Mutirão Global: COP 30 lança plataforma para mobilizar ação climática coletiva


A presidência brasileira da COP30 apresentou, em 18 de setembro, a plataforma Mutirão Global, um espaço digital criado para conectar iniciativas locais e internacionais de enfrentamento à crise climática. A proposta não é apenas tecnológica: trata-se de um convite para transformar o esforço global em um movimento acessível, enraizado nas práticas cotidianas das pessoas e comunidades.

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Inspirada no conceito tupi-guarani de “mutirão”, esforço coletivo, autogestionado e voltado à solidariedade em momentos de necessidade, a plataforma busca traduzir a ambição climática em ações concretas, praticáveis em qualquer território. A essência do Mutirão Global está em mostrar que, embora a mudança climática seja um desafio de proporções universais, as soluções mais eficazes podem nascer de mobilizações locais, quando apoiadas e conectadas em rede.

O lançamento ocorre em um momento estratégico. O primeiro Balanço Global (Global Stocktake) do Acordo de Paris apontou que as metas atuais ainda estão distantes do necessário para limitar o aquecimento global. Nesse cenário, o Mutirão Global surge como um mecanismo impulsionado pelas próprias pessoas, comunidades, governos e organizações.

Um espaço de convergência

Para o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, a plataforma é um chamado para transformar discurso em prática. “O Mutirão Global é um chamado a todos, não apenas para falar sobre mudança, mas para ser a mudança”, destacou. Segundo ele, milhões de pessoas já atuam em defesa de suas comunidades e ecossistemas, mas muitas vezes de forma invisível. A nova ferramenta dá visibilidade a essas iniciativas e cria condições para que sejam fortalecidas e replicadas.

A visão é compartilhada por Ana Toni, CEO da COP 30. Para ela, a adaptação climática começa nos territórios que já enfrentam os efeitos das mudanças. “Quando ações locais são apoiadas, vistas e conectadas, elas produzem efeitos em cadeia que influenciam sistemas, políticas e resultados”, explicou. A expectativa é que a COP 30 funcione como catalisador de uma nova era de ação climática inclusiva, prática e enraizada na vida cotidiana.

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Programa Jovem Campeão Climático/Divulgação

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Alinhamento com a Agenda de Ações da COP 30

A plataforma organiza as iniciativas em torno dos seis eixos da Agenda de Ações da COP 30, que incluem energia limpa, cidades resilientes, soluções baseadas na natureza, transição justa, segurança alimentar e financiamento climático. Isso permite que cidadãos e organizações alinhem suas contribuições diretamente ao processo oficial da ONU, ampliando o alcance e a legitimidade das práticas.

O Mutirão Global convida qualquer pessoa a participar, seja em grandes capitais ou em vilarejos costeiros. As ações podem variar de mutirões comunitários de limpeza a campanhas de redução de emissões em nível municipal. Todas as iniciativas têm espaço, e todas as vozes são consideradas relevantes.

Mobilizações inaugurais

Para marcar o lançamento, duas grandes mobilizações internacionais estão programadas.

20 de setembro – Dia Mundial da Limpeza
Organizações da sociedade civil, comunidades e autoridades locais, no Brasil e em outros países, promoverão mutirões de limpeza de praias, rios, parques e manguezais. Além de recolher resíduos, a ação pretende conscientizar sobre o vínculo entre lixo, poluição plástica e emissões de gases como metano e CO₂. Também busca reforçar a necessidade da economia circular e do consumo sustentável.

22 de setembro – Dia Mundial Sem Carro
Cidades brasileiras e estrangeiras terão ruas ocupadas por ciclistas, pedestres e usuários de transporte público. A mobilização questiona o modelo de mobilidade centrado no automóvel, que é fonte significativa de emissões e desigualdades urbanas. A mensagem é clara: cidades de baixo carbono são mais saudáveis, seguras e inclusivas.

Essas ações inaugurais refletem o espírito do #MutiraoCOP30: soluções climáticas descentralizadas, já em andamento, mas agora conectadas a uma rede global.

O Mutirão Global mostra que o trajeto até Belém, sede da COP 30, não se limita às negociações diplomáticas. Ele passa por cada bairro, cada escola e cada parque onde cidadãos se mobilizam. Ao dar visibilidade a essas práticas, a iniciativa amplia a percepção de que enfrentar a crise climática não é apenas responsabilidade de governos, mas também uma tarefa coletiva, cotidiana e urgente.