O Itaú anunciou o lançamento de um novo fundo de crédito voltado para investimentos sustentáveis, com um foco diferenciado: ao menos 10% de seu patrimônio será direcionado à Amazônia Legal. A iniciativa, que segue o sucesso do primeiro fundo de crédito ESG do banco, visa atrair investimentos que melhorem as condições de vida na região e combatam práticas ilegais, como o desmatamento. O fundo, que administra atualmente cerca de R$ 3 bilhões, tem como objetivo intensificar a atração de recursos para projetos sustentáveis na área.
Desenvolvimento local
Alexandre Gazzotti, analista sênior de ESG da Itaú Asset, destaca que essa alocação de 10% para a Amazônia Legal é significativamente maior do que a encontrada em outros fundos do mercado financeiro tradicional. A intenção é que esses recursos ajudem a impulsionar atividades econômicas legais e sustentáveis, promovendo o desenvolvimento local e diminuindo a atratividade de atividades predatórias.
A Amazônia Legal, que cobre 60% do território brasileiro e abrange a Floresta Amazônica, o Pantanal e o Cerrado, é o foco estratégico do fundo. Para que um ativo seja elegível para essa alocação, é necessário que a empresa esteja localizada na região ou que pelo menos 30% de sua receita seja proveniente de atividades ali desenvolvidas. Isso amplia as possibilidades de investimento, incluindo empresas de setores como educação, que possuem grandes polos na Amazônia.
De acordo com Gazzotti, o Itaú já identificou aproximadamente R$ 50 milhões em ativos dentro desses critérios em sua carteira de crédito. Isso significa que, até o momento, o fundo tem o potencial de captar até R$ 500 milhões para atingir sua meta de investimentos na região.
Fundo Itaú Active Fix ESG Horizonte
O fundo Itaú Active Fix ESG Horizonte, como foi batizado, é dedicado a investimentos que tragam benefícios socioambientais positivos. Ele foi registrado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com o sufixo “IS”, destinado a fundos com foco em investimentos sustentáveis. A carteira do fundo inclui setores como saneamento, educação e energia renovável, e também investe em instrumentos financeiros como green bonds, letras financeiras verdes e SLBs (Sustainability-Linked Bonds).
A previsão é que o fundo ofereça um retorno de CDI + 1%, e ele está aberto para aportes a partir de R$ 1 por investidores de varejo. Embora o fundo ainda esteja recebendo investimentos pontuais, ele já conta com uma base significativa de investidores.
O novo fundo é uma extensão do Itaú Active Fix ESG, que foi lançado em 2021 e atualmente administra cerca de R$ 2,9 bilhões. Esse fundo gerou uma rentabilidade de 109,24% do CDI nos últimos 12 meses. Segundo Gazzotti, o fundo cresceu de forma lenta no início, mas desde o ano passado tem atraído mais investidores, incluindo algumas seguradoras, que ainda enfrentam desafios regulatórios para investir nesse tipo de ativo.
Com a crescente demanda por produtos que atendam aos critérios da Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR), estabelecida pela União Europeia, o Itaú adaptou seu fundo ESG para se enquadrar no artigo 8 da regulamentação, que exige fundos com características ambientais e sociais. Embora o fundo não se encaixe no artigo 9, que impõe exigências mais rigorosas, ele está em conformidade com as diretrizes de investimento sustentável.
Investidores internacionais
O Itaú busca também o interesse de investidores internacionais, especialmente europeus, que estão cada vez mais interessados em fundos que atendam aos padrões da SFDR. Apesar disso, o ritmo de adoção desse tipo de fundo ainda é gradual.
Renato Eid, chefe de estratégias indexadas e investimentos responsáveis do Itaú Asset, ressaltou a importância da qualidade dos fundos de crédito ESG em vez da quantidade. Para ele, o mercado de investimentos sustentáveis está em constante evolução, com mais clareza e informações disponíveis para os investidores em comparação aos últimos dez anos.
Esse novo fundo faz parte da estratégia do Itaú para fomentar a transição para uma economia de baixo carbono, conectando recursos financeiros às necessidades de desenvolvimento sustentável no Brasil.