A evolução histórica do sudeste paraense teve origem em Conceição do Araguaia, a partir de um território desmembrado do município de Baião, que, inicialmente, era um Arraial e depois se tornou Freguesia em 14.04.1900. O crescimento acelerado da Freguesia fez com que o Poder Legislativo do Estado do Pará, por intermédio da Lei nº 1.905 de 18.10.1920, criasse o Município de Conceição do Araguaia.
Após sua criação, o município se apresentou formado por dois distritos, o de Conceição do Araguaia e o de Santa Maria das Barreiras. Com a Lei nº 2.460 de 29.12.1961, o município teve sua área desmembrada para criar o Município de Santana do Araguaia e logo em seguida ainda perdeu novas áreas que deram origem aos Municípios de Xinguara, Redenção e Rio Maria.
A dinâmica econômica da região no final da década de 1970, puxada pela demanda por cassiterita (estanho), com foco em São Felix do Xingu, fez de Redenção um polo econômico, pois os aviões monomotores que transportavam cassiterita dos garimpos de São Felix do Xingu pousavam todos em Redenção. Assim, impuseram aquela região um crescimento econômico considerável.
No final da década de 1970, no auge da crise do petróleo, o Brasil, sem reserva estratégia de óleo, se viu obrigado a ter que comprar petróleo para abastecimento doméstico no mercado livre.
Coincidentemente, a cotação do ouro que, há tempo, esteve atrelado ao dólar, com preços aviltados, foi liberado e seguiu a cotação do mercado mundial, cujo valor alcançou o recorde de US$ 873 a onça troy (31,1g) em janeiro de 1980; acrescido de expectativas de inflação alta, segundo Albert Cheng, CEO do World Gold Council. Só para se ter uma ideia, a onça do ouro, na Bolsa de Mercadorias de Londres (LME) iniciou o ano de 2024 sendo cotada a US$ 1.860 e está fechando o mês de outubro a US$ 2.774, aumentando seu valor em 1,5 vezes.
Serra Pelada
culminando com a descoberta de Serra Pela, em março de 1980. A expectativa de grande aglomeração humana, bem assim experiencia da Guerrilha do Araguaia, levou o Conselho de Segurança Nacional, por intermédio do Serviço Nacional de Informação (SNI), controlar a produção do ouro, bem assim sua comercialização via Caixa Econômica Federal. Surgiram assim as coordenações dos garimpos, que, em Serra Pelada fora liderada pelo legendário “Major Curió” – Sebastião Rodrigues de Moura.
Na região de Redenção existiam três garimpos: Cumaru, Tarzan e Maria Bonita (este dentro de reserva indígena), também comandados por uma coordenação do Coronel Santos, cujo modelo era similar ao de Serra Pelada.
Antes, porém, mais ao norte, no final da década de 1970, no Município de Rio Maria, hoje Floresta do Araguaia, na região denominada de Andorinhas – área de pesquisa da Vale (Docegeo), também existiam focos de garimpagem de ouro. Assim, as ocorrências auríferas pesquisadas pela equipe da Vale, também, foram propaladas como salvadoras da Pátria, no mesmo sentido do que fora Serra Pelada, porém, sem a mesma intensidade, haja vista seus baixos volumes de ouro e mesmo porque com o auge de Serra Pelada, quase todos os garimpeiros para lá migraram.
Com o exaurimento da pujança do ouro, restaram aglomerações humanas que buscavam
sobrevivência com eonomias locais e dessa forma o processo histórico de ocupação e formação do Município de Cumaru do Norte está diretamente ligado à atividade garimpeira na região. Criado em 1991, o município nasceu em torno do referido garimpo, que atraído pela descoberta do ouro em uma fazenda, dezenas de homens vindos de várias partes do Estado e de outras regiões do País começaram a se fixar na região.
A atividade garimpeira cresceu e a área onde hoje fica Cumaru do
Norte ganhou uma pista de pouso e decolagem para aviões de pequeno porte.
O desenvolvimento da atividade garimpeira atraiu olhares para a região onde houve a necessidade de criar o Projeto Cumaru, que ficou, também, sob a responsabilidade do Conselho de Segurança Nacional.
O objetivo era acabar com o contrabando do ouro, dar assistência aos garimpeiros e evitar conflitos entre estes e os índios Kaiapó. Assim, durante alguns anos, a área foi controlada pelos militares do Serviço Nacional de Informações (SNI) e demais órgãos, principalmente em nível federal, em modelo similar ao de Serra Pelada.
Dessa forma, a garimpagem crescia, o pequeno povoado se desenvolvia em torno das famosas “currutelas” e os problemas sociais se agravaram. Foi então que surgiu o movimento de emancipação. Eram muitos os que queriam se desvincular, àquela altura, do Município de Ourilândia do Norte.
Município de Cumaru do Norte
Localizado na mesorregião Sudeste do Pará e na microrregião de São Félix do Xingu, o Município de Cumaru do Norte possui área territorial de 1.7156,73 km² e população em 2010, segundo o IBGE, divulgado no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), de 10.466 habitantes, o que lhe atribui densidade populacional igual a 0,61 habitantes/ km².
Entre 2000 e 2010, a população de Cumaru do Norte teve a taxa média de crescimento anual de 5,76%. Na década anterior, de 1991 a 2000, o crescimento anual foi de 0,24%. Em termos comparativos, em todo o Estado, as taxas foram de 1,02% entre 2000 e 2010 e 1,03% no período 1991-2000.
Observa-se que no período de 1991 a 2000, houve ligeiro aumento da população feminina em relação à masculina, esta modificação na distribuição por gênero pode estar associada à própria dinâmica econômica do município, inicialmente baseada na atividade garimpeira, que possui caráter itinerante, ou seja, os garimpeiros possuem o hábito de se deslocar para onde há maior concentração do ouro.
O censo do IBGE 2010 também contabilizou a distribuição da população segundo local de residência. Diferentemente de outros municípios, a população de Cumaru do Norte está mais concentrada na área rural (7.755 habitantes), enquanto 2.711 habitantes residem na área urbana do município.
Geólogo Alberto Rogério Benedito da Silva 
