Camarão azul gigante, a espécie invasora que ameaça o ecossistema no Pará

Autor: Redação Revista Amazônia

Nos últimos meses, pescadores do município de Barcarena, na região metropolitana de Belém, têm se deparado com um fenômeno inusitado: a presença de um camarão gigante de coloração azulada em suas redes de pesca. O crustáceo, identificado como Macrobrachium rosenbergii, também conhecido como camarão-da-Malásia, não faz parte da fauna nativa do Brasil e representa uma ameaça significativa ao ecossistema local.

Especialistas alertam que a introdução de espécies exóticas pode resultar em desequilíbrios ambientais severos. No caso do camarão-da-Malásia, sua presença na região afeta diretamente a biodiversidade local, pois ele se alimenta de outras espécies nativas, como camarões menores e pequenos peixes. Além disso, seu crescimento rápido e alta taxa de reprodução podem levar a uma competitividade desleal com espécies autóctones, reduzindo a população dos organismos nativos e alterando a cadeia alimentar da região.

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A Relação com o Porto de Barcarena

A chegada desse camarão à região pode estar diretamente ligada à intensa movimentação de navios cargueiros no Porto de Barcarena, um dos mais importantes do Brasil. O transporte marítimo é uma das principais vias de disseminação de espécies invasoras pelo mundo. Muitos organismos exóticos acabam sendo introduzidos em novos ambientes através das águas de lastro dos navios – volumes de água coletados em um local e despejados em outro para manter o equilíbrio das embarcações.

Com o intenso fluxo de navios vindos da Ásia e de outras regiões tropicais, é possível que larvas do camarão-da-Malásia tenham sido acidentalmente liberadas na costa paraense, favorecendo sua proliferação em um ambiente sem predadores naturais. Esse fenômeno já foi observado em outras partes do mundo, onde espécies invasoras causaram impactos ambientais irreversíveis.

Prejuízos Ambientais e Econômicos

Os danos causados pela presença do camarão invasor podem ser sentidos tanto no meio ambiente quanto na economia local. O declínio de espécies nativas pode afetar diretamente a pesca artesanal, que depende da captura de camarões e peixes locais para subsistência. O impacto também se estende à aquicultura, pois o camarão-da-Malásia pode competir por alimento e espaço com espécies cultivadas para consumo humano, resultando em prejuízos financeiros para pescadores e criadores.

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A proliferação descontrolada dessa espécie também pode comprometer ecossistemas aquáticos, alterando a composição dos habitats e reduzindo a biodiversidade. Esse tipo de problema já foi registrado em outros países onde o camarão-da-Malásia foi introduzido sem o devido controle.

A Necessidade de Controle e Monitoramento

Diante da situação, especialistas recomendam que sejam implementadas estratégias de controle para impedir a expansão dessa espécie no Estado do Pará. O monitoramento constante da fauna aquática e medidas de controle da água de lastro dos navios que passam pelo Porto de Barcarena podem ser alternativas viáveis para minimizar os danos ambientais.

 

Além disso, é essencial promover a conscientização entre pescadores e comunidades ribeirinhas sobre os riscos das espécies invasoras. A captura desse camarão deve ser acompanhada de estudos científicos para avaliar o impacto real na biodiversidade local e desenvolver soluções sustentáveis para mitigar seus efeitos negativos.

A presença do camarão azul gigante em Barcarena é um alerta para os desafios enfrentados pelo meio ambiente devido à globalização e às atividades econômicas. Sem medidas eficazes de controle, o fenômeno pode se tornar mais um exemplo de como a introdução inadvertida de espécies exóticas pode colocar em risco ecossistemas inteiros, trazendo prejuízos irreversíveis para a fauna e flora brasileiras.


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