Centro de cooperação internacional na Amazônia inaugura nova era no combate ao crime organizado


Manaus se tornou palco de um movimento histórico para a segurança pública na Amazônia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou, nesta terça-feira (9), o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI-Amazônia), uma estrutura concebida para fortalecer a integração entre os nove estados da Amazônia Legal e nove países da América do Sul.

Lula inaugura o CCPI-Amazônia em Manaus - Foto: Ricardo Stuckert/PR

A iniciativa nasce com a missão de enfrentar crimes transnacionais que ameaçam tanto a floresta quanto a soberania nacional: tráfico de drogas, contrabando, garimpo ilegal, crimes ambientais e lavagem de dinheiro. A proposta é simples na forma, mas ambiciosa nos efeitos: permitir que forças de segurança troquem informações em tempo real, articulem investigações conjuntas e coordenem operações de alcance regional.

Segurança em rede na maior floresta do planeta

O CCPI não é apenas mais um prédio administrativo. É, antes de tudo, um símbolo de como os estados amazônicos e seus vizinhos sul-americanos podem agir em rede para enfrentar desafios comuns. A região abriga uma das fronteiras mais complexas do mundo, onde rios, florestas densas e comunidades isoladas se tornam rotas estratégicas para o crime organizado.

Ao reunir representantes de governos estaduais e delegações internacionais, o centro materializa um modelo de segurança pública baseado em cooperação e inteligência. É uma resposta prática à constatação de que nenhum país, por mais poderoso que seja, consegue enfrentar sozinho as dinâmicas ilícitas que atravessam fronteiras sem pedir permissão.

Durante a cerimônia, Lula destacou que o centro simboliza a capacidade do Brasil e de seus parceiros regionais de encontrar suas próprias soluções. O presidente foi direto ao criticar movimentações militares recentes dos Estados Unidos próximos à Venezuela, classificando-as como desnecessárias. “Não precisamos de intervenções estrangeiras, nem de ameaças à nossa soberania. Este centro é a materialização da ação integrada e da cooperação”, afirmou.

O discurso carrega um peso político. Ao mesmo tempo em que o Brasil reafirma seu compromisso com a preservação da Amazônia, também marca posição contra qualquer tentativa externa de tutelar o destino da floresta. A inauguração do CCPI reforça a mensagem de que a defesa da Amazônia passa pelo fortalecimento da presença do Estado brasileiro em seu território.

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Plano Amazônia: Segurança e Soberania

O novo centro integra o Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), lançado em 2023 pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O programa busca consolidar políticas de segurança para a região, equilibrando a proteção ambiental com a repressão ao crime.

A viabilização do projeto contou com recursos do Fundo Amazônia, operado pelo BNDES em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Essa articulação entre segurança, meio ambiente e desenvolvimento financeiro é um diferencial estratégico. Ao mesmo tempo em que combate ilícitos, o Brasil mostra ao mundo que sabe conciliar preservação e soberania com desenvolvimento sustentável.

Integração como política de Estado

Na cerimônia, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou o CCPI como a consolidação de uma nova política de segurança pública, baseada em inteligência e cooperação. Para ele, o centro é um exemplo de como o país pode fortalecer sua soberania sem abrir mão da integração internacional.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou a importância do espaço como instrumento de defesa ambiental. Segundo ela, crimes como o garimpo ilegal ou o desmatamento não podem mais ser tratados como problemas isolados, mas sim como parte de uma rede criminosa global que afeta a floresta e o clima do planeta.

A inauguração do CCPI em Manaus pode ser vista como um divisor de águas. Ao mesmo tempo em que fortalece a presença do Estado brasileiro na Amazônia, abre caminho para um novo padrão de cooperação internacional. É um gesto político, diplomático e estratégico que reconhece a complexidade da região: preservar a floresta, garantir o desenvolvimento das populações locais e enfrentar organizações criminosas que ameaçam a soberania de toda a América do Sul.

Em um cenário global de crescente pressão sobre a Amazônia, o centro representa um recado claro: o futuro da floresta será decidido por quem vive nela e a defende, não por interesses externos.