Mutirão em Calçoene amplia acesso ao Floresta+ e regularização ambiental


O Mutirão de Atendimento Rural do Governo do Amapá voltou a movimentar comunidades distantes dos centros urbanos ao levar serviços socioambientais até Calçoene. A iniciativa, coordenada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), reforça uma diretriz que tem ganhado força na política pública estadual: aproximar direitos, regularizações e incentivos financeiros daqueles que administram diariamente as paisagens que mantêm a floresta viva no território amapaense.

Foto: Alexandra Flexa/GEA

Desde 2 de dezembro, a ação mobiliza agricultores familiares e pequenos produtores que dependem da regularização de documentos, do acesso a políticas ambientais e da orientação técnica para continuar produzindo sem abrir mão da conservação. Entre os serviços mais procurados está o Cadastro Ambiental Rural (CAR), instrumento nacional essencial para que cada propriedade rural seja identificada, monitorada e integrada a programas de fomento sustentável. O CAR não apenas atesta a situação ambiental da área, como funciona como porta de entrada para iniciativas de incentivo econômico, entre elas o Projeto Floresta+ Amazônia.

O projeto, vinculado a políticas federais de pagamento por serviços ambientais, já injetou mais de R$ 3,3 milhões na economia rural do Amapá apenas este ano, fortalecendo a renda de agricultores que mantêm sua vegetação nativa em dia. O benefício é direto: quem preserva a floresta recebe apoio financeiro para continuar fazendo isso — uma forma de associar proteção ambiental à estabilidade econômica em regiões onde o desmatamento muitas vezes é tratado como única alternativa.

Entre os atendidos está Francisco Souza, morador do Distrito do Carnot, que aguardava há anos uma oportunidade de se inscrever no programa. Ao relatar sua experiência, ele sintetiza o espírito da ação: acessar um direito que antes parecia distante. Contou ter chegado ao mutirão para tirar dúvidas e, ao final, saiu inscrito no Floresta+ Amazônia. Para o agricultor, o programa traz tranquilidade: o incentivo financeiro abre a possibilidade de manter a área preservada sem comprometer a produção familiar. Francisco afirma que, antes, tinha receio de que o programa exigisse obrigações complexas ou fosse difícil de entender; agora, compreende que a proposta é justamente apoiar o produtor que conserva.

No local, o atendimento é acompanhado pela equipe técnica do Floresta+ Amazônia. O agente local Patrick Farias explica que o programa estabelece pagamentos anuais que variam de R$ 1.500 a R$ 28 mil, dependendo do tamanho da área e da manutenção da floresta nativa registrada no CAR. O objetivo é reconhecer o valor ambiental das propriedades e fazer com que a conservação renda frutos também na economia. O agricultor que protege contribui para reduzir emissões, manter a biodiversidade e preservar recursos hídricos, mas também garante o sustento da própria família.

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Foto: Alexandra Flexa/GEA

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Além dos dois serviços mais procurados — CAR e Floresta+ —, a Sema oferece uma série de orientações que ajudam o produtor a compreender o conjunto de políticas públicas disponíveis. São explicações sobre documentos necessários, linhas de incentivo, práticas de produção de baixo carbono, manejo sustentável e alternativas para reduzir custos e impactos ambientais. A estratégia é integral: garantir que o agricultor não só se regularize, mas se fortaleça.

Para a secretária de Meio Ambiente, Taisa Mendonça, essa capilaridade representa uma marca do governo estadual, cuja gestão — sob liderança do Governo do Estado do Amapá — busca atuar “sem fronteiras”, aproximando a administração pública das realidades rurais e diminuindo a distância entre a capital e as comunidades isoladas. Ela ressalta que muitas famílias esperam meses ou anos por atendimento técnico, já que não conseguem arcar com deslocamentos até Macapá. Ao interiorizar os serviços, o mutirão reduz custos, otimiza tempo e fortalece a dignidade do trabalhador rural.

A agenda segue até o dia 5, na sede da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Calçoene, consolidando um esforço contínuo do Estado para inserir agricultores no ciclo de políticas que remuneram a conservação. Os mutirões não apenas resolvem pendências burocráticas; funcionam como sinal político de que a floresta em pé tem valor concreto e de que produtores rurais são aliados fundamentais na construção de um modelo de desenvolvimento que harmonize economia, território e natureza.