Plano Estadual de Bioeconomia transforma a floresta em oportunidade para 400 mil famílias no Pará


O Pará consolidou-se como um dos principais laboratórios de inovação verde do mundo ao implantar o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) — uma política pioneira que já beneficiou mais de 400 mil famílias, movimentou R$ 9 bilhões em 13 cadeias produtivas e inspirou a criação do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, que será apresentado durante a COP30, em Belém.

Foto: Marcelo Lelis / Ag. Pará

Lançado há três anos pelo Governo do Pará, o PlanBio traduz em números o potencial da Amazônia de gerar riqueza preservando a floresta. São 2,3 mil negócios sustentáveis apoiados, com investimentos que somam quase R$ 1 bilhão. O programa promove o uso responsável dos recursos naturais e estimula modelos produtivos que unem inovação tecnológica, inclusão social e conservação ambiental.

Segundo Camille Bemerguy, secretária adjunta de Bioeconomia da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), o plano representa “uma das mais sólidas políticas públicas de transição ecológica na Amazônia, pois mobiliza comunidades, empreendedores e instituições em torno da floresta em pé como ativo econômico e social”.

Ela explica que o PlanBio tem como essência fortalecer cadeias produtivas sustentáveis — como as do açaí, cacau, castanha, óleos vegetais, mel e essências florestais — ao mesmo tempo em que estimula novos arranjos de negócios sustentáveis. “O Pará está mostrando que é possível crescer com responsabilidade, valorizando o conhecimento tradicional e impulsionando a inovação. Nosso Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia é o exemplo mais concreto desse novo paradigma”, afirma.

Um parque que une floresta, ciência e tecnologia

Inaugurado em outubro, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, localizado no Complexo Porto Futuro, em Belém, é o maior polo do setor na América Latina e o único parque tecnológico do mundo que tem como foco o uso sustentável do potencial da floresta amazônica. Instalado nos Armazéns 5 e 6 do antigo porto da capital paraense, o espaço foi concebido para abrigar startups, cooperativas e comunidades tradicionais, aproximando tecnologia, pesquisa científica e saberes locais.

O parque é, na prática, um laboratório vivo de soluções baseadas na natureza. Ali, empreendedores e cientistas desenvolvem produtos que vão desde cosméticos e alimentos naturais até bioplásticos e biofármacos, transformando a biodiversidade amazônica em vetor de inovação.

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Foto: Marcelo Lelis / Ag. Pará

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Negócios que nascem da sociobiodiversidade

Entre os negócios impulsionados pelo PlanBio está a JuCarepa, fundada por Juliana Monteiro, que utiliza cumaru, semente aromática amazônica, para desenvolver insumos destinados às indústrias alimentícia e cosmética. A empresa trabalha em parceria com extrativistas e agricultores familiares, transformando o fruto em pó, extrato e geleia por meio de biotecnologia.

Juliana define o PlanBio como “um salto de autonomia para quem vive da floresta”. Segundo ela, o acesso a maquinários e estrutura tecnológica por meio do Parque de Bioeconomia representa uma revolução silenciosa. “O grande desafio da Amazônia é verticalizar sua produção. Com o apoio do governo, conseguimos transformar recursos locais em produtos de alto valor agregado, sem sair do território”, destaca.

Rotas da Bioeconomia: o turismo da floresta viva

Em outubro, o governo lançou, em parceria com a Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio), o projeto Vitrine da Bioeconomia, que deu origem à Rota da Bioeconomia — um circuito turístico e comercial voltado à valorização dos produtos e experiências sustentáveis da região. A iniciativa prevê 11 rotas temáticas até o fim de 2026, com potencial para atrair 200 mil visitantes por ano e ampliar o alcance dos negócios locais.

Mais do que uma ação de fomento, a proposta busca aproximar consumidores, comunidades e empreendedores, reforçando o conceito de “floresta viva” como eixo de desenvolvimento.

Governança, dados e transparência

Para garantir que os investimentos do PlanBio sejam acompanhados com rigor, o Pará desenvolveu uma plataforma de gestão integrada, que conecta 18 secretarias e órgãos executores das ações de bioeconomia. O sistema atualiza mensalmente indicadores sobre volume de recursos aplicados, pessoas beneficiadas e impacto ambiental, fortalecendo a transparência e o monitoramento contínuo das políticas públicas.

Um modelo para o Brasil

Os resultados do PlanBio colocam o Pará no centro do debate global sobre o futuro da Amazônia. O modelo será base do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, a ser lançado durante a COP30, em Belém. O estado torna-se, assim, referência em economia de baixo carbono, valorização de saberes tradicionais e inovação tecnológica a partir da biodiversidade.

“O PlanBio mostra que desenvolvimento e conservação não são opostos, mas faces da mesma estratégia de futuro”, resume Camille Bemerguy.