Pequenos agricultores de várias regiões do Brasil ganharam um reforço importante para enfrentar as oscilações do mercado. O governo ampliou neste mês de setembro a lista de produtos contemplados com bônus de desconto no pagamento de parcelas de crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ao todo, foram incluídas 20 novas culturas em diferentes estados, abrindo espaço para que mais famílias tenham acesso ao benefício.

Entre os produtos que passaram a integrar a lista estão alimentos de grande presença na mesa dos brasileiros, como açaí, banana, laranja, feijão e mandioca, além de itens estratégicos como alho, cebola, trigo e cana-de-açúcar. Produtores de múltiplas culturas em dez estados também foram contemplados, incluindo agricultores que trabalham com leite, milho e raízes tradicionais como o cará (inhame).
Essa medida faz parte do Programa de Garantia de Preço para a Agricultura Familiar (PGPAF), criado para proteger agricultores familiares contra quedas de preço no mercado. Quando os valores pagos pelos produtos caem abaixo do preço mínimo de garantia estabelecido, o programa compensa a diferença por meio de descontos aplicados diretamente nas parcelas ou na liquidação das operações de crédito rural contratadas pelo Pronaf.
Como funciona o desconto
Os percentuais são definidos mensalmente e variam de acordo com a oscilação entre o valor de mercado e o preço de garantia. O cálculo é feito com base nos preços médios de agosto, levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e validados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
Na prática, isso significa que o agricultor pode pagar menos no financiamento rural, em proporção ao impacto que sentiu com a queda do preço de seu produto. É uma forma de evitar que perdas de mercado inviabilizem a produção ou prejudiquem a renda das famílias.
Este mês, por exemplo, os agricultores de cará no Paraná terão o maior bônus: desconto de 59,52%. Já os produtores de cana-de-açúcar da Bahia ficam com o menor índice, 0,47%. Apesar das diferenças, o objetivo é o mesmo: dar suporte ao produtor diante da instabilidade econômica.

Quem entra e quem sai da lista
Assim como alguns produtos entraram no benefício, outros deixaram de ser contemplados neste ciclo. Saíram da lista a batata-doce, o arroz no Tocantins, a banana em Tocantins, Santa Catarina e Goiás, a cana-de-açúcar no Maranhão e o mel de abelha no Piauí e no Rio Grande do Sul.
Essas mudanças refletem a lógica do PGPAF, que atualiza mensalmente a lista de acordo com o comportamento dos preços no mercado, garantindo que o bônus chegue a quem realmente precisa em cada momento.
A agricultura familiar responde por boa parte da produção de alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. O segmento garante diversidade de culturas, movimenta economias locais e é uma das bases da segurança alimentar no país. Programas como o Pronaf e o PGPAF buscam reduzir as vulnerabilidades dessa atividade, que está exposta tanto a riscos climáticos quanto a oscilações de mercado.
Ao oferecer descontos em crédito, o governo cria um mecanismo de respiro financeiro para os agricultores. Isso ajuda não apenas a preservar a renda das famílias, mas também a manter a oferta de alimentos acessíveis à população.
Especialistas apontam que políticas como essa ganham ainda mais relevância em um contexto de mudanças climáticas, quando a produção rural se torna mais suscetível a perdas. A combinação de crédito acessível, proteção de preços e incentivo a boas práticas agrícolas fortalece a resiliência da agricultura familiar, permitindo que o setor continue desempenhando seu papel central na economia e na vida cotidiana do país.
A lista atualizada de produtos com bônus de desconto vale entre 10 de setembro e 9 de outubro de 2025 e pode ser consultada no Diário Oficial da União.











































