A aviação é um dos setores mais pressionados a encontrar soluções para reduzir emissões de carbono e, ao mesmo tempo, manter sua eficiência operacional. Nesse contexto, a Azul Linhas Aéreas tem se destacado ao adotar, de forma pioneira no Brasil, o sistema OptiClimb, desenvolvido pela SITA, empresa global de tecnologia para o setor aéreo.

A ferramenta completou um ano e meio de uso em agosto, transformando decolagens em operações mais econômicas e ambientalmente responsáveis. O princípio do sistema é simples, mas seus impactos são expressivos: antes do voo, os pilotos inserem dados como peso da aeronave, rota e condições meteorológicas. Com base nessas informações, o software calcula o perfil de subida mais eficiente para cada situação, reduzindo o consumo de combustível justamente na fase em que ele costuma ser mais intenso.
Na prática, a tecnologia tem gerado resultados distintos de acordo com o modelo de aeronave. Nos jatos Embraer, a economia média é de 36 quilos de querosene de aviação por decolagem. Já nos Airbus A320, o ganho chega a 77 quilos. Ao se considerar a malha completa da companhia, a economia ultrapassa milhares de litros de combustível todos os meses, com reflexo direto na redução de emissões de dióxido de carbono.
De acordo com a Azul, o OptiClimb já evitou, em um ano e meio, a emissão de 28 milhões de toneladas de CO₂. Para se ter uma dimensão, esse volume de gases equivaleria a ocupar cerca de 15,3 bilhões de metros cúbicos de ar – o suficiente para encher mais de 6,1 mil piscinas olímpicas. É uma estatística que transforma dados técnicos em uma visão concreta do benefício ambiental.
Eficiência que soma economia e consciência
A inovação não é apenas uma ferramenta de sustentabilidade, mas também um ativo de eficiência operacional. A aviação comercial lida com margens de lucro estreitas, e a economia de combustível é um fator crucial para manter competitividade. O vice-presidente de Operações da Azul, Daniel Tkacz, ressalta que iniciativas como essa reforçam a ideia de que eficiência e consciência ambiental caminham juntas: “É uma tecnologia que nos ajuda a voar de forma mais consciente, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.”
O ganho se traduz em redução de custos, mas também em reforço à reputação da empresa junto a clientes e investidores, cada vez mais atentos ao compromisso de grandes companhias com práticas ESG (ambientais, sociais e de governança).

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A adoção do OptiClimb também reflete a parceria entre a Azul e a SITA, que fornece soluções tecnológicas para companhias aéreas e aeroportos em mais de 200 países. Para a SITA, o caso brasileiro é um exemplo concreto de como inovação pode transformar não apenas o setor aéreo, mas também contribuir para os compromissos globais de combate à crise climática.
Shawn Gregor, presidente da SITA nas Américas, destacou que o sucesso da implementação reforça a visão da empresa: “Essa conquista demonstra como a tecnologia pode transformar a aviação de maneira sustentável e eficiente. O compromisso da SITA é apoiar o setor na busca por operações mais inteligentes, fluidas e com menor impacto ambiental.”
O futuro da aviação sustentável
Embora soluções como o OptiClimb não sejam a resposta definitiva para o desafio da descarbonização da aviação, representam passos importantes na jornada. Combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), eletrificação de aeronaves e novas tecnologias de propulsão ainda estão em desenvolvimento ou possuem custos proibitivos. Enquanto isso, ferramentas que otimizam processos já existentes mostram-se como aliados imediatos.
Ao ampliar a eficiência de cada voo, a Azul se posiciona não apenas como operadora de transporte aéreo, mas como agente ativo na transformação da indústria. A lógica é clara: se cada decolagem for um pouco mais sustentável, o impacto somado em escala global pode ser enorme.
O desafio para o setor aéreo continuará sendo equilibrar inovação, custos e urgência climática. A Azul mostra que esse equilíbrio é possível e que investir em tecnologia pode ser uma das formas mais rápidas de reduzir a pegada ambiental, sem comprometer a competitividade.


































