Lula diz que COP30 será a COP da Verdade em Belém


Em contagem regressiva para a COP30, que ocorrerá em novembro em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a escolha da capital paraense como sede do maior encontro climático do planeta. Em entrevista à TV Liberal nesta sexta-feira (3), Lula destacou o caráter estratégico, simbólico e prático da conferência: ao mesmo tempo em que projeta a Amazônia para o mundo, a COP se torna pretexto para acelerar obras, mobilizar investimentos e deixar um legado permanente para a cidade.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Segundo o presidente, a preparação para o evento já soma cerca de R$ 6 bilhões em investimentos em infraestrutura urbana, mobilidade, habitação e serviços públicos. Para ele, essa é a grande oportunidade de transformar uma exigência logística internacional em benefício direto para os moradores de Belém. “A COP é um pretexto para fazer tudo aquilo que Belém precisa. As obras vão ficar, e o povo vai tirar proveito”, afirmou.

Lula explicou também a razão de apostar em uma cidade amazônica. Para ele, realizar a COP30 em centros tradicionais como Rio de Janeiro ou São Paulo seria mais confortável do ponto de vista da infraestrutura, mas perderia a dimensão política e simbólica de colocar a Amazônia no centro do debate climático. “Se a gente não for ousado, se não tiver coragem, não conseguimos fazer o Brasil crescer de forma equilibrada. Todos falam da Amazônia, mas poucos a conhecem”, argumentou.

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Em discurso na ONU, Lula também afirmou que essa seria “COP da verdade” – Reprodução

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O presidente tem repetido que Belém sediará a “COP da Verdade”. O termo, segundo ele, simboliza um momento decisivo em que o mundo precisará responder a perguntas centrais: até que ponto governos e sociedades acreditam na ciência e estão dispostos a agir? “Se o planeta aquecer acima de um grau e meio, teremos problemas graves. O mar vai subir, países vão desaparecer. Está em nossas mãos salvar a casa onde moramos”, disse, reforçando a necessidade de mudar a mentalidade destrutiva que caracteriza a exploração predatória da natureza.

Lula também revelou esforços diplomáticos para garantir o peso político da conferência. Disse já ter enviado convites a líderes globais, como o ex-presidente norte-americano Donald Trump, o presidente chinês Xi Jinping, e até ao Papa Francisco. A intenção é garantir que a COP30 fale “com o mundo inteiro” e seja capaz de inspirar confiança na sociedade. O formato prevê uma reunião de chefes de Estado dois dias antes da abertura oficial e, em seguida, a conferência mais ampla, que reunirá sociedade civil, cientistas e especialistas.

A infraestrutura de hospedagem, um dos pontos mais discutidos, também foi tema da entrevista. Lula assegurou que não faltarão acomodações: além da rede hoteleira, estão sendo construídos novos hotéis, milhares de moradores oferecem suas casas para aluguel temporário e dois grandes navios contratados pelo governo funcionarão como hotéis flutuantes, somando quase cinco mil quartos extras. “Não vai faltar cama, nem carinho, nem comida. E quero que todos provem a culinária paraense, que considero a melhor do Brasil”, disse, ressaltando a diversidade gastronômica local.

Outro anúncio importante feito por Lula foi o lançamento do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), a ser oficializado durante a COP30. A proposta é criar um mecanismo de financiamento sustentável que funcione como investimento e não apenas como doação. Os recursos servirão para conservar não só a Amazônia, mas também florestas tropicais de países como Indonésia e República Democrática do Congo. “O Brasil foi o primeiro país a aportar recursos. Com o lucro do fundo, vamos garantir que essas florestas permaneçam em pé”, explicou.

A entrevista também teve espaço para um convite aos brasileiros: conhecer a Amazônia. Lula lembrou que a região concentra a maior floresta tropical contínua do planeta, 12% da água doce do mundo e uma riqueza mineral ainda pouco explorada. “Não quero que a Amazônia seja esquecida. Quero colocá-la no mapa turístico e cultural do país”, afirmou.

Por fim, o presidente reforçou o compromisso com o combate ao desmatamento. Disse estar convencido de que o Brasil cumprirá a meta de desmatamento zero até 2030, com base em pactos firmados com prefeitos da região amazônica. “Eles estão mais próximos das áreas onde ocorrem queimadas. Por isso, vamos criar incentivos para municípios que reduzirem focos de incêndio e áreas devastadas”, detalhou.

Entre diplomacia, investimentos e compromissos ambientais, Lula posiciona a COP30 como um marco de afirmação: Belém não apenas sedia um encontro internacional, mas se projeta como capital simbólica de um novo capítulo da política climática global.