Cidades mais verdes: Brasil apresenta plano nacional de arborização na COP30


Durante a COP30, em Belém, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançou o Plano Nacional de Arborização Urbana (PlaNAU) — uma iniciativa ambiciosa que busca transformar a paisagem das cidades brasileiras, aproximando a população da natureza e enfrentando os desafios das mudanças climáticas a partir do espaço urbano.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

A meta é clara: garantir que 65% dos brasileiros vivam em ruas com pelo menos três árvores. Atualmente, segundo dados do MapBiomas, apenas 28,2% do território urbano do país possui cobertura verde — um índice que revela o quanto as cidades ainda estão distantes de um equilíbrio ambiental saudável.

Segundo o secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do MMA, Adalberto Maluf, o plano não se limita a plantar árvores. Ele propõe uma nova cultura urbana, na qual o verde se integra à infraestrutura, à saúde e ao bem-estar social. “A arborização é um direito coletivo. Ela melhora o microclima, reduz ilhas de calor, aumenta a biodiversidade e devolve qualidade de vida às pessoas”, afirmou Maluf durante o lançamento, na Zona Azul da conferência.

O PlaNAU se baseia na metodologia 3+30+300, desenvolvida pelo pesquisador Cecil Konijnendijk, em 2021. A proposta sugere que toda pessoa tenha ao menos três árvores em sua rua, que cada bairro conte com 30% de cobertura verde, e que ninguém viva a mais de 300 metros de uma área arborizada. Essa equação simples, mas poderosa, resume a ambição do plano: garantir que o verde seja parte cotidiana da vida urbana.

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Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

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Planejamento participativo e resiliência climática

O desenho do PlaNAU foi construído de forma participativa, reunindo 350 contribuições de encontros regionais e 45 sugestões vindas de consulta pública online. Para o diretor do Departamento de Meio Ambiente Urbano, Maurício Guerra, esse processo colaborativo foi essencial para que o plano refletisse as realidades e desafios locais.

“A árvore não é um adorno urbano, é infraestrutura viva. Ela protege, refresca, abriga e conecta as cidades”, observou Guerra. Ele explicou que o plano prevê corredores ecológicos que ligarão parques, praças e florestas urbanas — um sistema interligado que também se estenderá entre municípios vizinhos, promovendo a conectividade ambiental em escala regional.

Além de aumentar a vegetação, o PlaNAU se articula a uma Estratégia Nacional de Soluções Baseadas na Natureza, ainda em desenvolvimento, que busca integrar o verde às escolas, espaços públicos e políticas de adaptação climática. O objetivo é criar cidades mais resilientes, onde o contato com a natureza seja parte do aprendizado e da convivência social.

Financiamento e inovação verde

O governo federal, por meio do MMA, estuda mecanismos financeiros para viabilizar a execução do plano. As ações devem combinar investimentos públicos diretos, emendas parlamentares e parcerias com estados e municípios.

Segundo Maluf, o Banco de Projetos do Programa Estados Verdes e Resilientes já reúne mais de 300 iniciativas, com custo estimado de R$ 10 bilhões, voltadas a soluções baseadas na natureza e arborização urbana. “São ações concretas que mostram como o Brasil pode se tornar uma referência global em cidades verdes e inclusivas”, destacou.

Mais do que um plano técnico, o PlaNAU propõe uma mudança de olhar sobre o que é desenvolvimento urbano. Ao colocar a árvore no centro das políticas públicas, o país sinaliza que a sustentabilidade não é um luxo estético, mas uma condição essencial para o futuro das cidades brasileiras.