TechZone no PCT Guamá debate cidades inteligentes e IA na Amazônia


No Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá (PCT Guamá), em Belém, o primeiro dia da TechZone reuniu pesquisadores, gestores públicos e empreendedores em torno de um desafio comum: pensar a Amazônia como território de inovação tecnológica e sustentabilidade. A programação de abertura teve como eixo o tema “Cidades Inteligentes e Sustentáveis”, conectando projetos que unem ciência, conectividade e inteligência artificial (IA) ao desenvolvimento urbano e ambiental da região.

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O painel “A Vanguarda Tecnológica no Diagnóstico da Saúde e Monitoramento Ambiental na Amazônia” apresentou soluções que aplicam IA para melhorar a qualidade de vida das populações amazônicas. Entre os destaques, a pesquisadora Luciana da Silva, da Rede Genômica para Medicina de Precisão e Vigilância de Doenças Infecciosas (REVIGEN), vinculada ao Instituto Evandro Chagas, mostrou como a genômica e a medicina de precisão estão transformando o enfrentamento de doenças como dengue, tuberculose, malária e Covid-19.

“Estamos retirando essas tecnologias de centros concentrados no Sul e Sudeste e expandindo seu acesso para o Norte e Nordeste, levando inovação a quem mais precisa”, destacou Luciana. O projeto propõe o uso de sequenciamento genético e dados ambientais para personalizar tratamentos e antecipar surtos, aproximando a pesquisa científica da saúde pública local.

Outro projeto apresentado foi o INCT STREAM – Processamento e Transmissão de Sinais para Análise e Monitoramento Ambiental, da Universidade Federal do Pará (UFPA). Coordenado por Aldebaro Klautau, o programa utiliza sensoriamento multimodal, robótica e IA para analisar dados ambientais e apoiar a gestão sustentável de biomas e áreas agrícolas. “Discutimos tecnologias como 5G e 6G, sensores e satélites aplicados à regularização fundiária, inventário florestal e inclusão digital. Nosso foco é monitorar o ambiente com eficiência e baixo custo”, explicou Klautau.

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Redes inteligentes e inovação social

A agenda também destacou o INCT IAmazônia – Inteligência Artificial Aplicada às Cidades Inteligentes e Sustentáveis na Amazônia Brasileira, que busca integrar IA a políticas públicas e serviços urbanos. A iniciativa, composta por mais de 35 instituições de pesquisa e empresas, trabalha para desenvolver redes inteligentes voltadas a transporte, saúde, educação e saneamento adaptadas às especificidades amazônicas.

Para Evelin Gomes, pesquisadora do IAmazônia, o projeto coloca a Amazônia no centro da agenda tecnológica global. “Nosso objetivo é tornar as cidades mais resilientes às mudanças climáticas e incluir comunidades tradicionais no processo de inovação. É um projeto que dialoga diretamente com os temas da COP30, sediada aqui em Belém”, destacou.

Smart City Canaã e conectividade sustentável

O segundo painel apresentou a Smart City Canaã dos Carajás, iniciativa da Prefeitura de Canaã dos Carajás em parceria com a UFPA. A proposta combina infraestrutura tecnológica e engajamento social para criar uma cidade mais eficiente e participativa. “É essencial mostrar que a tecnologia pode ser desenvolvida para beneficiar a comunidade, independentemente do território”, afirmou Bárbara Andrade, secretária de Planejamento do município.

O projeto aposta em centros de dados locais, oficinas de capacitação e hackathons para fomentar o protagonismo digital, fortalecendo o ecossistema de inovação no interior do Pará.

Na sequência, a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Pará (Prodepa) conduziu uma palestra sobre conectividade e inclusão digital na Amazônia, apresentando avanços em infraestrutura de rede e governança digital. Também foi lançada a Estratégia Paraense de Inteligência Artificial (EPIA) e o Marco Legal Estadual de IA, iniciativas do Governo do Pará que consolidam a inovação tecnológica como eixo do desenvolvimento sustentável.

“A inteligência artificial é uma ferramenta essencial para a gestão pública e a preservação ambiental. Nosso foco é usar a tecnologia de forma ética, responsável e sustentável”, afirmou Lilian Haber, procuradora do Estado.

Continuidade da programação

A TechZone é promovida pelo PCT Guamá, pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), pela Prodepa e pela Universidade do Estado do Pará (UEPA).
A programação segue nesta terça-feira (11), com debates voltados aos recursos hídricos da Amazônia, incluindo soluções inovadoras para comunidades costeiras e o uso sustentável da água na região — um dos temas estratégicos para o futuro climático e social da floresta.