A preservação da biodiversidade na Amazônia

Autor: Redação Revista Amazônia

A floresta amazônica é um dos ecossistemas com maior biodiversidade da Terra, abrigando uma impressionante variedade de espécies vegetais e animais. Abrangendo nove países, a Amazônia desempenha um papel crucial na regulação do clima global, armazenando carbono e sustentando a subsistência de milhões de pessoas. Entre esses países, o Brasil se destaca como o maior detentor da biodiversidade amazônica, com aproximadamente 60% da floresta tropical contida em suas fronteiras. A região amazônica do país abriga uma variedade incomparável de vida, desde a imponente onça-pintada e o esquivo boto-do-rio-amazonas até inúmeras espécies de pássaros, insetos e plantas. Suas densas florestas e sistemas fluviais criam uma teia de vida única e interconectada, essencial para a manutenção do equilíbrio ecológico de toda a região. A biodiversidade do Brasil não é apenas crucial para a saúde ambiental global, mas também para a sobrevivência cultural de suas comunidades indígenas e locais, que há muito dependem da floresta para sua sobrevivência e bem-estar.

O papel das comunidades indígenas e locais na proteção da Amazônia brasileira

Em esforços para preservar esse ecossistema inestimável, o Brasil desenvolveu iniciativas como o Floresta+, um programa nacional que incentiva a conservação e a restauração de florestas nativas por meio de pagamentos por serviços ambientais (PSA). Este programa busca aumentar a proteção florestal recompensando pequenos agricultores, povos indígenas e comunidades locais pela manutenção e restauração das florestas.

PROAmaz nia SEM LEGENDA

Maria Graciano Dimas da Silva é agricultora em Colônia Paraíso, Rio Branco, Acre, onde cultiva uma variedade de culturas, incluindo milho, feijão e frutas tropicais. “Planto de tudo um pouco”, diz ela com orgulho. Sua vida sofreu uma reviravolta trágica este ano, quando um incêndio destruiu sua casa e seus pertences. Apesar da perda, Maria não perdeu as esperanças. Ela conheceu o Projeto Floresta+ Amazônia e se qualificou para receber o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) pela preservação da vegetação nativa em sua terra.

Floresta+ Amazônia

“Eu não sabia, mas eles me explicaram tudo. Me inscrevi porque sempre cuidei da floresta aqui. Agora, vou reconstruir minha casa e continuar protegendo a floresta”, diz ela.

A história de Maria é uma entre muitas na Amazônia Legal, onde o Projeto Floresta+ Amazônia apoia pequenos proprietários rurais desde 2022 por meio de um sistema simples: quem conserva a floresta recebe apoio financeiro para continuar fazendo isso.

O programa faz parte dos esforços mais amplos do Brasil no âmbito da Estratégia Nacional de REDD+ (ENREDD+) para reduzir o desmatamento e promover o uso sustentável da terra, fatores cruciais para a proteção da imensa biodiversidade do país. Ao envolver as comunidades locais no manejo florestal e fornecer incentivos financeiros, o Floresta+ não apenas protege a biodiversidade, mas também fortalece a resiliência das florestas contra as pressões da exploração madeireira ilegal, da conversão de terras e das mudanças climáticas.

Amazônia equatoriana: pequeno território, imensa biodiversidade

Além do Brasil, outros países amazônicos também desempenham papéis vitais na preservação da rica biodiversidade da região. O Equador, embora abrigue uma porção menor da Amazônia, abriga uma das maiores diversidades de espécies por quilômetro quadrado do planeta. O Parque Nacional Yasuní, no Equador, um dos locais com maior biodiversidade do planeta, é um ponto crítico na Amazônia. Ele abriga uma vasta gama de espécies, incluindo a ariranha-gigante e o boto-cor-de-rosa, espécies ameaçadas de extinção, e abriga grupos indígenas que vivem em isolamento voluntário. O Equador tem atuado ativamente na conservação florestal por meio do programa Sócio Bosque, que trabalha para conservar as florestas e promover o uso sustentável da terra, compensando  os proprietários de terras pela manutenção da cobertura florestal.

Parque Nacional Yasun no Equador

O compromisso do Equador com o desenvolvimento sustentável é ainda apoiado pelo PROAmazônia e pelo Projeto de Pagamentos por Resultados de REDD+, uma iniciativa conjunta do Ministério do Meio Ambiente, Água e Transição Ecológica do Equador e do Ministério da Agricultura, com o apoio do PNUD.

