“Amazônia em foco” países aprovam Carta de Bogotá na OTCA


Em um movimento diplomático crucial para o futuro da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou a Bogotá para participar da 5ª Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). O objetivo principal do encontro, além de fortalecer os compromissos de proteção do bioma entre os países-membros, foi o de consolidar o apoio à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém, no Pará, marcando a primeira vez que o evento é realizado em solo amazônico.

Presidente Lula - Agência Brasil

A agenda de Lula na capital colombiana foi moldada para impulsionar a cooperação regional. Um dos pontos mais relevantes é a busca por uma declaração conjunta de apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa brasileira que será oficialmente lançada na COP30. O fundo é projetado para ser um mecanismo financeiro de grande escala, com um valor previsto de US$ 125 bilhões, dedicado à preservação de biomas florestais tropicais. A importância desses ecossistemas é global, pois eles desempenham um papel fundamental na regulação do clima, na manutenção dos ciclos de chuva e na captura de carbono atmosférico. Cerca de 70 países abrigam essas florestas, o que ressalta a dimensão e a necessidade de uma ação coordenada.

A cúpula, realizada na Casa de Nariño, sede da Presidência da Colômbia, começou com um diálogo direto entre representantes dos países-membros e organizações da sociedade civil e comunidades indígenas. Essa abordagem, que se assemelha à adotada na cúpula anterior em Belém há dois anos, sublinha a importância de incluir a perspectiva de quem vive e depende da floresta. O presidente colombiano Gustavo Petro, ao lado de Lula, liderou as discussões. Embora outros países tenham enviado seus chanceleres, a presença dos dois chefes de Estado reforça o protagonismo do Brasil e da Colômbia nas discussões sobre a Amazônia.

A comitiva brasileira que acompanhou Lula incluiu nomes de peso na política ambiental e social do país, como os ministros Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). A presença do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, é especialmente simbólica, indicando a centralidade do evento global na agenda diplomática brasileira.

Ministra-Marina-Silva-Agencia-Brasil-400x239 "Amazônia em foco" países aprovam Carta de Bogotá na OTCA
Ministra Marina Silva -Agência Brasil

O esperado da Amazônia Internacional

Além do apoio ao TFFF, a cúpula da OTCA resultou na aprovação da Carta de Bogotá. Este documento é uma peça-chave que reforça as metas e os compromissos dos países em diversas frentes, desde o combate ao desmatamento até a promoção do desenvolvimento sustentável na região amazônica. A carta representa um novo capítulo na colaboração regional, estabelecendo diretrizes claras e uma visão compartilhada para a proteção e o uso sustentável dos recursos da floresta. As ações propostas incluem o fortalecimento da fiscalização, a promoção de bioeconomias e o investimento em pesquisa e tecnologia para o desenvolvimento sustentável. A ideia é que a Amazônia não seja vista apenas como um problema a ser resolvido, mas como uma fonte de soluções inovadoras e de prosperidade para as comunidades locais e a economia global.

O cenário em que a cúpula da OTCA acontece é complexo, com pressões crescentes sobre a Amazônia de diversas frentes, incluindo atividades ilegais como o garimpo e a extração de madeira, além do avanço da fronteira agrícola. Nesse contexto, a união dos países amazônicos é fundamental para enfrentar esses desafios de forma coordenada e eficaz. A presença de Lula em Bogotá enviou uma mensagem clara sobre a prioridade que o Brasil dá a essa agenda, buscando reconquistar a confiança internacional e liderar os esforços de preservação.

A diplomacia ambiental brasileira, que foi reativada com a nova gestão, tem na COP30 um de seus maiores desafios e oportunidades. O sucesso do evento em Belém dependerá, em grande parte, do engajamento dos países vizinhos e da capacidade de a região apresentar um plano coeso e ambicioso para a proteção da floresta. A Cúpula da Otca foi um passo importante nessa direção, pavimentando o caminho para que a COP30 seja um marco não apenas para o Brasil, mas para toda a bacia amazônica e para o planeta. A declaração de Lula à imprensa antes de seu retorno ao Brasil serviu como um resumo dos avanços e do otimismo gerado pelo encontro, reforçando a visão de que a cooperação é a única via para a sustentabilidade da Amazônia.

Veja também: Pro-Amazônia e o equilíbrio de forças financeiras na maior floresta tropical do mundo, crédito de US$ 750 mi para empresas na Amazônia Legal