COP30 impulsiona economia paraense e injeta R$ 4,4 bilhões em novembro, aponta Sefa


O mês de novembro trouxe ao Pará um movimento econômico incomum, marcado por lojas cheias, hotéis lotados, fluxo aéreo intenso e uma cidade operando em ritmo ampliado. O balanço preliminar da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) revela que a realização da COP30, em Belém, não apenas consolidou o estado como protagonista das discussões climáticas internacionais, mas também gerou impactos econômicos imediatos — e expressivos.

Foto: Bruno Cruz / Ag. Pará

Entre 1º e 24 de novembro, foram registradas 42 milhões de Notas Fiscais de Consumidor Eletrônicas (NFC-e), somando R$ 4,4 bilhões em operações comerciais. O número supera em 7 por cento o desempenho do mesmo período de 2024. A análise, elaborada pela Diretoria de Arrecadação e Informações Fazendárias (Daif), aponta que a conferência global funcionou como um catalisador do consumo, ativando setores que vão muito além do turismo tradicional.

A hotelaria foi um desses setores. Enquanto Belém recebia delegações internacionais, especialistas, representantes governamentais e povos originários, o segmento de alojamento registrou um salto de 58,5 por cento em relação ao ano anterior. Hotéis e motéis emitiram R$ 4,5 milhões em NFC-e — um crescimento que traduz a pressão inédita sobre a infraestrutura de hospedagem da capital.

Para o secretário da Fazenda, René Sousa Júnior, a força econômica da COP30 se refletiu não apenas no faturamento, mas também na reorganização urbana e logística da cidade. Ele destaca que o governo estadual, em parceria com o Governo Federal, precisou ampliar leitos, qualificar serviços e reforçar equipamentos urbanos — incluindo a expansão do aeroporto, reorganização do transporte público e melhorias viárias. Segundo ele, esse esforço estrutural “deixou um legado que agora está incorporado ao cotidiano da população”.

O fluxo aéreo registrado pela administração do Aeroporto Internacional de Belém reforça a dimensão desse movimento. Entre 1º e 23 de novembro, foram realizados 3.122 voos comerciais, transportando aproximadamente 508 mil passageiros — 52 por cento a mais que em 2024. Trata-se de um indicador direto da internacionalização momentânea da cidade durante o evento.

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Foto: Bruno Cruz / Ag. Pará

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O governo também recorreu a ferramentas de big data para acompanhar, em tempo real, o efeito econômico da conferência. A análise cruzou as NFC-e com os Bilhetes de Passagem Eletrônicos (BP-e), permitindo mensurar com maior precisão como os visitantes circularam e consumiram no estado. Essa metodologia, segundo a Sefa, oferece um retrato mais fiel do comportamento econômico do período.

No total, 66 mil pessoas foram credenciadas somente na Zona Azul, área destinada às negociações oficiais da COP30 — número que não contabiliza o grande público da Green Zone, espaço aberto e de convivência.

Os impactos também se distribuíram com força pelos diferentes setores produtivos. O comércio varejista, por exemplo, alcançou R$ 3,9 bilhões em vendas no período analisado. O comércio atacadista, desconsiderando veículos e motocicletas, cresceu 9,1 por cento, enquanto bares, restaurantes e estabelecimentos de alimentação registraram expansão de 29,3 por cento — um reflexo direto da intensa circulação de visitantes e do prolongamento das atividades pela cidade.

Dois setores chamaram especial atenção pela magnitude do salto:

• Alojamento: de R$ 2,8 milhões para R$ 4,5 milhões.
• Fabricação de produtos de metal: de R$ 891 mil para R$ 4,1 milhões.

Este último setor teve papel crucial na montagem de estruturas temporárias, palcos, estandes e peças metálicas utilizadas em diferentes áreas da conferência — um exemplo de como eventos desse porte ativam cadeias produtivas que, em cenários tradicionais, passam despercebidas no debate público.

Para o governo estadual, a COP30 não apenas acelerou a economia local, mas demonstrou a capacidade do Pará de sediar e entregar grandes eventos internacionais. Obras como o Porto Futuro II e o Parque da Cidade, inauguradas para receber a conferência, já se incorporam à paisagem de Belém e ampliam os espaços de convivência, cultura e circulação turística.

A conferência terminou, mas seus efeitos continuam. E os números preliminares da Sefa indicam que novembro de 2025 ficará marcado como o mês em que a economia paraense respirou em um ritmo raro — e que mostrou, para o Brasil e para o mundo, o potencial econômico que emerge quando a agenda climática se encontra com uma gestão pública estruturada.