Na segunda-feira (25/03), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, marcou presença no lançamento oficial do Estudo Clínico com a Terapia Celular CAR-T (Carthedrall). Este estudo irá explorar um tratamento revolucionário contra o câncer que utiliza células reprogramadas do próprio paciente. O evento também marcou a inauguração operacional do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera) do Hemocentro de Ribeirão Preto, local onde as células CAR-T para o estudo são produzidas.
O tratamento foi concebido no Centro de Terapia Celular (CTC), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP localizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). O Nutera, com unidades em Ribeirão Preto e São Paulo, no Instituto Butantan, também conta com o apoio da Fundação por meio do programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs).
A cerimônia foi liderada pelo diretor-presidente do Hemocentro RP e pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Rodrigo Calado, e pelo diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás. Eles apresentaram à ministra a “fábrica de células” localizada no Nutera.
Estiveram presentes também o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, o deputado federal Baleia Rossi, o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Eleuses Paiva, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan, o diretor-geral substituto do Instituto Nacional de Câncer (Inca), João Paulo de Biaso Viola, o diretor da FMRP-USP, Rui Ferriani, e o superintendente do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP), Ricardo Cavalli.
A ministra da Saúde enfatizou a importância do trabalho em equipe, que envolveu instituições, pesquisadores, médicos e técnicos. Ela destacou a importância que o governo federal atribui à inovação como ferramenta em prol da saúde pública e da vida. “Este estudo clínico multicêntrico certamente nos permitirá oferecer à população um tratamento revolucionário”, afirmou.
O secretário Carlos Gadelha falou sobre o empenho da ministra para o avanço da pesquisa e da inovação nacional. “O recurso da ciência, tecnologia e educação é o mais estratégico para que a tragédia da pandemia não se repita em outras áreas, como a do câncer.”
Estudo Clínico Carthedrall
Esta iniciativa pioneira, financiada pelo Ministério da Saúde, vai avaliar o uso de células CAR-T no tratamento de 81 pacientes com leucemia linfoide aguda de células B e linfoma não Hodgkin de células B em cinco hospitais paulistas, de forma gratuita. O objetivo é desenvolver um produto nacional e disponível para o Sistema Único de Saúde (SUS). Mais informações sobre o projeto e como participar estão disponíveis em: www.hemocentro.fmrp.usp.br/terapia.
A terapia CAR-T estava disponível apenas de forma experimental e limitada. Desde 2019, 20 pacientes receberam o tratamento de forma compassiva no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Foram atendidas pessoas gravemente doentes, que não tinham outras opções clínicas disponíveis. Todos os casos apresentaram remissão do câncer.
As células CAR-T representam uma fronteira inovadora na terapia celular. Esta abordagem terapêutica integra a biotecnologia, a engenharia genética, a imunologia e a hematologia para reprogramar as células do próprio paciente, fazendo-as combater o câncer de maneira mais eficaz.
O estudo clínico foca em pacientes que não tiveram resposta ou apresentaram recidiva da doença após tratamentos convencionais, como quimioterapia e transplante de medula óssea. A terapia CAR-T desenvolvida alveja especificamente o antígeno CD19, encontrado na leucemia linfoide aguda de células B e no linfoma não Hodgkin de células B.
Nutera
A operacionalização do Nutera amplia a capacidade de produção de terapias celulares avançadas e solidifica a infraestrutura necessária para o desenvolvimento e aplicação desses tratamentos inovadores no Brasil. Trata-se de um passo importante na luta contra o câncer, oferecendo esperança renovada a muitos pacientes por meio de tratamentos mais eficazes e personalizados.
A iniciativa também tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon).
O Nutera Ribeirão Preto, já operacional, representa um salto qualitativo na capacidade de tratamento de pacientes com câncer, prometendo atender as necessidades dos participantes do estudo clínico em curso e, futuramente, expandir o atendimento para até 300 pacientes anualmente, garantindo a manutenção de altos padrões de qualidade e segurança conforme as Boas Práticas de Fabricação (BPF).