A brisa do rio Amazonas, os tambores que ressoam pela periferia, as luzes que iluminam o casario colonial e as pessoas que caminham entre manguezais e praças. De 6 a 14 de novembro de 2025, a cidade de Belém emerge não apenas como palco diplomático da COP30, mas como pulsação cultural onde arte, diversidade e sustentabilidade se encontram e celebram a Amazônia de forma vibrante.

Enquanto líderes mundiais se reúnem para discutir metas e balanços globais, a cidade abre suas praças, teatros e museus para traduzir o clima em ritmo, cor, visão e pertença. O que está em jogo é mais do que o corte de emissões ou o financiamento climático: é a necessidade de tornar visível que a crise ambiental tem rosto humano, raízes locais e uma multiplicidade de vozes guardiãs da floresta, das águas, dos saberes tradicionais.
A programação gratuita que a prefeitura lança contém essa ambição. Na Feira do Açaí, a batucada afro-amazônica tomará conta da noite de 7 de novembro com a “Batucada da Consciência”: samba, batuque, ancestralidade — lembrando que numa metrópole à beira do rio, o tempo se mede também pela cadência dos tambores. Em 10 de novembro, dentro do museu de arte local, a exposição “VAZIO sobre TERRA” estreia, provocando reflexões sobre meio ambiente e ancestralidade, enquanto ao lado, na Casa das Onze Janelas, uma experiência interativa mistura arte, ciência e sustentabilidade marinha. Ainda no dia 10, o público infantil será convidado a assistir “Pássaro Junino Tucano, o Guardião dos Saberes da Floresta”, um espetáculo que valoriza a cultura popular e os saberes indígenas, lembrando que a infância e a floresta também pertencem à discussão climática.
Em 11 de novembro, a tela do cinema se abre para a Mostra Pan-Amazônica, no Cine Líbero Luxardo, caminhada visual pela diversidade da região. E à noite, a festa da Casa NINJA Amazônia reúne música, ativismo e resistência: desde o artista local Felipe Cordeiro a DJs convidados, celebrando o momento com requinte e propósito. A semana se encerra em 13 de novembro com o tradicional Cortejo do Cordão do Peixe-Boi e o grupo indígena Surarás do Tapajós, lembrando poeticamente que o rio, a tradição e o corpo coletivo caminham juntos rumo a uma “justiça climática”.
Esses eventos gratuitos não são mera ornamentação diante de um summit global. Eles oferecem corpo físico à promessa de incluir cultura, território e sociedade nas decisões sobre o clima. Belém se coloca em evidência, e não apenas como local de recepção de delegados, mas como anfitriã de uma mobilização que busca dar concretude à ideia de que “clima” não é só aquecimento, política ou economia: é justiça, memória, arte e comunidade.

SAIBA MAIS: Quer entender a COP30? Curso gratuito em Belém ensina tudo sobre o clima e o futuro do planeta
Ao mesmo tempo, o topo da cidade cultural se complementa com a cena noturna privada: bares como Bar Na Maré e Casa Apoena, o Espaço Discos ao Léo e o Space Club prometem atrações com ingresso, reforçando que a cidade vive a COP 30 de dia e de noite, nos palcos públicos e privados.
Essa vivência por toda a cidade ajuda a transformar a capital paraense de um mero ponto de encontro diplomático para uma arena experencial de engajamento, de popularização do debate climático e de conexão entre local e global. Visitantes da conferência, moradores, artistas e coletivos verão que o futuro a que nos referimos nas cabeças de governo já se cria nas ruas, salas de espetáculo e ritualizações culturais.
Mais do que assistir o summit, Belém convida a participar. A programação gratuita opera como ponte entre o salão da conferência e a calçada da cidade. E nessa ponte, a Amazônia aparece em sua própria voz: expressando ancestralidade, valorizando diversidade, celebrando sustentabilidade e desafiando a imaginar um futuro que não apenas contenha o aquecimento global, mas também amplifique a força dos territórios locais, dos corpos, das memórias e da arte que cresce junto com o rio.
Enquanto os painéis e plenárias preparam a nova era de metas climáticas, a rua ecoa: arte, dança, som, filme e ritual. Belém mostra que, quando o tema é o planeta, a paisagem natural se encontra com a cidade, a cultura se encontra com a política e cada corpo indígena, ribeirinho, periférico, pode estar no centro da conversa. E assim, entre tambores e projeções, Belém se torna destino do mundo e palco de resistência imaginada para além dos números.







































