Você sabia que algumas borboletas bebem lágrimas de outros animais?

Autor: Redação Revista Amazônia

Elas são símbolo de leveza, transformação e beleza, mas as borboletas também escondem comportamentos intrigantes e surpreendentes. Um dos mais curiosos é o hábito de beber lágrimas de outros animais. Sim, você leu certo: em determinadas situações, algumas espécies de borboletas pousam sobre répteis, aves ou até mamíferos para se alimentar do líquido que escorre de seus olhos. O comportamento, além de excêntrico, revela como esses insetos se adaptam aos recursos disponíveis na natureza para obter nutrientes essenciais.

Mas por que elas fazem isso? O que há nas lágrimas que atrai as borboletas? E quais animais servem de “fonte” para essa prática? Continue lendo para entender essa fascinante faceta do mundo natural.

Lágrimas como fonte de minerais

Apesar de se alimentarem basicamente do néctar das flores, as borboletas também precisam de minerais e sais, principalmente o sódio, que não estão disponíveis em grande quantidade nas plantas. Por isso, muitas recorrem a fontes alternativas para complementar sua dieta. Entre essas fontes estão solo úmido, excrementos, carcaças de animais… e, surpreendentemente, lágrimas.

As lágrimas de vertebrados contêm sódio, potássio, proteínas e outros nutrientes importantes. Para as borboletas, especialmente os machos, esses compostos são essenciais na reprodução, pois parte dos minerais obtidos é transferida às fêmeas durante o acasalamento, aumentando a chance de sucesso reprodutivo.

Um comportamento chamado “lacrifagia”

O hábito de se alimentar de lágrimas é chamado cientificamente de lacrifagia. Ele foi observado em diversas regiões tropicais do mundo, principalmente em florestas da América do Sul, África e Sudeste Asiático. As borboletas pousam delicadamente nos olhos de animais adormecidos ou distraídos e usam a probóscide — uma espécie de tubo comprido que funciona como um canudo — para sugar as lágrimas.

O comportamento é mais comum em borboletas da família Nymphalidae, como as do gênero Heliconius e Caligo. Em alguns registros, esses insetos passaram mais de 20 minutos pousados no rosto de tartarugas, jacarés, antas e até pessoas, sem que o animal se incomodasse ou sequer percebesse.

Interação pacífica (na maioria das vezes)

Curiosamente, a lacrifagia não costuma causar dor ou irritação nos animais. Como a probóscide é extremamente fina, o toque é quase imperceptível. Isso permite que as borboletas se alimentem tranquilamente, sem risco imediato.

No entanto, nem sempre o contato é bem-vindo. Há relatos de aves tentando espantar os insetos com os olhos ou movimentos de cabeça, e de répteis que se incomodam após alguns minutos. Ainda assim, a frequência com que esse comportamento é registrado indica que, na maioria das vezes, a interação é tolerada — ou ao menos ignorada.

Estratégia evolutiva inteligente

A lacrifagia é apenas uma das estratégias utilizadas por borboletas para obter sais minerais. Em dias úmidos, é comum vê-las em poças de lama (comportamento chamado de mud-puddling), ou próximas a fezes de animais e carniça. Essas práticas, que podem parecer bizarras para os humanos, são na verdade formas evolutivas eficientes de sobrevivência.

As borboletas macho, em especial, são as mais motivadas a buscar fontes ricas em sódio. Após a cópula, eles transferem esses minerais para as fêmeas junto com o esperma, fortalecendo os ovos e aumentando a chance de sobrevivência das futuras larvas. Ou seja: beber lágrimas também é uma questão de sucesso reprodutivo.

Um comportamento que inspira a ciência

Esse fenômeno já chamou a atenção de documentaristas e biólogos do mundo todo. Em 2013, uma famosa foto tirada por um cientista na Amazônia peruana mostrava borboletas pousadas no olho de uma tartaruga-ribeirinha, enquanto ela descansava à beira do rio. A imagem viralizou e ajudou a popularizar o conceito da lacrifagia.

Hoje, pesquisadores continuam estudando as implicações desse comportamento no equilíbrio ecológico e nas interações entre insetos e vertebrados. Em tempos de mudanças climáticas e perda de biodiversidade, compreender esse tipo de relação ajuda a reforçar a importância da preservação dos habitats naturais.

A natureza nunca deixa de surpreender

Ver uma borboleta pousada em um olho pode parecer uma cena saída de um conto de fadas ou até de um filme surreal, mas é apenas mais uma prova de como a natureza é cheia de soluções criativas e, às vezes, incomuns. A lacrifagia nos mostra que, mesmo os seres mais delicados e bonitos, como as borboletas, escondem comportamentos pragmáticos e surpreendentes.

Portanto, da próxima vez que avistar uma borboleta, lembre-se de que, além de beleza e simbolismo, ela carrega consigo uma complexa teia de estratégias de sobrevivência — incluindo, quem diria, a capacidade de beber lágrimas.


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