O Futuro da Cerveja na Era da Crise Climática: Uma Conversa com Jacob Aarup-Andersen, CEO da Carlsberg

Autor: Redação Revista Amazônia

A Carlsberg, uma das maiores cervejarias do mundo, vendeu mais de 125,4 milhões de hectolitros de cerveja em 2022, o que equivale a mais de 22 bilhões de pints. Com 140 marcas sob seu guarda-chuva, a empresa tem uma presença global significativa. No entanto, a indústria da cerveja está enfrentando desafios sem precedentes devido à crise climática, ao aumento do custo de vida e à crescente popularidade dos estilos de vida sem álcool.

Em uma conversa recente com Hannah Brown no episódio de The Big Question, Jacob Aarup-Andersen, o novo CEO da Carlsberg, discutiu esses desafios e o futuro da indústria cervejeira.

A Crise Climática e o Sabor da Cerveja

Aarup-Andersen acredita que a crise climática não resultará em um futuro sem cerveja. No entanto, ele reconhece que o setor está sob pressão. A escassez de água, as quebras de safras e os incêndios florestais estão limitando o fornecimento dos três principais ingredientes da cerveja – água, cevada e lúpulo.

O lúpulo é um ingrediente particularmente sensível. Cultivar a mesma variedade em diferentes solos e condições climáticas resulta em sabores totalmente diferentes. Isso significa que, à medida que os principais países produtores de lúpulo aquecem, podemos perder alguns sabores para sempre.

Quando questionado se isso significa que algumas de nossas cervejas favoritas podem mudar de sabor, Aarup-Andersen respondeu: “Acho que há uma chance de que eles mudem de sabor, mas não muito”.

A Carlsberg está trabalhando em seus laboratórios de pesquisa para criar lúpulos mais resistentes ao clima e imitar algumas das características do lúpulo de maneira sustentável, mas sintética, para mitigar essas mudanças.

Redução do Consumo de Água

A empresa também está trabalhando arduamente para reduzir seu consumo de água. Pequenas cervejarias artesanais às vezes usam até oito litros de água por litro de cerveja produzida. Grandes cervejarias industriais como a Carlsberg têm a capacidade de usar muito menos água.

A Carlsberg já reduziu o uso de água em 30%, para uma média de 2,5 litros de água por litro de cerveja, tornando-se uma das cervejarias mais eficientes do mundo. A empresa está investindo grandes quantias de dinheiro para agilizar ainda mais o processo.

“Nossa meta é descer para dois e, em áreas com risco hídrico, nossa meta é descer para 1,7 para garantir que estamos ajudando o ecossistema e a biodiversidade ao redor de nossas cervejarias”, explica Aarup-Andersen.

O Futuro da Carlsberg

Aarup-Andersen parece otimista sobre o futuro da Carlsberg. Ele espera que o álcool livre continue a ser um grande motor de crescimento na Europa. A empresa estabeleceu a meta de que 35% de suas vendas totais de cerveja devem ser de baixo ou nenhum álcool até 2030.

A Ásia continua a ser um mercado de grande crescimento, onde o volume de cerveja vendida está aumentando ano após ano. Na Europa, um mercado mais maduro significa que o crescimento do volume é mínimo.

Na Europa, o foco do produto também está se afastando lentamente da cerveja. Embora Aarup-Andersen insista que a cerveja ainda será uma proporção significativa de seus negócios, também há uma demanda crescente dos clientes pelo que a empresa chama de “além da cerveja”.

“Além da cerveja estão os hard seltzers, as sidras, esses tipos de bebidas. E estamos entrando em híbridos entre cerveja e outras bebidas”, diz Aarup-Andersen.

Com essas estratégias em vigor, a Carlsberg parece estar preparada para enfrentar os desafios do futuro e continuar a servir cervejas de qualidade para seus consumidores em todo o mundo. Aarup-Andersen conclui: “Há uma tendência emergente do consumidor em termos de querer experimentar mais cervejas”.


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