversa, oficinas, filmes e experiências sensoriais. Entre os destaques, o diálogo “Amazônia Is Burning: Um Diálogo entre Clima e Cultura Ballroom” e a vivência cultural “Acarimbolando a Amazônia ao Som da Natureza”.
O MAB, por sua vez, realizou distribuição de mudas e atividades de conscientização na entrada da Universidade Federal do Pará, em Belém.
Mobilizações além do Pará
Em Ananindeua (PA), a Associação Cultural Na Cuia lançou a campanha #ClimaDeVerdade, com rodas de conversa e oficinas contra a desinformação climática.
Em Manaus (AM), a Associação Intercultural de Hip-Hop Urbanos da Amazônia realizou o Festival Grito Rua, no Formigueiro Skate Park. O evento reuniu DJs, batalhas de rima, campeonato de skate e feira criativa, valorizando a cultura como ferramenta de transformação ambiental. Ainda na capital amazonense, o MAB participou do 31º Grito dos Excluídos e Excluídas, marchando contra desigualdades.
Outras capitais também se mobilizaram. Em São Paulo, o MAB organizou o “Sextou em Defesa da Amazônia e da Soberania”, com concentração no Theatro Municipal. Em Porto Velho, o movimento realizou um ato no Baixo Rio Madeira, destacando a resistência amazônica frente às pressões ambientais e sociais.
A programação do Dia da Amazônia em 2025 foi, acima de tudo, um ensaio para a COP30. Cada atividade, seja uma roda de conversa, uma feira gastronômica ou um festival de hip-hop, buscou conectar cultura, ciência e mobilização social em torno de um desafio comum: garantir que a Amazônia siga viva.
Os organizadores lembram que os efeitos das mudanças climáticas já são sentidos no cotidiano das populações e que proteger a floresta não é apenas uma questão regional. É um chamado global.








































