Às vésperas da trigésima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que acontece em Belém em novembro, cresce a expectativa sobre o papel que a Amazônia terá como cenário e protagonista das negociações internacionais. Durante quase duas semanas, líderes mundiais, cientistas e representantes da sociedade civil se reunirão no coração da maior floresta tropical do planeta para discutir emissões, preservação, transição energética e justiça climática. O simbolismo é poderoso. Pela primeira vez, uma conferência do clima será realizada na Amazônia, território que concentra tanto a maior riqueza de biodiversidade quanto pressões crescentes de desmatamento, urbanização e exploração econômica. A mensagem que o Brasil pretende transmitir é clara: não há futuro climático possível sem a proteção da floresta. Essa trajetória, no entanto, tem raízes de longa data. Desde o Protocolo de Quioto, assinado em 1997 e colocado em vigor em 2005, o mundo passou a estabelecer compromissos mais rigorosos para conter o aquecimento global. Foi ali que nasceram mecanismos de monitoramento e o mercado de créditos de carbono, permitindo que países que reduziram emissões negociassem resultados com nações ainda altamente poluentes.

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Em 2015, o Acordo de Paris substituiu Quioto e ampliou o compromisso coletivo: manter o aumento da temperatura média mundial abaixo dos 2 graus em relação aos níveis pré-industriais, com esforços para limitar a 1,5 grau. Até hoje, 194 países aderiram ao pacto, que estabeleceu metas nacionais e abriu espaço para maior participação de países em desenvolvimento. Agora, na COP30, a expectativa é de revisão e fortalecimento dessas metas. Entre os temas centrais estão a descarbonização da economia, o financiamento climático para países do Sul Global, o incentivo a energias renováveis e a proteção efetiva de florestas. O desafio não é apenas reafirmar compromissos já assumidos, mas criar mecanismos que garantam cumprimento e transparência. Para o ambientalista Alexandre Prado, do WWF-Brasil, a escolha de Belém como sede é também um chamado à coerência. A região amazônica, ao mesmo tempo joia ambiental e território vulnerável, carrega contradições que ecoam em escala planetária. A conferência colocará em evidência tanto os avanços da legislação brasileira quanto as lacunas na fiscalização e na implementação de políticas públicas. De 10 a 21 de novembro, todos os olhos estarão voltados para o norte do Brasil. Belém, que já foi porta de entrada da borracha e do cacau, agora se prepara para ser vitrine de um debate ainda mais decisivo: como conciliar desenvolvimento, justiça social e preservação em um mundo que se aquece rápido demais.






































