Durante a Climate Week NYC, em Nova York, a Presidência da COP30 apresentou ao mundo uma inovação que promete transformar a forma como a sociedade global se conecta às conferências do clima: a Maloca. Mais do que uma plataforma digital, trata-se de um espaço virtual imersivo, pensado para derrubar barreiras geográficas e abrir caminho para uma participação mais inclusiva e democrática na ação climática.

A Maloca foi criada para ser um legado da COP30, que acontece em novembro em Belém. Sua concepção parte de três prioridades que orientam a presidência brasileira da conferência: revitalizar o multilateralismo, aproximar a agenda climática da vida cotidiana das pessoas e acelerar a implementação efetiva do Acordo de Paris.
Ao oferecer ambientes virtuais interativos, a Maloca permitirá que governos, organizações da sociedade civil, comunidades tradicionais e cidadãos comuns dialoguem em tempo real, ampliando a conferência para muito além das fronteiras amazônicas. Assim, a COP30 deixa de ser apenas um encontro restrito a delegações oficiais e passa a ser vivida como uma experiência global, acessível a qualquer pessoa conectada pela internet.
Inclusão digital e engajamento global
Segundo o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, a plataforma será essencial para garantir que vozes diversas, sobretudo do Sul Global, tenham peso nos resultados da conferência. “A Maloca nos ajuda a garantir que esta COP seja a mais inclusiva possível e que alcance outras gerações. Precisamos renovar a confiança no multilateralismo, nas Nações Unidas e na convicção de que trabalhar juntos é a única solução para enfrentar as mudanças do clima”, declarou durante o lançamento.
A plataforma foi desenvolvida em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que aposta na Maloca como uma inovação transformadora. Para Marcos Neto, diretor do Gabinete de Apoio a Políticas e Programas da entidade, a iniciativa ampliará o alcance da conferência: “Ela não é apenas uma ferramenta digital, mas um canal que amplifica vozes e soluções para mudar o mundo para melhor”.
A Secretaria de Clima, Meio Ambiente e Energia (Seclima) do Ministério das Relações Exteriores também integra a iniciativa, dentro da chamada “Rota para Belém”, que reúne esforços diplomáticos, científicos e tecnológicos para preparar a conferência.

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Estrutura e funcionalidades
A Maloca funciona como um portal global, disponível por site e aplicativos móveis (Google Play e App Store). Com tradução simultânea em sete idiomas, permite interações em tempo real entre pessoas de diferentes países e culturas.
Sua infraestrutura digital foi projetada para suportar até 7.200 eventos em 20 ambientes virtuais, operando 24 horas por dia durante os 15 dias da COP30. Um dos destaques é o Macaozinho, um assistente climático baseado em inteligência artificial e treinado exclusivamente em documentos oficiais da ONU. O recurso garante informações confiáveis, livres de desinformação e enviesamentos políticos, oferecendo suporte imediato aos usuários.
A possibilidade de inscrição de eventos já está aberta. Organizações não governamentais, governos, universidades e empresas podem propor debates, painéis e apresentações que serão hospedados dentro da plataforma. As propostas devem ser enviadas pelo site Route to Belém, até 12 de outubro. Os aprovados serão anunciados em 19 de outubro.
Uma rota de inovação
A ideia de desenvolver a Maloca surgiu ainda antes da COP29, realizada em Baku, e foi amadurecida a pedido de Corrêa do Lago. Durante sua fase inicial, a plataforma foi testada na Climate Week em Nova York, recebendo mais de 4 mil acessos de usuários espalhados por todos os continentes. Entre os destaques, esteve o painel sobre sustentabilidade ambiental e inteligência artificial promovido pela CODES (Coalition for Digital Environmental Sustainability).
Para a CEO da COP30, Ana Toni, a Maloca amplia o acesso a quem não pode estar fisicamente em Belém e cria uma rede contínua de debates climáticos. “Ela será o espaço para diálogos não apenas durante a conferência, mas ao longo de todo o ano, em um verdadeiro mutirão global de ideias”, afirmou.
Muito além de Belém
Ao lançar a Maloca, a presidência da COP30 sinaliza que a luta climática não se limita a encontros presenciais ou negociações entre chancelerias. Trata-se de uma agenda viva, que precisa do engajamento de todos, em todos os lugares.
Se a COP30 será histórica por ocorrer pela primeira vez na Amazônia, a Maloca projeta esse simbolismo para o espaço digital, criando um legado que pretende perdurar bem além de novembro.






































