Movimentos sociais e comunidades ganham voz no G20 em Belém

Autor: Redação Revista Amazônia

Em uma iniciativa histórica, representantes de movimentos sociais, povos originários e comunidades remanescentes participaram ativamente da mesa de debates “Equidade em Ação: Acelerando Abordagens Inclusivas para Reduzir o Risco de Desastres”, no encontro do Grupo de Trabalho do G20, realizado nesta quinta-feira em Belém, Pará.

O evento foi aberto pelo secretário Nacional de Periferias, Guilherme Simões, e contou com a presença do ministro das Cidades, Jader Filho, e do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, ambos coordenadores do grupo. Durante o encontro, temas como resiliência comunitária, políticas públicas de infraestrutura e organização comunitária foram discutidos com enfoque na participação ativa das comunidades.

Uma Voz para as Comunidades

Ao abrir o evento, Jader Filho destacou a importância de ouvir diretamente as vozes de quem enfrenta os riscos de desastres no cotidiano. “Como paraense, sinto-me honrado por sediar esse encontro. O que estamos fazendo aqui é um marco histórico: estamos ouvindo aqueles que vivem essa realidade e são atingidos primeiramente”, afirmou o ministro. Ele reforçou que a inclusão desses grupos nos diálogos é fundamental para uma política pública eficiente.

O G20 em Belém coloca movimentos sociais e comunidades no centro das atenções, reconhecendo suas contribuições para um mundo mais justo.O G20, fórum de cooperação econômica que reúne as 20 maiores economias do mundo, acolheu no Brasil um debate essencial para o fortalecimento da resiliência comunitária e a redução de desastres naturais, especialmente em áreas vulneráveis.

Reivindicações dos Movimentos Sociais

Guilherme Simões, secretário Nacional de Periferias, recebeu uma carta de reivindicações em nome dos movimentos sociais, lida por Igina Mota, representante do Mocambo – Movimento Afrodescendente do Pará. O documento destacou a urgência de políticas públicas que integrem os conhecimentos e necessidades das comunidades afetadas. “Sem o envolvimento de quem vive e sente na pele as consequências, não conseguiremos avançar”, frisou Simões.

Entre as demandas, estão a criação de políticas de prevenção a desastres e investimentos em infraestrutura, como contenção de encostas e drenagem, que possam minimizar os impactos das mudanças climáticas nas periferias urbanas e em regiões de alto risco.

Iniciativas Apresentadas no Painel Interativo

A programação do G20 contou com o Painel Interativo, que reuniu representantes de diferentes países para compartilhar experiências e práticas em gestão de desastres e resiliência. A apresentação incluiu o Plano Municipal de Redução de Risco de Belém, que visa proteger a população local contra enchentes e deslizamentos de terra.

Outros projetos destacados no painel incluem:

  • Reino Unido: “Trabalhando Juntos para Adaptar um Clima em Mudança: Inundações e Costa”
  • Japão: “Assistência mútua e evacuação rápida em caso de inundações com um plano comunitário de gestão de desastres”

Essas iniciativas mostram que, embora os contextos sejam distintos, é possível adaptar soluções locais e integrar abordagens internacionais para minimizar os riscos e promover uma resposta eficaz aos desastres naturais.

Políticas Públicas para Resiliência nas Periferias

A Secretaria Nacional de Periferias, liderada por Guilherme Simões, trabalha para implementar práticas inclusivas e de impacto direto nas periferias. Entre os programas em andamento, destacam-se:

  • Organização Comunitária: Cozinhas solidárias e planos comunitários de redução de risco
  • Infraestrutura Resiliente: Contenção de encostas e urbanização de favelas
  • Soluções Baseadas na Natureza: Iniciativas para o fortalecimento da infraestrutura urbana com foco na sustentabilidade

O objetivo das ações é reduzir a vulnerabilidade das comunidades, fortalecendo a capacidade de resposta a desastres e garantindo condições dignas para os moradores.

