10 municípios concentram a maior parte do desmatamento na Amazônia; veja quais


Uma nova análise de dados ambientais revela um padrão preocupante na Amazônia Legal, onde a destruição da floresta está concentrada em poucas áreas. Um relatório recente do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, o Imazon, mostra que apenas dez dos 772 municípios da região foram responsáveis por quase 30% de todo o desmatamento registrado nos últimos 12 meses.

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O estudo aponta um fenômeno que exige atenção redobrada das autoridades, pois indica que ações focadas e direcionadas podem ter um impacto significativo na redução da derrubada da floresta. O desmatamento, ao contrário do que se imagina, não é um problema pulverizado, mas sim um desafio localizado que, se não for combatido, ameaça o equilíbrio de todo o bioma.

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Foto: divulgação

A pesquisa do Imazon identificou os municípios de Apuí e Lábrea, ambos localizados no sul do estado do Amazonas, como os líderes em desmatamento. Juntos, esses dois municípios perderam uma área de floresta nativa equivalente a quase 30 mil campos de futebol, um número impressionante que evidencia a escala da devastação. Essa concentração de desmate no sul do Amazonas acende um sinal de alerta, pois a região está se consolidando como uma nova fronteira do desmatamento, movendo o chamado “arco do desmatamento” mais para o oeste da Amazônia.

Outros municípios que figuram na lista de maiores desmatadores são Colniza, Marcelândia e União do Sul, no Mato Grosso; Uruará, Portel, Itaituba e Pacajá, no Pará; e Feijó, no Acre, todos localizados em áreas que historicamente sofrem com a pressão por avanço de atividades predatórias.

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Causas e tendências da destruição

O estudo do Imazon também trouxe à tona uma comparação preocupante: o desmatamento nas áreas mais críticas registrou um aumento em relação ao mesmo período do ano anterior. De acordo com a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim, “em relação ao registrado entre agosto de 2022 e julho de 2023, o calendário passado representou uma redução de 46% no desmatamento.

Porém, agora tivemos esse leve aumento, o que alerta para a urgência em combater a derrubada nessas áreas mais pressionadas”. A declaração ressalta a importância da vigilância contínua para evitar que as reduções pontuais se percam em tendências de crescimento.

A razão para o aumento do desmatamento é multifatorial, com a pesquisa apontando as grandes áreas afetadas por queimadas nos meses de setembro e outubro de 2024 como o principal fator. As queimadas estão intimamente ligadas à degradação florestal, um processo que enfraquece a resiliência da floresta, deixando-a mais vulnerável ao desmatamento e a outros impactos.

A degradação, por si só, já é um fator de preocupação, pois aumenta a emissão de carbono na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. A combinação de desmatamento, queimadas e degradação cria um ciclo vicioso de destruição que pode levar a um ponto de não retorno para a Amazônia.

O alerta do Imazon é claro: as autoridades precisam olhar com mais atenção para o crescimento do desmatamento nessas áreas de maior pressão. O combate à destruição da Amazônia não pode ser uma ação genérica; ele precisa ser estratégico e focado onde o impacto é maior.