Inseto gigante reaparece na Amazônia depois de décadas e causa pânico em moradores ribeirinhos


A Amazônia, com sua vastidão verde e segredos insondáveis, voltou a surpreender o mundo. Nas profundezas da floresta, ao longo das margens do Rio Juruá, um inseto gigante na Amazônia emergiu das sombras, reacendendo lendas e temores entre os moradores ribeirinhos. Após quase meio século sem registros confirmados, o Megaphasma denticrus, um fasmídeo colossal que pode atingir 30 centímetros de comprimento, foi avistado novamente. A redescoberta dessa espécie redescoberta na floresta não apenas fascinou cientistas, mas também desencadeou ondas de pânico em pequenas comunidades isoladas, onde o desconhecido ainda carrega o peso de mitos antigos.

inseto gigante com objetos como um lápis e um celular, destacando sua imponência

Projeto-Mantis-25-copia-scaled Inseto gigante reaparece na Amazônia depois de décadas e causa pânico em moradores ribeirinhos

Era uma noite abafada em Eirunepé, município amazonense encravado entre rios e selva. Luzia, uma artesã de 58 anos, estava sentada em sua varanda de madeira, trançando cestos de palha, quando algo caiu do telhado com um ruído seco. “Pensei que fosse um galho, mas então vi aquelas pernas compridas se mexendo, como se a própria floresta tivesse ganhado vida”, ela lembra, ainda com a voz entrecortada. O inseto, com seu corpo alongado e camuflado em tons de musgo, parecia saído de um pesadelo. Crianças gritaram, vizinhos se reuniram, e logo o vilarejo estava imerso em histórias de “bichos amaldiçoados” que voltavam para cobrar respeito à mata.

Um espectro do passado retorna

O Megaphasma denticrus, conhecido entre cientistas como um dos maiores fasmídeos do mundo, é uma criatura que parece desafiar o tempo. Sua última aparição documentada na Amazônia remonta aos anos 1960, quando entomologistas coletaram espécimes em áreas hoje devastadas pelo desmatamento. A espécie, que se alimenta de folhas de árvores como a embaúba e a sumaúma, depende de ecossistemas intocados para prosperar. A urbanização e o avanço da fronteira agrícola reduziram seu habitat, levando-a à beira da extinção – ou assim se pensava. Em julho de 2025, uma expedição do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) redescobriu ninhos ativos em uma reserva próxima ao Parque Nacional da Serra do Divisor, reacendendo esperanças e temores.

“Foi um momento de tirar o fôlego”, conta a Dra. Ana Clara Mendes, bióloga do INPA. Durante uma coleta noturna, sua equipe avistou o inseto movendo-se lentamente entre galhos altos. Suas asas vestigiais, quase translúcidas, brilhavam sob a luz das lanternas, revelando detalhes que pareciam pertencer a um mundo perdido. “Sabíamos que estávamos diante de algo raro. A Amazônia é um baú de surpresas, mas encontrar uma espécie redescoberta na floresta desse porte é um evento histórico”, explica Mendes. A descoberta foi publicada em um artigo preliminar no Biological Conservation, chamando atenção de pesquisadores globais.

Para os ribeirinhos, no entanto, a ciência pouco explica o impacto visceral. A Amazônia é mais do que um bioma; é um mosaico de crenças e histórias. O inseto, com seu tamanho descomunal, evocou lendas de espíritos da mata, como o Curupira, que protege a floresta de invasores. Em comunidades como Carauari, os mais velhos contavam histórias de avistamentos antigos, quando insetos gigantes eram vistos como presságios de mudanças – chuvas intensas, secas prolongadas ou conflitos com madeireiros. “Quando a floresta fala, a gente escuta”, diz Seu Manoel, um pescador de 67 anos, enquanto aponta para as cicatrizes de queimadas em sua roça.

Medo ancestral versus curiosidade científica

O reaparecimento do inseto gerou reações díspares. Enquanto cientistas celebravam, os moradores enfrentavam noites de insônia. Em Ipixuna, uma assembleia comunitária reuniu dezenas de famílias para discutir o “monstro da mata”. Lideranças indígenas, incluindo membros do povo Kanamari, conduziram rituais com defumações de breu-branco, buscando apaziguar o que interpretaram como um aviso espiritual. “A mata está viva, e ela cobra respeito”, afirmou o cacique João Kanamari, cuja comunidade depende da floresta para caça e coleta.

