Imagens divulgadas pela NASA na segunda-feira, 12 de agosto, revelaram vastas colunas de fumaça provenientes de incêndios florestais na Amazônia. A fotografia, capturada em 4 de agosto por um satélite da agência espacial dos EUA, o mesmo utilizado pelo Brasil para monitorar incêndios, mostra focos de fogo em estados como Pará e Amazonas, sendo que este último tem 22 municípios afetados pela fumaça, incluindo a capital, Manaus.
A NASA destacou o nível “extraordinário” dos incêndios na Amazônia em julho, um recorde em duas décadas, com mais de 11 mil focos registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), um aumento de 93% em relação aos 5.772 focos de julho do ano anterior e 111% acima da média dos últimos 10 anos.
Com incêndios devastando a Amazônia e o Pantanal, 2024 já se tornou o ano com as maiores emissões de gases de efeito estufa provenientes de queimadas florestais no Brasil desde 2005, segundo o observatório climático europeu Copernicus. Dados divulgados pelo cientista Mark Parrington indicam que Mato Grosso do Sul e Amazonas atingiram seus níveis mais altos de emissões de CO2 a partir de incêndios florestais desde 2003.
Até 6 de agosto, esses estados haviam liberado 73,4 milhões de toneladas de CO2 equivalente (t/CO2e), volume que equivale a mais de cinco anos de emissões totais da cidade de São Paulo. Além do impacto climático, a fumaça gerada pelos incêndios torna o ar local perigoso para a saúde.
Tanto a Amazônia quanto o Pantanal enfrentam secas intensas, que começaram antes do previsto, criando condições ideais para incêndios, muitos de origem criminosa. Na Amazônia, a baixa vazão dos rios provoca uma série de problemas, como dificuldades no transporte e aumento dos preços das mercadorias. A fumaça agrava ainda mais os problemas respiratórios.
A situação na Amazônia é alarmante, pois o bioma, embora registre uma redução no desmatamento, vê um aumento significativo nas queimadas. “Assim como em 2007 e 2010, estamos vendo um aumento das queimadas mesmo com a queda no desmatamento, o que demonstra um compromisso com o combate à destruição da floresta. No entanto, as condições para isso estão se tornando mais complexas: os recursos para fiscais e brigadistas continuam limitados, e o desequilíbrio climático se intensifica”, destaca Gustavo Faleiros, editor de Investigações Ambientais do Pulitzer Center, em entrevista à InfoAmazonia.
Enquanto isso, no Pantanal, além dos incêndios, há outro risco iminente: a possível retomada de um projeto que visa transformar o rio Paraguai, vital para o Pantanal, em uma rota industrial de navegação para escoamento de soja e açúcar, conforme relatado pelo Guardian. Embora os defensores afirmem que a hidrovia reduziria custos e tempo de exportação, os críticos alertam para os danos irreversíveis ao bioma e sua biodiversidade. “Parece um preço muito alto a se pagar: destruir o Pantanal, um dos ecossistemas únicos do mundo, para reduzir o custo dos grãos”, comenta Carolina Joana da Silva, professora da Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT).
Por fim, o governo da Bolívia solicitou ajuda ao Brasil para combater incêndios florestais na região fronteiriça do Pantanal, especificamente na Serra do Amolar, que foi recentemente atingida pelo fogo. O pedido, enviado à Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e sob análise do Itamaraty, inclui o envio de aeronaves para combate aéreo aos focos de incêndio e de brigadistas ou bombeiros militares para o controle das chamas em solo.
Fonte: Climainfo