Em uma operação conjunta realizada no último domingo (20/10/2025), o Ibama e a Receita Federal impediram o envio ilegal de quase mil conchas de moluscos do Brasil para a Itália. A fiscalização no Aeroporto Internacional de Fortaleza identificou uma remessa de 972 unidades, sem a documentação exigida para a exportação legal, incluindo exemplares de espécies ameaçadas de extinção.

A ação teve início durante uma inspeção de rotina da Receita Federal no terminal de cargas do aeroporto. Ao identificar a remessa suspeita, os agentes acionaram imediatamente o Ibama, que realizou análise técnica detalhada do material. Foi constatado que as conchas pertenciam a mais de 40 espécies diferentes de moluscos, abrangendo as classes Gastropoda e Bivalvia, e que duas dessas espécies estão listadas na Portaria MMA nº 445/2014, que estabelece a fauna brasileira ameaçada de extinção.
A infração ambiental resultou na autuação da empresa responsável pela remessa em R$ 259.160, valor que corresponde a dois autos de infração emitidos pelo Ibama. O caso evidencia não apenas a vulnerabilidade de espécies marinhas ao tráfico internacional, mas também os prejuízos ambientais que podem ocorrer quando organismos vivos ou partes deles são retirados de seus habitats sem controle e regulamentação.

SAIBA MAIS: Ibama veta usina a gás em Brasília por risco ambiental e social
O destino do material apreendido é inédito e educativo: todas as conchas foram doadas para uma instituição de ensino federal, onde serão utilizadas em atividades de pesquisa e ensino. Segundo os fiscais do Ibama, essa medida transforma a apreensão em uma oportunidade de formação de novos profissionais nas áreas ambiental e biológica, promovendo o conhecimento científico enquanto protege o patrimônio natural brasileiro. A reutilização de espécies preservadas para estudo é uma prática que combina fiscalização rigorosa com aproveitamento pedagógico, contribuindo para o desenvolvimento acadêmico e a conscientização sobre a conservação da biodiversidade.
Servidores do Ibama no estado do Ceará destacaram que a cooperação entre órgãos é essencial para combater o comércio ilegal de produtos de origem animal e vegetal. Operações desse tipo não apenas coíbem crimes ambientais, mas também asseguram que o Brasil mantenha controle sobre sua rica biodiversidade. As consequências da exportação ilegal de conchas vão além da violação legal: a retirada de organismos do seu habitat pode afetar o equilíbrio ecológico, reduzir populações naturais e ameaçar a sobrevivência de espécies já vulneráveis.
O caso reforça a importância de políticas integradas de fiscalização e monitoramento. A união entre Ibama e Receita Federal é estratégica para garantir a legalidade das exportações e prevenir que recursos naturais sejam explorados de forma predatória. Além disso, operações como esta enviam uma mensagem clara ao mercado internacional sobre a seriedade das autoridades brasileiras na proteção do patrimônio ambiental.
Especialistas ambientais observam que a exploração ilegal de moluscos e outros produtos da fauna marinha é um problema global. O Brasil, com sua extensa costa e biodiversidade única, é particularmente vulnerável a esse tipo de crime. A fiscalização e punição rigorosa, como a aplicada neste caso, contribuem para desencorajar práticas ilegais e reforçar o compromisso do país com tratados internacionais de conservação, como a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES).
Além do caráter punitivo, a operação exemplifica uma abordagem preventiva e educativa. Ao destinar as conchas apreendidas para pesquisa, o Ibama transforma um episódio de crime ambiental em oportunidade de aprendizado e produção científica, alinhando proteção ambiental, educação e desenvolvimento de conhecimento sobre a biodiversidade brasileira.











































