Uma pesquisa recente publicada na revista “Nature” trouxe à tona um alerta preocupante: a Floresta Amazônica, em um cenário marcado pelo aumento das temperaturas, secas extremas e incêndios cada vez mais frequentes, pode enfrentar um colapso irreversível até o ano de 2050. Os cientistas por trás do estudo, liderados por pesquisadores brasileiros, indicam que até 47% da Amazônia poderiam atingir um ponto crítico sem chance de recuperação.
O estudo, que combina modelos teóricos, dados empíricos e observações de satélite, aponta que fatores como o desmatamento, o aquecimento global e as mudanças na sazonalidade das chuvas estão desestabilizando a floresta tropical em uma escala sem precedentes. Bernardo Flores, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destaca que mesmo uma perturbação de apenas 10% da floresta existente poderia ter consequências devastadoras, especialmente considerando que já houve uma perda de 15% da vegetação nativa.
A importância da Amazônia vai muito além de sua riqueza em biodiversidade. A floresta desempenha um papel crucial no ciclo hidrológico, influenciando a oferta de água não só na região amazônica, mas em todo o território brasileiro. Com a diminuição da cobertura vegetal, a capacidade da floresta de produzir chuva é comprometida, resultando em um ciclo vicioso de seca e desmatamento.
O estudo identifica áreas críticas, como o norte do Mato Grosso e Rondônia, onde a probabilidade de alcançar o ponto de não retorno é mais elevada. Natália Nascimento, pesquisadora ligada ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), destaca a urgência de proteger essas regiões, especialmente diante do aumento do desmatamento no “arco do desmatamento”.
Carlos Nobre, que há décadas estuda os riscos associados ao desmatamento na Amazônia, reforça a gravidade da situação. Ele alerta que o aquecimento global, combinado com o desmatamento em larga escala, está levando a floresta a um ponto de inflexão irreversível.
Além do impacto ambiental, o colapso da Amazônia teria repercussões socioeconômicas significativas para as comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas que dependem da floresta para sua subsistência.
Diante desse cenário, é essencial agir rapidamente para evitar o colapso iminente da Amazônia. Restaurar áreas desmatadas, implementar políticas de conservação mais rigorosas e reduzir as emissões de carbono são medidas urgentes para proteger esse importante patrimônio natural e garantir um futuro sustentável para a região e para o planeta como um todo.