A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) está selecionando projetos para investir R$ 170 milhões, doados pelo governo alemão, em iniciativas que fomentem a bioeconomia, combatam o desmatamento e fortaleçam a governança ambiental na região amazônica. Um dos negócios apoiados é o da empreendedora Izete Costa, mais conhecida como Dona Nena, da Ilha do Combu, próxima a Belém. Famosa por seus chocolates artesanais produzidos com cacau orgânico da floresta, ela agora busca expandir suas experiências turísticas com o apoio da FAS, visando atender ao aumento de visitantes durante a COP30, que acontecerá na cidade no próximo ano.
O superintendente de inovação e desenvolvimento institucional da FAS, Victor Salviati, destacou que o objetivo é preparar o negócio de Dona Nena para o fluxo de turistas que Belém receberá durante a conferência do clima da ONU. “Estamos trabalhando para ampliar as atividades turísticas na Ilha do Combu, criando uma estrutura para o crescimento da demanda”, afirmou. A marca Filha do Combu já é reconhecida e fornece cacau para grandes chefs de cozinha, como Thiago Castanho.
A doação de R$ 170 milhões, que será gerida integralmente pela FAS, será desembolsada pelo Banco de Desenvolvimento alemão KfW ao longo de três anos. Serão apoiadas cerca de 300 iniciativas, distribuídas entre os Estados do Amazonas e do Pará. O recurso será utilizado em ações ambientais locais, com ênfase no fortalecimento de negócios sustentáveis voltados à bioeconomia e no combate ao desmatamento.
Foco na bioeconomia e na preservação ambiental
No Amazonas, parte do financiamento será direcionada para iniciativas extrativistas, como a produção de açaí, pesca do pirarucu e extração de óleos vegetais. Já no Pará, as ações estarão alinhadas ao fortalecimento de projetos que visem aumentar a visibilidade da região durante a COP30.
A FAS, com 16 anos de atuação e experiência em mais de 800 comunidades indígenas, caboclas e ribeirinhas da Amazônia, será a responsável por coordenar a implementação desses projetos. “Finalizamos recentemente o desenvolvimento de projetos técnicos com os dois Estados, que irão contribuir para reduzir o desmatamento, promover a bioeconomia e fortalecer a governança ambiental”, explicou Salviati.
Entre os exemplos de atuação da FAS, está o modelo de manejo sustentável aplicado no Amazonas, onde a fundação trabalha na cadeia de beneficiamento do pirarucu, aproveitando todas as partes do peixe. A organização também apoia a capacitação de servidores públicos para utilizar tecnologias de monitoramento do desmatamento, contribuindo para a preservação da floresta.
Projetos de apoio à inclusão e sustentabilidade
Uma exigência do Banco KfW é que ao menos metade dos recursos seja destinada a iniciativas que beneficiem diretamente comunidades atendidas pela FAS, com prioridade para projetos que envolvam mulheres e jovens. Isso reforça o compromisso da fundação com a inclusão social e a sustentabilidade na região amazônica.
A primeira parcela da doação deve ser liberada ainda neste mês, e a expectativa é que o investimento traga impactos positivos para o desenvolvimento sustentável da região, incentivando o uso responsável dos recursos naturais e fortalecendo as cadeias produtivas ligadas à bioeconomia.