Aquecimento global agrava ondas de calor e ameaça cidades brasileiras com novos recordes anuais

Autor: Redação Revista Amazônia

O avanço das mudanças climáticas tem transformado o comportamento térmico do planeta. Ondas de calor, fenômenos antes esporádicos, estão se tornando cada vez mais intensos, longos e frequentes em diversas regiões, inclusive na América do Sul e no Brasil. Um artigo publicado na revista Frontiers in Climate traz um alerta: cidades brasileiras podem enfrentar até 15 ondas de calor por ano.

Estudo revela crescimento alarmante das ondas de calor

Pesquisadores analisaram dados de 1979 a 2023, utilizando registros de serviços meteorológicos nacionais para calcular a incidência, duração e intensidade das ondas de calor em 10 cidades, sendo cinco no Brasil: Manaus, Rio Branco, Brasília, Cuiabá e São Paulo. Em todas, observou-se um crescimento considerável em 2023, ano que se tornou o segundo mais quente desde o século XIX. Picos de temperaturas entre 35 °C e 40 °C foram frequentes.

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Imagem: Portal 4oito

Manaus, Rio Branco e Brasília registraram os aumentos mais significativos. Manaus e Rio Branco tiveram 17 e 22 ondas de calor, respectivamente — o dobro da média histórica. Brasília quase triplicou sua média anual, com 17 episódios em 2023. Cuiabá e São Paulo também apresentaram aumentos acima do esperado.

América do Sul: epicentro de calor extremo

O fenômeno não se restringiu ao Brasil. Cidades da Argentina, Paraguai e Bolívia também enfrentaram números elevados, algumas com mais de 23 eventos em um único ano. Segundo um estudo publicado na Nature Reviews Earth & Environment em abril de 2024, a América do Sul foi a região terrestre mais impactada, registrando entre 110 e 150 dias de ondas de calor em 2023 — três vezes mais que a média de 1990 a 2020.

Definições diferentes para ondas de calor

Apesar da gravidade, há variações na forma como ondas de calor são definidas. Cientistas consideram como critério três dias consecutivos com temperaturas acima de 90% dos registros históricos. Já órgãos como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) seguem padrões da Organização Meteorológica Mundial, que exige pelo menos cinco dias consecutivos com temperaturas 5 °C acima da média mensal.

Essas diferenças de definição dificultam comparações diretas entre estudos e realçam a importância de dados históricos consistentes para entender o fenômeno.

Impactos sociais e econômicos do calor extremo

Ondas de calor prolongadas afetam muito além do conforto pessoal. Em 2024, temperaturas extremas forçaram a suspensão de aulas em cidades como Porto Alegre e Rio de Janeiro. A exposição prolongada a calor intenso pode levar a mortes, especialmente entre crianças, idosos e gestantes, destacando um problema de saúde pública ainda pouco debatido no país.

Além disso, o fenômeno prejudica a economia, aumenta o consumo energético e agrava a escassez hídrica.

Urbanização e fenômenos climáticos agravam a situação

O efeito “ilha de calor” urbano e fenômenos naturais como o El Niño também contribuem para intensificar as ondas de calor. Cidades asfaltadas e densamente construídas retêm mais calor. Em 2023, um forte El Niño elevou ainda mais as temperaturas, afetando duramente a Amazônia e o Pantanal.

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Imagem: EBC.

Perspectiva futura: mais calor, mais riscos

Sem redução efetiva nas emissões de gases de efeito estufa, especialistas alertam para a intensificação das ondas de calor. O aquecimento global, que em 2023 já alcançou 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, promete transformar as ondas de calor em eventos cada vez mais comuns e devastadores.

“É urgente limitar o aquecimento e desenvolver estratégias de adaptação para proteger vidas e infraestrutura”, alerta o climatologista José Marengo, do Cemaden.


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