Assinaturas imunológicas no sangue podem indicar a presença de câncer de ovário até quatro anos antes dos métodos convencionais utilizados para diagnosticar a doença, sugere uma nova pesquisa.
O câncer de ovário é um dos tipos de câncer mais letais, com uma taxa de sobrevivência de cinco anos inferior a 51%. Cerca de 70% das pacientes com câncer de ovário apresentam câncer de ovário de alto grau (HGOC), no qual as células cancerosas parecem particularmente anormais e têm maior probabilidade de crescer e se espalhar do que os cânceres de baixo grau.
Como ocorre com muitos cânceres, o diagnóstico precoce e o tratamento — como cirurgia e quimioterapia — são essenciais para uma maior sobrevivência. Se esse tipo de câncer estiver localizado — ou seja, limitado aos ovários ou às trompas de Falópio — cerca de 93% das pacientes têm expectativa de sobreviver por cinco anos ou mais após o diagnóstico.
Infelizmente, a maioria das pacientes não é diagnosticada com HGOC até que o câncer esteja em um estágio avançado, o que significa que ele já se espalhou para outras partes do corpo. Nesses casos, a taxa de sobrevivência de cinco anos pode ser tão baixa quanto 31%.
Uma das razões para isso é que o HGOC não apresenta sintomas específicos nos estágios iniciais da doença. Além disso, durante esse período, os tumores são muito pequenos e os biomarcadores convencionais — como o teste de sangue CA-125, que detecta níveis elevados de uma proteína relacionada ao câncer — não são sensíveis o suficiente para detectá-los.
No entanto, as descobertas de um novo estudo, publicado em 14 de junho na revista Cell Reports Medicine, podem ajudar os médicos a diagnosticar o câncer de ovário muito mais cedo, permitindo um tratamento precoce antes que o câncer se espalhe e, potencialmente, uma sobrevivência mais longa.
No estudo, os pesquisadores descobriram um biomarcador imunológico no sangue que, segundo eles, poderia ser usado para detectar HGOC até quatro anos antes da maioria dos casos atualmente diagnosticados.
Eles identificaram esse biomarcador após analisar amostras de sangue de 466 pacientes que, dentro de cinco anos após a coleta da amostra, foram diagnosticadas com câncer de ovário usando testes clínicos convencionais.
Especificamente, a equipe notou grandes diferenças no número de células imunológicas chamadas células T no sangue dessas pacientes, que estavam preparadas para reconhecer e atacar células cancerosas, em comparação com aquelas encontradas no sangue de um grupo de comparação de mulheres que não desenvolveram câncer.
Esses sinais poderiam ser detectados de dois a quatro anos antes do diagnóstico e mostram que o sistema imunológico está ativamente combatendo a doença, disseram os autores do estudo.
A pesquisa ainda está em estágios iniciais. No entanto, essa “descoberta sem precedentes” pode um dia informar o desenvolvimento de novos testes que detectem esse biomarcador recém-identificado, disse a equipe.
“A detecção precoce do câncer de ovário pode significar a diferença entre a vida e a morte para milhões de mulheres”, disse Bo Li, coautor sênior do estudo e pesquisador do Centro de Medicina Computacional e Genômica do Hospital Infantil da Filadélfia, em um comunicado.
“Acreditamos que nossas descobertas podem ser um divisor de águas, fornecendo insights para o desenvolvimento de um biomarcador imunológico para detectar cânceres de ovário em estágio inicial.”