COP 30

Municípios paraenses ganham palco global no Pavilhão Pará na COP30

O estado do Pará prepara-se para ocupar seu lugar central na cena global do clima. Em Belém, palco da COP30 entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, surge o “Pavilhão Pará – Municípios na COP30”, uma iniciativa ousada concebida para dar voz e visibilidade às 144 cidades paraenses num encontro que congrega mais de 190 países. A proposta – articulada pelo governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Turismo (SETUR) – coloca os municípios como protagonistas da construção de soluções locais para os desafios climáticos, sociais e econômicos da Amazônia.

Montado no Centro de Convenções Centenário da Assembleia de Deus, na avenida Augusto Montenegro, o Pavilhão oferece estandes padronizados de 16 metros quadrados para cada município. Haverá também praça de alimentação, palco para apresentações culturais e espaços dedicados à roda de conversa e à gravação de podcasts. A escolha de um espaço amplo, organizado e com foco em visibilidade internacional reflete a convicção de que os municípios não são meros observadores no processo climático, e sim atores ativos na construção de novas narrativas de desenvolvimento. Durante o evento de lançamento, o governador do Pará lembrou que “todos os 144 municípios terão um espaço para mostrar seus projetos de sustentabilidade, gastronomia, habilidades e riquezas”.

Esse Pavilhão marca uma virada estratégica: ao invés de a COP representar apenas uma arena de formulação de políticas nacionais sobre clima, o Pavilhão Pará propõe que comunidades locais, territórios isolados ou pouco visibilizados, participem de igual para igual, mostrem suas iniciativas, troquem experiências e articulem parcerias. Em uma região reconhecida pela floresta em pé e por modos de vida tradicionais, essa plataforma assume papel simbólico e prático para inserir as cidades — pequenas e maiores — na agenda global. É uma mudança de perspectiva: de “áreas afetadas” a “terrenos de inovação”.

Ag. Pará

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Os prefeitos que estiveram no lançamento ressaltam esse significado. Em Castanhal, o prefeito destacou que o evento “vai muito além de encontro entre líderes mundiais. É um chamado à ação, um momento para repensarmos como produzimos, consumimos e cuidamos do nosso planeta”. Em Tomé-Açú, o prefeito salientou o desejo de apresentar ao mundo “o sistema pioneiro em agrofloresta, baseado na diversidade cultural e produtiva da Amazônia… nossa gastronomia, cultura, economia criativa, artesanato e a história centenária da imigração japonesa”. Essas falas surpreendem pelo tom de oportunidade: não mais apenas se adaptar à crise, mas reinventar caminhos de desenvolvimento.

A gestão técnica do Pavilhão, coordenada pela SETUR, incluiu a montagem dos estandes e o suporte técnico para as prefeituras, o que reforça que haverá condições práticas para que os municípios participem com estrutura organizada. Além disso, por meio do edital publicado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade – SEMAS para a Zona Verde da COP30, ficou assegurada a presença de diversas instâncias da sociedade — setor privado, organizações não-governamentais, povos indígenas e comunidades tradicionais — dentro do Pavilhão. É um desenho que busca articular turismo, cultura, bioeconomia, produção local e conectividade internacional.

Na leitura analítica, o Pavilhão Pará representa três movimentos simultâneos: primeiro, a afirmação de que o combate às mudanças climáticas passa por territórios locais; segundo, que o desenvolvimento sustentável na Amazônia pode ganhar visibilidade global e parcerias estratégicas; e terceiro, que a cultura, a gastronomia, a economia criativa e a bioeconomia estão intrinsecamente ligadas à agenda climática — já não se trata apenas de reflorestamento ou mitigação, mas de produção de valor nos territórios tropicais. A COP30 vira, assim, palco para que cidades do Pará mostrem que podem articular preservação ambiental e crescimento econômico de base local.

Ao final, o Pavilhão não será somente uma vitrine, mas um laboratório de articulação entre municípios, Estado, setor privado e comunidade global. Se bem aproveitado, poderá deixar um legado concreto: conexões internacionais, investimentos, visibilidade para produtos regionais, reforço de identidade territorial e fortalecimento das cidades paraenses em redes de cooperação. Em suma, ele redefinirá o papel dos municípios na Amazônia: de peça passiva a elo ativo na rede global de soluções climáticas.

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