O Brasil assumiu oficialmente o protagonismo na diplomacia climática ao lançar o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis, conhecido como Belém 4X, durante os eventos que antecedem a COP30. A iniciativa, copatrocinada por Itália e Japão, busca mobilizar apoio político e cooperação internacional para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, consolidando o país amazônico como uma das vozes centrais na transição para uma economia de baixo carbono.

O plano propõe ampliar a produção e o uso de alternativas limpas como hidrogênio verde, biogás, biocombustíveis e combustíveis sintéticos — fontes capazes de substituir o petróleo em setores de difícil descarbonização, como transporte pesado, aviação e indústrias de base. A meta global foi construída com base em análises da Agência Internacional de Energia (IEA), que também se comprometeu a monitorar anualmente o progresso do acordo.
Para o governo brasileiro, o Belém 4X traduz a ambição do país em liderar a nova era da energia limpa, articulando o avanço tecnológico com o potencial natural e científico da Amazônia. Ao lado de parceiros estratégicos, o Brasil quer consolidar uma rota energética capaz de equilibrar crescimento econômico, soberania ambiental e inclusão social.
“O Brasil quer ser reconhecido não apenas por preservar, mas por liderar o caminho da transformação energética global”, declarou um diplomata do Ministério das Relações Exteriores. “O Compromisso de Belém simboliza o esforço de construir pontes entre países desenvolvidos e em desenvolvimento em torno de soluções justas e acessíveis.”
Até o momento, 19 países aderiram ao acordo: Armênia, Belarus, Brasil, Canadá, Chile, Guatemala, Guiné, Índia, Itália, Japão, Maldivas, México, Moçambique, Myanmar, Países Baixos, Panamá, Coreia do Norte, Sudão e Zâmbia. A amplitude geográfica demonstra que a transição energética é uma pauta global, e não exclusiva das nações ricas.
Segundo a IEA, o desafio central é escalar a produção de combustíveis sustentáveis a preços competitivos, de modo que possam complementar a eletrificação e substituir definitivamente o uso de combustíveis fósseis. Essa mudança exigirá investimentos bilionários, redes logísticas inteligentes e marcos regulatórios que incentivem inovação, segurança energética e acesso equitativo à tecnologia.

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A diplomacia climática brasileira, que já havia obtido destaque na Declaração de Belém — documento que conecta ação climática à erradicação da pobreza —, reforça agora a ideia de que a transição verde também deve ser socialmente justa. O país aposta na sinergia entre bioenergia, florestas e comunidades locais para criar um modelo inclusivo de economia circular.
Especialistas lembram que o Belém 4X consolida uma agenda de credibilidade internacional construída desde a COP27, quando o Brasil reposicionou sua política externa em torno da neutralidade de carbono e da valorização das florestas tropicais. Agora, com o mundo reunido em Belém, o país mostra que também quer liderar a revolução energética global, unindo ciência, diplomacia e inovação.
O compromisso segue aberto para novas adesões, com o Brasil exercendo papel de articulador de uma coalizão de transição energética global. Para analistas, o movimento também reforça o alinhamento entre o Itamaraty e os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente, criando uma política climática de Estado, com foco em soberania e prosperidade compartilhada.
Com a assinatura do Belém 4X, a COP30 ganha um símbolo concreto da cooperação que o Brasil quer ver florescer: uma energia limpa que nasce do diálogo entre povos e biomas — e que tem, em Belém, o epicentro da esperança planetária.







































