O Banco Mundial soou o alarme sobre uma “reversão histórica” no desenvolvimento, alertando que metade dos 75 países mais pobres do mundo está enfrentando um aumento da disparidade de renda em relação às economias mais ricas pela primeira vez neste século. De acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira (15), a diferença entre o crescimento da renda per capita nos países mais pobres e nos mais ricos aumentou nos últimos cinco anos, indicando uma regressão estrutural significativa.
Ayhan Kose, vice-economista-chefe do Banco Mundial e um dos autores do relatório, expressou preocupação com a falta de convergência entre as economias, observando que muitos dos países elegíveis para doações e empréstimos a juros zero da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) correm o risco de perder uma década de progresso sem mudanças políticas e ajuda internacional substancial.
O crescimento econômico nos países da IDA já estava desacelerando antes da pandemia de covid-19, e a previsão é de que seja de apenas 3,4% entre 2020 e 2024, o mais fraco em cinco anos desde a década de 1990. Fatores como a invasão da Ucrânia pela Rússia, as mudanças climáticas e os conflitos têm contribuído para essa desaceleração.
Com mais da metade dos países da IDA na África Subsaariana, é evidente que a região é particularmente afetada por essa reversão no desenvolvimento. Além disso, muitos desses países enfrentam desafios adicionais, como problemas de endividamento e acesso insuficiente a alimentos nutritivos a preços acessíveis.
Embora tenham populações jovens e recursos naturais abundantes, esses países enfrentam dificuldades para atrair investimentos do setor privado e governamental. Políticas ambiciosas são necessárias para impulsionar o investimento e fortalecer as instituições, incluindo reformas estruturais para melhorar a educação e aumentar as receitas domésticas.
O apoio financeiro da comunidade global é crucial para evitar uma estagnação prolongada e garantir que esses países possam progredir. O Banco Mundial está buscando uma reposição robusta dos fundos da IDA até dezembro, destacando a importância de um esforço coletivo para enfrentar os desafios e promover o desenvolvimento sustentável.
