O mercado imobiliário privado após a tempestade econômica

A economia mundial enfrentou uma verdadeira tempestade nos últimos anos, provocada pela pandemia de COVID-19 e seus efeitos sobre a cadeia de suprimentos, a geopolítica e a confiança institucional. Um dos fenômenos mais marcantes desse período foi a alta da inflação, que desafiou as políticas monetárias e afetou os investimentos.

No entanto, após mais de 20 meses de combate à inflação, liderado pelo Federal Reserve dos EUA, há sinais de que a tempestade está se dissipando. As taxas de inflação globais caíram, as pressões da cadeia de suprimentos diminuíram e os mercados esperam taxas de longo prazo mais altas.

Publicidade

Nesse cenário de turbulência e transição, como ficou o mercado imobiliário privado? Quais foram os desafios e as oportunidades que ele enfrentou? Quais são as perspectivas para o futuro? Essas são algumas das questões que o Relatório Global de Investimento 2024 da Hines buscou responder, com base em dados e análises do setor.

O relatório mostrou que o mercado imobiliário privado teve um comportamento heterogêneo, dependendo do segmento, da região e do momento. Logo após o início da pandemia, houve um aumento da demanda por imóveis, impulsionado pela disponibilidade e pelo baixo custo do capital, e pela falta de alternativas de investimento. De acordo com a MSCI Real Capital Analytics, mais de US$ 3,1 trilhões (em vendas de US$ 25 milhões ou mais) foram transacionados do quarto trimestre de 2020 até meados de 2022. A Hines foi uma vendedora líquida durante esse período efervescente.

No entanto, esse movimento foi acompanhado por uma subscrição agressiva, que utilizou instrumentos de dívida de curto prazo e alta taxa de juros. Com a queda dos valores dos imóveis e o crescimento lento dos aluguéis, alguns proprietários enfrentaram problemas para honrar seus compromissos financeiros.

Além disso, o mercado imobiliário privado apresentou um hiato entre oferta e demanda, que se manteve amplo em alguns segmentos. Os volumes de transações nos últimos trimestres permaneceram relativamente baixos, mesmo quando comparados aos padrões pré-pandêmicos. Comparado à média de 2015-2019, os volumes anuais acumulados tiveram uma queda de 28% nas Américas, 50% na Europa e 10% na Ásia-Pacífico. Sem dados concretos de transações, alguns avaliadores foram conservadores em reduzir os ativos, criando uma disparidade entre o valor contábil e o valor de mercado potencial.

O relatório também destacou algumas tendências macroeconômicas que podem influenciar o mercado imobiliário privado no futuro. Entre elas, estão:

  • A queda das taxas de inflação globais, que passaram de 12,7% no final de 2022 para 3,7% entre uma seleção de 22 países desenvolvidos.
  • A diminuição das pressões da cadeia de suprimentos, que se refletiu no Índice de Pressão da Cadeia de Suprimentos Global do Fed, que se tornou negativo no final de 2022 e permaneceu assim desde então.
  • A expectativa de aumento das taxas de longo prazo, que podem ter um impacto mais pronunciado nas taxas de capitalização, à medida que o setor imobiliário compete por capital com outros ativos geradores de renda, principalmente os títulos.

Diante dessas tendências, o relatório da Hines apontou algumas oportunidades de investimento no mercado imobiliário privado, que podem se beneficiar da recuperação econômica e da inovação tecnológica. Entre elas, estão:

  • Os imóveis residenciais, que apresentam uma demanda resiliente e uma oferta limitada em muitos mercados, especialmente nos EUA e na Europa.
  • Os imóveis industriais, que se beneficiam do crescimento do comércio eletrônico e da necessidade de armazenamento e distribuição de mercadorias.
  • Os imóveis de uso misto, que oferecem flexibilidade e conveniência para os usuários, integrando moradia, trabalho, lazer e serviços em um mesmo espaço.
  • Os imóveis sustentáveis, que atendem às demandas sociais e ambientais dos investidores e dos ocupantes, reduzindo o consumo de energia e as emissões de carbono.

O relatório da Hines concluiu que o mercado imobiliário privado é um setor dinâmico e diversificado, que enfrentou desafios e oportunidades ao longo da tempestade econômica. Para o futuro, o relatório recomendou uma abordagem seletiva e estratégica, que considere as características de cada segmento, região e momento, e que busque imóveis de qualidade, com potencial de valorização e geração de renda.

Redação Revista Amazônia

Published by
Redação Revista Amazônia

Recent Posts

Quais os impactos de dormir por uma semana? O que acontece com nosso corpo?

Dormir é uma necessidade vital para o organismo, mas você já imaginou o que aconteceria…

2 horas ago

Armaduras “Líquidas” Inspiradas em Polvos Revolucionam Proteção Pessoal

Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveram um material revolucionário que promete transformar…

4 horas ago

Petrobras afirma ter cumprido todas as exigências do Ibama para exploração na Margem Equatorial

  Durante o Fórum Brasil de Energia, realizado na Federação das Indústrias do Estado do…

7 horas ago

Hortelã: cultivo saudável, erros comuns e como fazer mudas facilmente

A hortelã é uma das ervas mais versáteis e fáceis de cultivar, seja em jardins,…

7 horas ago

Computação Quântica Desvenda Mistério de Meio Século em Química

Em um avanço revolucionário, cientistas da IBM e da Cleveland Clinic utilizaram um computador quântico…

22 horas ago

Comércio global de vida selvagem

Quando as pessoas pensam em comércio de vida selvagem, elas frequentemente imaginam contrabandistas trazendo espécies raras…

23 horas ago

This website uses cookies.