A cidade de Belém acaba de receber uma iniciativa voltada à democratização do acesso à água potável, um direito essencial que ainda é negado a milhares de pessoas em todo o Brasil, especialmente na região amazônica. A Ambev, em parceria com a Florescer – hub de incentivo a economias locais e soluções sustentáveis – anunciou a instalação de 10 bebedouros públicos em pontos estratégicos da capital paraense. A ação faz parte da expansão do projeto AMA, um produto social da companhia, que desde seu lançamento atua na promoção do acesso gratuito e seguro à água em comunidades urbanas, rurais e ribeirinhas.

Com a nova etapa do projeto em Belém, mais de 1,2 milhão de pessoas serão beneficiadas diretamente, segundo estimativas da empresa com base no fluxo diário de circulação nos locais onde os bebedouros foram instalados. A ampliação faz com que AMA atinja a marca de 3 milhões de pessoas beneficiadas em todo o Brasil — dobrando seu impacto em relação aos números anteriores.
A distribuição dos bebedouros leva em consideração diferentes perfis populacionais: desde regiões centrais e movimentadas, como o Terminal Ruy Barata e a Feira do Açaí, até territórios periféricos e comunidades tradicionais, como a Vila da Barca e a ilha de Mosqueiro. A proposta é garantir acesso à água potável não apenas para quem vive em regiões de maior vulnerabilidade, mas também para quem transita diariamente pela cidade e enfrenta as altas temperaturas da capital amazônica, que ultrapassam facilmente os 35 °C em boa parte do ano.
Segundo Laura Aguiar, diretora de Impacto e Relações com a Sociedade da Ambev, o projeto vai além de uma ação pontual de responsabilidade social. “O projeto nasceu com o propósito de democratizar o acesso à água e, com a chegada dos bebedouros, apoiaremos a população ribeirinha, universitários e todos que circulam diariamente pelos principais pontos de Belém, além de ajudarmos a cidade a se preparar para eventos futuros”, afirma.
A fala da executiva faz referência à crescente visibilidade internacional de Belém, que será sede da COP 30 em novembro de 2025. A conferência da ONU sobre mudanças climáticas deve reunir mais de 40 mil pessoas na cidade, entre chefes de Estado, especialistas, jornalistas, lideranças indígenas e representantes da sociedade civil. A estrutura urbana da capital paraense, incluindo seu abastecimento hídrico e rede de saneamento, está sob intenso escrutínio. A instalação dos bebedouros é uma resposta direta à necessidade de garantir acesso básico à água para moradores e visitantes durante e após o evento.
Pontos de acesso e impacto local
Os novos bebedouros foram instalados nos seguintes locais:
- Terminal Ruy Barata
- Feira do Açaí
- Anexo Santo Antônio
- Nova Jerusalém
- Chalé da Paz
- Campo da Cabanagem
- Vila da Barca
- Complexo Bom Bar
- Terra Firme
- Mosqueiro
A seleção dos locais considerou densidade populacional, dificuldade de acesso à água de qualidade, circulação de pessoas e sugestões de organizações locais. A Vila da Barca, por exemplo, é uma das maiores comunidades sobre palafitas da América Latina e sofre com infraestrutura precária de abastecimento. Já a Terra Firme, um dos bairros mais populosos de Belém, registra histórico de vulnerabilidade urbana e sanitária.
Em Mosqueiro, distrito insular conhecido por receber milhares de turistas aos fins de semana, o bebedouro atenderá tanto moradores locais quanto visitantes, contribuindo para aliviar a pressão sobre o sistema de abastecimento durante o período de alta estação.
Expansão regional
A iniciativa em Belém é parte de um esforço mais amplo na Amazônia Legal. No início de junho, a Ambev já havia instalado seis bebedouros no Tocantins, beneficiando aproximadamente 65 mil pessoas. Ao todo, mais de 20 bebedouros públicos já foram instalados na região amazônica, além de soluções em escolas e comunidades indígenas. O projeto também contempla modelos adaptados a contextos específicos, como pontos de distribuição em escolas rurais, unidades de saúde e centros comunitários.
A proposta da companhia e de seus parceiros é expandir a atuação para outras cidades da região Norte ainda em 2025, com foco em municípios do Pará, Amazonas e Maranhão.
Desde sua criação, AMA já apoiou mais de 135 projetos sociais ligados ao acesso à água, principalmente em áreas remotas e comunidades de baixa renda. A iniciativa também já arrecadou mais de R$ 10 milhões, segundo dados da empresa. O recurso é obtido por meio da venda da água AMA em pontos comerciais e reinvestido integralmente em ações de impacto social.
Água como direito e bem comum
A iniciativa da Ambev dialoga com um debate global sobre o acesso à água como direito humano e não como privilégio. A ONU reconheceu, em 2010, o acesso à água potável e ao saneamento como um direito fundamental, mas esse direito ainda é negado a milhões de pessoas no Brasil. Segundo o Instituto Trata Brasil, mais de 33 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água tratada, e cerca de 100 milhões não têm acesso à rede de esgoto.
Na Amazônia, o paradoxo é ainda mais evidente. A maior bacia hidrográfica do planeta concentra comunidades inteiras que não possuem acesso regular à água limpa. Questões como ausência de políticas públicas efetivas, infraestrutura precária, degradação ambiental e desigualdade social contribuem para a persistência desse cenário.
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Projetos como AMA tentam preencher parte dessas lacunas com soluções práticas e de baixo custo. A instalação de bebedouros é uma dessas soluções, mas há outras frentes sendo exploradas, como sistemas de captação de água da chuva, filtros biológicos e tecnologias móveis de purificação — todas desenvolvidas ou implementadas em parceria com organizações da sociedade civil.
Conexão com as economias locais
O projeto em Belém é desenvolvido em parceria com a Florescer, um hub que atua na mobilização de agentes locais e na promoção de soluções de impacto sustentável. A organização busca fortalecer economias circulares, valorizar saberes tradicionais e desenvolver alternativas de geração de renda com base na bioeconomia, no artesanato, no turismo comunitário e em outras formas de produção de base local.
A parceria entre Ambev e Florescer tem como foco conectar grandes empresas a demandas reais de territórios amazônicos, criando pontes entre o investimento privado e os desafios sociais. A implementação dos bebedouros em Belém contou com articulação comunitária e participação ativa de lideranças locais, o que fortalece o sentimento de pertencimento e a sustentabilidade da ação no longo prazo.
Legado para a COP 30
Com a chegada da COP 30, a cidade de Belém se prepara para receber olhares do mundo inteiro. A conferência representa uma oportunidade histórica para a capital paraense se posicionar como referência em soluções ambientais e justiça climática. A infraestrutura de acolhimento dos visitantes, a mobilidade urbana, a segurança alimentar e o acesso a serviços básicos como água e saneamento estão no centro das preocupações do governo federal e estadual.
A instalação dos bebedouros públicos se soma a um conjunto de ações que buscam mostrar um novo modelo de desenvolvimento amazônico, baseado na inclusão, sustentabilidade e inovação social. Mais do que fornecer água, os pontos de hidratação representam um compromisso com o bem-estar da população e a construção de uma cidade mais justa e resiliente.


