Investimentos em Infraestrutura e Prevenção

Através do Ministério das Cidades, o Brasil tem destinado recursos significativos para obras de contenção e drenagem em áreas de risco. Com o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), foram disponibilizados:

  • R$ 17 bilhões: para infraestrutura em áreas de risco
  • R$ 6,5 milhões: para contenção de encostas
  • R$ 360 milhões: para drenagem

Esses investimentos refletem o compromisso do governo em promover um desenvolvimento urbano seguro e inclusivo, fortalecendo as infraestruturas locais para suportar eventos climáticos extremos e melhorar a qualidade de vida das comunidades.

Um Novo Caminho para o G20: A Inclusão Social como Prioridade

O encontro em Belém marca um importante precedente para o G20, pois coloca as pautas sociais e a inclusão no centro das discussões sobre resiliência global. O envolvimento dos movimentos sociais e das comunidades locais nas discussões é um avanço significativo para que as políticas públicas estejam em sintonia com as necessidades reais da população.

Além de estabelecer um diálogo inclusivo, o evento ressaltou a importância da continuidade desse debate na próxima reunião do G20, que será realizada na África do Sul. O objetivo é expandir as discussões e aprofundar as ações propostas.

Impacto das Ações do G20 na Comunidade Local

Os projetos discutidos durante o encontro visam transformar as condições de vida de milhares de brasileiros que residem em áreas de risco. Através da implementação dos planos de prevenção e infraestrutura, espera-se uma significativa redução de desastres naturais e uma maior segurança para as comunidades afetadas. A inclusão de moradores no planejamento urbano também fortalece o senso de pertencimento e a eficácia das medidas de resiliência.

Segundo especialistas, a participação da comunidade em projetos de urbanização é essencial para o sucesso das políticas públicas. Isso contribui para que as ações sejam mais adaptadas à realidade local e promovam um desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo.

O Papel da Natureza na Resiliência Urbana

As Soluções Baseadas na Natureza foram apresentadas como uma abordagem estratégica para o desenvolvimento urbano sustentável. Este conceito envolve o uso de elementos naturais, como vegetação e recursos hídricos, para reduzir os impactos de desastres e promover a sustentabilidade ambiental. Em Belém, a implementação de áreas verdes em locais estratégicos ajuda a combater enchentes e melhora a qualidade do ar.

Essas soluções naturais têm se mostrado eficientes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, além de contribuírem para a melhoria do bem-estar da população. Em cidades vulneráveis como Belém, essas práticas são essenciais para garantir a segurança e a resiliência da infraestrutura urbana.

Futuro do G20 e Próximos Passos

A próxima edição do G20, na África do Sul, será uma nova oportunidade para ampliar as discussões e fortalecer os compromissos assumidos em Belém. Os representantes dos movimentos sociais esperam que o debate sobre inclusão e sustentabilidade permaneça no centro das atenções, assegurando que as ações propostas se traduzam em políticas reais e eficazes para as comunidades de todo o mundo.

Enquanto isso, o Brasil continua a trabalhar na implementação das medidas discutidas no G20 Belém, visando transformar as periferias e áreas vulneráveis em comunidades seguras e resilientes. Com investimentos contínuos e uma abordagem centrada nas pessoas, o país busca liderar pelo exemplo e inspirar outras nações a adotarem políticas de inclusão social e sustentabilidade.

Um Novo Marco para Inclusão e Resiliência

O encontro do G20 em Belém marca um avanço na agenda de inclusão social e resiliência climática. Ao dar voz aos movimentos sociais e representantes de comunidades, o Brasil reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a proteção das áreas mais vulneráveis.

A inclusão das vozes dos movimentos sociais nas decisões do G20 não só fortalece as políticas públicas, mas também promove uma sociedade mais justa e resiliente. Com o avanço dessas discussões, espera-se que o G20 inspire outros fóruns internacionais a adotarem uma abordagem mais inclusiva e comprometida com a transformação social.

 


Edição atual da Revista Amazônia

Assine nossa newsletter diária