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Para além do misticismo, o pânico reflete desafios concretos. As comunidades ribeirinhas vivem em equilíbrio frágil com o ambiente. As mudanças climáticas, com secas mais longas e cheias imprevisíveis, já abalam a pesca e a agricultura de subsistência. A chegada do inseto, embora inofensivo – ele não pica nem transmite doenças –, intensificou a sensação de vulnerabilidade. “Meu neto não quer mais brincar no quintal. Ele diz que viu o bicho voando na cerca”, relata Dona Francisca, de 45 anos, que agora mantém as janelas fechadas ao anoitecer.

A mídia internacional também se voltou para o caso. Reportagens no BBC Brasil e no National Geographic destacaram a redescoberta como um marco para a conservação. Imagens capturadas por drones do INPA, mostrando o inseto em seu habitat, viralizaram nas redes sociais, com hashtags como #InsetoGiganteAmazônia ganhando tração. Mas, para os ribeirinhos, o espetáculo midiático está distante de suas realidades. “Eles vêm, tiram foto, mas quem vive aqui somos nós”, desabafa Luzia, ecoando um sentimento de abandono comum em áreas remotas.

Lições da floresta para o mundo

A redescoberta do Megaphasma denticrus não é um evento isolado. Ela reflete a resiliência da Amazônia, mas também sua fragilidade. A espécie sobreviveu em bolsões de floresta primária, áreas poupadas do desmatamento que destruiu 20% da cobertura original da região, segundo dados do WWF Brasil. A preservação desses habitats é crucial, mas enfrenta resistência. Garimpo ilegal, extração de madeira e expansão agropecuária continuam a ameaçar ecossistemas delicados, enquanto a fiscalização governamental é limitada por cortes orçamentários.

Os ribeirinhos, muitas vezes excluídos das políticas públicas, são testemunhas diretas dessas mudanças. Seu José, um canoeiro de 60 anos, lembra de rios mais cheios e florestas mais densas. “Antigamente, a gente via esses bichos grandes de vez em quando. Agora, com o fogo e as máquinas, tudo mudou. Se eles voltaram, é porque a mata ainda respira, mas por quanto tempo?” A pergunta paira como um alerta. Estudos recentes, como os conduzidos pela INPA, sugerem que o aquecimento global pode estar alterando ciclos reprodutivos de insetos, o que explicaria o retorno súbito da espécie.

Em meio ao drama humano, há sinais de esperança. Projetos comunitários, apoiados por ONGs como a Fundação Amazonas Sustentável, promovem educação ambiental, ensinando que o inseto é um aliado ecológico, importante para a polinização e o equilíbrio do solo. Escolas locais começaram a incluir o inseto gigante na Amazônia em atividades pedagógicas, transformando medo em curiosidade. “As crianças agora desenham o bicho como um guardião, não um monstro”, conta a professora Eliane Souza, de 34 anos.

Um chamado à preservação

O impacto psicológico do reaparecimento persiste. Psicólogos voluntários relatam aumento de ansiedade em vilarejos, com moradores sonhando com “sombras aladas” que cruzam o céu noturno. “É o peso do desconhecido, amplificado pela sensação de isolamento”, explica a psicóloga Marina Costa, que trabalha com comunidades ribeirinhas. Programas de saúde mental, aliados a esforços de conservação, são vistos como essenciais para integrar os moradores à narrativa de proteção ambiental.

No campo científico, a redescoberta abre portas para novas pesquisas. Universidades como a Harvard manifestaram interesse em financiar estudos genéticos para mapear a resiliência do inseto. Enquanto isso, o governo brasileiro anunciou planos para ampliar a proteção de áreas onde o Megaphasma foi avistado, embora a implementação enfrente desafios logísticos.

Para os ribeirinhos, a vida segue entre o temor e a adaptação. Luzia, a artesã que testemunhou o primeiro avistamento, agora carrega um pequeno amuleto de madeira esculpido em forma de inseto. “Ele me lembra que a floresta é maior que nosso medo”, diz ela, com um sorriso tímido. Sua história reflete a de muitos: um misto de reverência e resistência, moldado por séculos de convivência com a selva.

A redescoberta do inseto gigante na Amazônia é mais do que um evento biológico; é um espelho da relação complexa entre humanidade e natureza. Enquanto o sol se põe sobre o Rio Juruá, tingindo o céu de laranja, o zumbido suave de asas distantes ecoa como um lembrete. A espécie redescoberta na floresta não é apenas um sobrevivente; é um convite à reflexão, um apelo para proteger o coração verde do planeta antes que seus segredos se calem para sempre.