Aeronave híbrida não-tripulada para uso agrícola será criada pela Helisul

A parceria entre a Helisul e o Senai Cimatec promete revolucionar a aviação agrícola brasileira, trazendo inovação e sustentabilidade para o campo. Um drone híbrido e autônomo, movido a etanol, surge como um divisor de águas para um setor vital da economia.


O ar sempre foi um vasto palco para a inovação, e agora, mais do que nunca, ele se torna o cenário de uma revolução silenciosa, porém poderosa, que promete redefinir o futuro da agricultura. Na Bahia, um estado que já pulsou ao ritmo da história, uma nova página está sendo escrita, um capítulo que entrelaça o rigor da engenharia com a urgência da sustentabilidade.

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A gênese de uma ideia disruptiva

A Helisul, gigante no cenário da aviação, e o Senai Cimatec, um farol de conhecimento e pesquisa, uniram forças em um pacto que ecoa a ambição de um Brasil que se recusa a ser mero expectador do progresso. Em Salvador, no coração do Cimatec Aeroespacial, dentro do Parque Industrial Tecnológico Aeroespacial da Bahia (Pita-BA), o solo fértil da inovação recebe a semente de um projeto audacioso: a primeira aeronave agrícola autônoma e híbrida do país.

Screenshot-2025-07-23-181948 Aeronave híbrida não-tripulada para uso agrícola será criada pela Helisul
Fonte: Mundo GEO

Trata se de um investimento robusto, que ultrapassa os 50 milhões de reais, e que não se limita apenas à adaptação de uma aeronave. A meta é transformar o modelo R44 Robinson, um helicóptero já consagrado, em um arauto da nova era. Os motores a explosão, agora alimentados por etanol, serão complementados por motores elétricos, abandonando o AVGAS, o combustível tradicional, em favor de uma pegada ambiental mais leve.

Esta não é uma mera substituição; é um alinhamento com os ventos de mudança que sopram no programa internacional de combustíveis sustentáveis para aviação. A visão é clara e multifacetada: fortalecer a aviação agrícola com ferramentas que não apenas otimizem a produção, mas que o façam de forma limpa, eficiente e, acima de tudo, sustentável.

Uma sinfonia de parcerias e propósitos

Nenhum empreendimento de tamanha magnitude floresce no isolamento. A Helisul e o Senai Cimatec souberam disso desde o princípio. A iniciativa é um mosaico de colaborações estratégicas, reunindo nomes de peso como Rotor, MagniX, BNDES e Finep, além do imprescindível apoio institucional do Governo da Bahia, do Ministério da Defesa e da Força Aérea Brasileira. Essa teia de parcerias não é apenas um reflexo da complexidade do projeto, mas um testamento da crença compartilhada no seu potencial transformador.

Bruno Biesuz, diretor de operações da Helisul, expressa com eloquência o significado desse momento. Para ele, o passo que está sendo dado é histórico, uma fusão entre um polo de inovação nacional e um projeto que amalgama tecnologia de ponta, sustentabilidade e o agronegócio. É a reafirmação de uma convicção: a aviação, quando direcionada por propósitos nobres, pode ser uma aliada formidável na busca pela eficiência e pela preservação ambiental. Suas palavras ressoam com a promessa de um futuro onde a produtividade e a responsabilidade ecológica caminham lado a lado.

Do laboratório ao campo

A jornada para materializar essa visão está delineada em duas fases bem definidas. A primeira delas verá uma equipe de elite da Helisul Engenharia, uma ramificação do Grupo Helisul, instalar se no Cimatec Aeroespacial. Ali, em um ambiente efervescente de pesquisa e desenvolvimento, serão realizados os estudos iniciais e, mais emocionante, a concepção dos primeiros protótipos. É o ventre do projeto, onde as ideias tomarão forma e os desafios serão enfrentados com o rigor da ciência. Posteriormente, a empresa fincará raízes mais profundas, ocupando um lote de 3.400 metros quadrados para a instalação de sua unidade operacional no parque tecnológico. Um espaço físico que simboliza a concretização de um sonho e a materialização de um compromisso.

A grandiosidade do projeto não se mede apenas em cifras e metros quadrados, mas também em pessoas. A sua execução prevê a criação de 32 empregos diretos, um grupo seleto de engenheiros, técnicos especializados, pesquisadores e estudantes de graduação.

Screenshot-2025-07-23-181558 Aeronave híbrida não-tripulada para uso agrícola será criada pela Helisul
Ilustração – Fonte: DSM

É um investimento no capital humano, na inteligência e na paixão daqueles que construirão o amanhã. Juliano Sansão, diretor da Helisul Engenharia, sublinha a natureza estratégica dessa parceria para a engenharia brasileira. Suas palavras ecoam a ambição de nacionalizar o conhecimento, de forjar soluções limpas e de demonstrar ao mundo que o Brasil possui a capacidade de liderar em mobilidade aérea avançada, com um olhar atento e dedicado ao campo.

Horizontes ampliados

O impacto desse projeto transcende as fronteiras da aviação agrícola. Ele promete insuflar um novo vigor na cadeia produtiva aeroespacial brasileira, desenvolvendo soluções críticas que antes poderiam parecer distantes. Mais do que isso, ele alça o Brasil a uma posição de destaque internacional, transformando o país em uma referência em mobilidade aérea sustentável e avançada.

A aplicação direcionada de insumos agrícolas, uma das grandes vantagens da autonomia e precisão da aeronave, trará um benefício ambiental inestimável: a redução do volume de insumos utilizados e, consequentemente, a diminuição dos impactos na natureza. É uma promessa de colheitas mais fartas e um planeta mais saudável.

André Oliveira, superintendente de Novos Negócios do Senai Cimatec, vê na parceria com a Helisul um marco estratégico para o início das operações do Parque Industrial e Tecnológico Aeroespacial da Bahia. Ele vislumbra, nessa primeira fase, a instalação de um centro de engenharia e desenvolvimento da empresa dentro do campus, fortalecendo o ecossistema de inovação. Mas seu olhar vai além do presente.

Projetos para o futuro

Já se projeta, para um futuro não tão distante, a implantação de processos de fabricação desses equipamentos na própria Bahia, consolidando o estado como um polo nacional no setor aeroespacial. A visão de um futuro onde a inovação e a produção caminham de mãos dadas, impulsionando o desenvolvimento regional e nacional.

Para Bruno Biesuz, o projeto não é apenas um avanço tecnológico; é um divisor de águas para a agricultura brasileira. Ele o enxerga como uma tecnologia que nasce intrinsecamente conectada às missões da nova indústria nacional, que abraça a sustentabilidade, a bioeconomia, a transformação digital e, de forma crucial, a soberania tecnológica. É a materialização de uma indústria que não apenas produz, mas que pensa, que inova e que se posiciona na vanguarda do progresso global.