Itacoã-Miri recebe Sistema Agroflorestal em iniciativa da ANOREG/PA


No coração do município do Acará, nordeste do Pará, a comunidade quilombola de Itacoã-Miri deu início a um projeto que une reflorestamento, justiça social e valorização cultural. Com o plantio simbólico das primeiras mudas nativas e agrícolas, começou a implantação do Sistema Agroflorestal (SAF) do Projeto Refloresta, liderado pela Associação dos Notários e Registradores do Estado do Pará (ANOREG/PA), em parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) e a Universidade Federal do Pará (UFPA).

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A ação marca os 30 anos da ANOREG/PA e reforça o papel da entidade como promotora de transformações sociais e ambientais no estado. Ao lado de representantes comunitários, dirigentes e parceiros, o ato inaugural simbolizou mais do que o início de um projeto: representou a plantação de novas perspectivas para a Amazônia e para seus povos.

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Agroflorestas como identidade sustentável

A escolha de Itacoã-Miri como local pioneiro não foi aleatória. Segundo a presidente da ANOREG/PA, Moema Locatelli Belluzzo, a seleção das mudas levou em conta estudos de solo e a identidade ecológica da região, garantindo que o plantio esteja alinhado às condições locais e ao modo de vida tradicional. Ela reforçou ainda que a iniciativa dialoga diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU e com os princípios que guiarão a COP30, que acontece em Belém em 2025.

O SAF combina espécies nativas da Amazônia com cultivos agrícolas de forma integrada, respeitando os ciclos da natureza e os saberes das comunidades. O resultado esperado é duplo: recuperação de áreas degradadas e fortalecimento da autonomia econômica e alimentar da população quilombola.

José Maria Alves, morador de Itacoã-Miri, traduziu o sentimento coletivo ao afirmar que o projeto representa uma mudança de paradigma. “Estamos saindo de um tipo de cultura, que era o da roça, para este novo método, que traz diversidade, gera renda e ainda melhora o meio ambiente.”

A iniciativa se apresenta como ferramenta estratégica para enfrentar desafios sociais, econômicos e climáticos que marcam a região amazônica. A diretora da ANOREG/PA, Natália Benvegnú, destacou que cada muda representa mais do que reflorestamento. “Hoje, plantamos o futuro. É uma ação que alia sustentabilidade, geração de renda e justiça ambiental, enraizando o compromisso da entidade com um amanhã mais equilibrado.”

Com a COP30 no horizonte, a iniciativa local se conecta ao debate global sobre soluções para as mudanças climáticas. Para Cleomar Carneiro, integrante do Conselho Deliberativo da ANOREG/PA, a transformação precisa ser coletiva. “Esse movimento deve partir não apenas dos cartórios, mas também de empresas e cidadãos comprometidos com o futuro. O envolvimento das comunidades e o respeito aos territórios são indispensáveis para construir um amanhã mais verde e justo.”

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Um marco para os 30 anos da ANOREG/PA

Ao completar três décadas de atuação, a ANOREG/PA reafirma seu papel como agente ativo de mudanças no Pará. O Projeto Refloresta não é apenas parte do calendário comemorativo, mas um gesto concreto que expressa compromisso com sustentabilidade e justiça social.

Nelcy Maranhão, também do Conselho Deliberativo, ressaltou o impacto transformador da ação. “Mostra que iniciativas locais, quando bem estruturadas, têm poder de gerar efeitos globais. Itacoã-Miri é rica em cultura e história, e merece todo o reconhecimento.”

O projeto também ganhou força por meio de parcerias institucionais. Alberto Taveira, titular do Ofício Único do Acará, lembrou que o compromisso com o plantio foi firmado no XVIII Congresso Notarial e Registral, realizado neste ano no Pará. Para ele, a presença da SBB e da UFPA reforça a legitimidade da proposta e amplia seu alcance.

O Projeto Refloresta busca muito mais do que plantar árvores. É um movimento participativo e agroecológico, que integra práticas sustentáveis, educação ambiental e fortalecimento comunitário. A proposta é devolver vitalidade ao ecossistema amazônico sem abrir mão da valorização dos conhecimentos tradicionais.

O início das atividades em Itacoã-Miri é simbólico e concreto ao mesmo tempo. Simbólico, porque mostra que a mudança pode começar em pequenas comunidades. Concreto, porque transforma o solo, a renda e as perspectivas da população local. A mensagem final é clara: o futuro não é apenas esperado — ele é plantado, coletivamente, com raízes de consciência e solidariedade.