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O programa visa reduzir o desmatamento, promover a produção sustentável e fortalecer a governança ambiental em toda a região amazônica e além.  Um elemento-chave da governança florestal inclusiva do Equador tem sido o apoio aos Planos de Vida (Planes de Vida) desenvolvidos por comunidades indígenas em territórios como Yamanunka, que articulam visões de longo prazo para a gestão territorial, preservação cultural e resiliência climática. Esses planos, conduzidos localmente, capacitam os povos indígenas a liderar esforços de conservação, protegendo seus direitos e conhecimentos ancestrais. Como explica a líder indígena Shuar, Irma Tsahuanda, dos territórios Yamanunka : “Como povo Shuar, é nossa responsabilidade cuidar da floresta, dos rios e da terra. Esses elementos naturais são essenciais para nossas vidas. Nos vemos como guardiões da floresta – zeladores do solo e da água que nos sustentam. Proteger o meio ambiente não é apenas um dever; é parte de quem somos.” O engajamento do país com o Programa ONU-REDD apoiou o desenvolvimento de sua estratégia nacional de REDD+, com foco no equilíbrio entre desenvolvimento e proteção ambiental.

Amazônia colombiana: integrando conservação, ação climática e apoio comunitário  

A Colômbia também abriga porções significativas da floresta amazônica e abriga diversas espécies, incluindo o raro urso-andino e o colorido papagaio-da-amazônia. A biodiversidade colombiana é rica e diversa, com ecossistemas que variam de densas florestas tropicais a cadeias de montanhas. Por meio da colaboração com o UN-REDD e outros parceiros internacionais, a Colômbia conseguiu integrar a conservação da biodiversidade ao planejamento do uso do solo, fortalecendo ainda mais seu compromisso com a proteção dos ecossistemas da Amazônia.

Raro urso andino nico da Am rica do Sul

A Colômbia está promovendo metas climáticas e de biodiversidade apoiando comunidades indígenas, afrodescendentes e camponesas, especialmente em regiões pós-conflito e propensas ao desmatamento, como Nariño, Caquetá, Putumayo e Guaviare – por meio de subsídios apoiados pelo PNUD no âmbito da iniciativa Climate Promise. Esses subsídios promovem soluções baseadas na natureza, conhecimento ancestral e uso sustentável da terra para promover ações climáticas inclusivas e lideradas pela comunidade.

Climate Promise SEM LEGENDA

Como explica Monica Aza, do Viveiro da Associação Sinchimaki Asosinchi em Nariño: “As comunidades indígenas devem ser vistas principalmente como zeladoras da vida, não apenas rotuladas como líderes ambientais. Seu papel está profundamente ligado à proteção da natureza – tanto da flora quanto da fauna –, o que é crucial para enfrentar as mudanças climáticas”.

Protegendo a Floresta Amazônica do Peru por meio da liderança indígena

O Peru é outro ator fundamental na conservação da biodiversidade amazônica, com vastas extensões de floresta tropical que abrigam espécies icônicas e endêmicas, como o urso-de-óculos, o boto-do-rio-amazônia e as rãs-flecha-venenosas. A bacia amazônica peruana está entre as regiões com maior biodiversidade do planeta.

Na bacia amaz nica peruana 1

Um pilar fundamental da estratégia de proteção florestal do país tem sido o envolvimento ativo dos povos indígenas e das comunidades locais. Por meio de sua abrangente estrutura de REDD+, o Peru integrou o conhecimento e a governança indígenas ao manejo florestal, garantindo tanto a conservação quanto o respeito aos direitos indígenas. Um parceiro fundamental nesse esforço é a REDD+ Indígena Amazónica (RIA), uma rede de organizações indígenas que atua na Amazônia peruana para fortalecer a governança territorial, defender terras ancestrais e apoiar a resiliência climática.

REDD Ind gena Amaz nica RIA SEM LEGENDA

Com o apoio da ONU-REDD, a RIA ajudou a ampliar a liderança indígena na formulação de políticas ambientais, a aprimorar a capacidade de monitoramento florestal e a garantir que a implementação de REDD+ esteja alinhada às prioridades das comunidades mais intimamente ligadas à floresta. Como explica Fermín Chimatani Tayori, líder indígena Amarakaeri e presidente da Associação Nacional de Líderes de Reservas Comunitárias do Peru (ANECAP): “Ao trabalhar em conjunto com o governo no projeto, iniciamos um diálogo que nos levou a coadministrar o território em pé de igualdade com o governo. A estrutura de governo Amarakaeri agora é um governo regional dentro do Peru.” Esses esforços não estão apenas conservando a biodiversidade, mas também reforçando a autodeterminação indígena e a ação climática desde a base.

Um esforço unificado para garantir o futuro da biodiversidade da Amazônia Ferm n Chimatani Tayori l der ind gena Amarakaeri e presidente da ANECAP

Juntos, Brasil, Equador, Colômbia e Peru trabalham para proteger a biodiversidade única da Amazônia. Por meio de programas nacionais, cooperação regional e apoio de iniciativas como a ONU-REDD, esses países promovem soluções integradas que equilibram conservação, desenvolvimento sustentável e os direitos das comunidades indígenas. Ao dar continuidade a esses esforços, a floresta amazônica pode permanecer uma fonte vital de biodiversidade e estabilidade ecológica para as próximas gerações.

 


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