Maus hábitos de sono estão ligados a condições de saúde crônicas a longo prazo. Para elucidar essa conexão, cientistas descobriram quatro padrões distintos que caracterizam como a maioria das pessoas dorme.
Os achados foram divulgados em 16 de fevereiro em um estudo no periódico Psychosomatic Medicine. A pesquisa foi conduzida por Soomi Lee, professora de desenvolvimento humano e estudos familiares na Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
O grupo de Lee utilizou uma amostra de 3,7 mil adultos participantes do estudo “Meia vida nos EUA (MIDUS)” e coletou dados em dois momentos, com um intervalo de 10 anos, sobre os hábitos de sono dos voluntários e suas condições crônicas de saúde.
A análise englobou hábitos de sono autorrelatados, satisfação percebida com o sono, estado de alerta diurno, regularidade e duração do sono, bem como o número e tipos de condições crônicas. Com base nisso, os pesquisadores identificaram quatro padrões distintos de pessoas que dormem:
- Bons dorminhocos: aqueles que conseguem manter hábitos de sono ideais em todos os pontos de dados;
- Dormidores irregulares: pessoas que têm, em média, uma duração curta de sono, mas com tempo de sono mais longo nos finais de semana ou em dias não úteis;
- Sofredores de insônia: pessoas com problemas de sono, como curta duração do descanso, muito cansaço diurno e dificuldade para adormecer;
- Tiradores de cochilos: indivíduos com um bom sono, mas que cochilam frequentemente durante o dia. A pesquisa indicou que mais da metade dos participantes se enquadraram no sono com insônia ou cochilos (ambos considerados de qualidade abaixo da média). No entanto, pessoas que tiveram insônia ao longo de 10 anos foram associadas a uma maior probabilidade de condições crônicas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes e depressão.
Resultados da Análise de Padrões de Sono Os resultados mostraram que raramente as pessoas mudam seus padrões de sono – principalmente quem sofre de insônia e os tiradores de cochilos. “Esses resultados podem sugerir que é muito difícil mudar nossos hábitos de sono porque a saúde do sono está incorporada em nosso estilo de vida geral”, disse Lee, em comunicado.
A pesquisadora defende a necessidade de mais esforços para educar o público sobre uma boa saúde do sono. Ela cita comportamentos importantes para dormir melhor, como não usar celular na cama, praticar exercícios regularmente e evitar cafeína no final da tarde.
O estudo estabeleceu os padrões de sono sem relação com a faixa etária, porém, os cientistas notaram que os adultos aposentados e mais velhos eram mais propensos a serem cochiladores. Eles também observaram que pessoas com menos educação e em situação de desemprego tinham maior propensão a sofrer com insônia.
A fase da vida e as condições econômicas podem influenciar de forma duradoura nos padrões de sono, de acordo com Lee. Além disso, a líder da pesquisa sugere que as influências sociais e do ambiente local – incluindo acesso à saúde e fatores de estresse – podem ter efeitos significativos na saúde do indivíduo e, neste caso, nos hábitos de sono.
Segundo os pesquisadores, as descobertas sugerem a necessidade de intervenções e programas de prevenção direcionados com base em variados fatores, como o risco de condições crônicas de saúde e vulnerabilidade econômica.
“Se pudermos melhorar o sono quase todos os dias, que resultados poderemos ver após vários meses, ou até mesmo vários anos?”, questiona Lee. “Melhores hábitos de sono podem fazer muitas diferenças significativas, desde melhorar os relacionamentos sociais e o desempenho no trabalho até promover comportamentos saudáveis a longo prazo e um envelhecimento saudável”, ela argumenta.