O óleo lubrificante é essencial para o funcionamento de motores de veículos e maquinários industriais. No entanto, seu descarte inadequado representa um dos maiores desafios ambientais da atualidade. Um único litro de óleo pode contaminar até um milhão de litros de água, tornando-se uma ameaça grave aos ecossistemas aquáticos e ao solo.
Embora o óleo lubrificante seja derivado do petróleo, uma fonte não renovável, ele possui uma característica valiosa: pode ser reciclado diversas vezes por meio do processo de rerrefino. Essa tecnologia reduz a necessidade de extração de petróleo bruto e minimiza a pegada de carbono da indústria, tornando-se um pilar essencial da economia circular.
Uma das principais empresas do setor, a Lwart, tem liderado o processo de rerrefino no Brasil. Atualmente, a companhia investe R$ 1 bilhão para ampliar sua capacidade produtiva em Lençóis Paulista (SP), elevando a capacidade de rerrefino de 240 milhões para 360 milhões de litros de óleo lubrificante usado por ano.
A empresa se destaca por transformar 75% do óleo coletado em lubrificante novo, reduzindo drasticamente a necessidade de extração de petróleo. O restante dos resíduos é tratado para minimizar impactos ambientais. Além disso, a Lwart está construindo uma central termelétrica que funcionará com biomassa de replantio e resíduos de madeira, garantindo energia limpa para suas operações.
No Brasil, a destinação correta do óleo lubrificante usado é regulamentada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que determina que a única opção ambientalmente segura é o rerrefino. A queima desse resíduo, prática comum em pequenas indústrias, gera a emissão de metais pesados e gases poluentes.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2023 foram vendidos aproximadamente 1,3 bilhão de litros de óleo lubrificante no Brasil, dos quais cerca de 1 bilhão poderiam ser reaproveitados. No entanto, apenas 567 milhões de litros foram rerrefinados, evidenciando uma lacuna significativa na destinação adequada desse resíduo.
O restante, aproximadamente 450 milhões de litros, é descartado de forma inadequada, sendo parte queimada em processos industriais e outra perdida em vazamentos e pulverizações agrícolas. Para combater esse problema, empresas como a Lwart investem na conscientização sobre a importância do descarte correto e no aumento da capilaridade da coleta de óleo usado.
O conceito de “óleo verde” ainda gera debate na indústria. O óleo lubrificante rerrefinado reduz em até 75% as emissões de gases do efeito estufa em comparação ao óleo produzido diretamente do petróleo, de acordo com análises validadas pela consultoria Earth Shift Global. No entanto, por ser derivado de um combustível fóssil, sua classificação como um produto sustentável ainda não está consolidada.
Na Europa, os lubrificantes produzidos exclusivamente a partir de óleo reciclado já são uma realidade, mas no Brasil essa prática ainda enfrenta resistência por parte dos consumidores. Muitos acreditam que o rerrefino pode comprometer a qualidade do produto, quando na verdade os óleos regenerados atendem aos mesmos padrões técnicos dos convencionais.
Atualmente, a Lwart domina o mercado nacional de óleo do tipo G II, utilizado em veículos com motores mais modernos e menos poluentes. O óleo G III, sintético, é voltado para carros de última geração, enquanto o G I, mais rudimentar, atende máquinas pesadas e veículos antigos.
A tendência é que a demanda por lubrificantes sustentáveis cresça nos próximos anos, impulsionada por normas ambientais mais rígidas e pelo avanço da conscientização dos consumidores. Montadoras e indústrias já demonstram interesse em aumentar o uso de óleo rerrefinado em seus produtos, reforçando a viabilidade econômica e ambiental do processo.
Para atingir sua nova meta de rerrefino, a Lwart pretende ampliar sua rede de coleta e distribuição. Hoje, a empresa atua em 3.565 municípios e atende cerca de 80 mil clientes por ano, incluindo concessionárias e oficinas mecânicas.
Com o crescimento do setor, espera-se que novas bases de coleta sejam instaladas no Norte e Nordeste do país, regiões com menor infraestrutura para destinação correta do óleo usado. Além disso, a frota de caminhões responsáveis pela coleta será expandida de 440 para 660 veículos nos próximos anos.
O rerrefino de óleo lubrificante representa um avanço significativo para a sustentabilidade da indústria automobilística e industrial. Reduzindo a dependência do petróleo e minimizando impactos ambientais, o setor se alinha às diretrizes da economia circular e da transição para uma economia de baixo carbono.
O desafio agora é ampliar a conscientização sobre a importância da reciclagem do óleo lubrificante, garantindo que mais consumidores e empresas adotem práticas responsáveis. Com investimentos crescentes e regulações mais rigorosas, a tendência é que o mercado de óleo reciclado continue a se expandir, consolidando-se como uma alternativa viável e sustentável para o futuro da mobilidade e da indústria global.
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