Plano Safra: Financiamento Público e o Impacto do Desmatamento

Autor: Redação Revista Amazônia

Entre 2020 e 2024, cerca de R$ 205,6 bilhões do Plano Safra foram destinados a propriedades com registros de desmatamento, segundo um estudo divulgado pela Climate Policy Initiative (CPI). Esse montante equivale a 36% de todo o crédito rural subsidiado com recursos federais no período.

A análise considerou desmatamentos registrados desde 2009, em linha com a anistia prevista pelo Código Florestal para áreas desmatadas antes de julho de 2008. Os bancos públicos lideraram as concessões de crédito a essas propriedades, destacando-se o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste, responsáveis por 70,8% e 51,9%, respectivamente.

Financiamento e a Recorrência do Desmatamento

Embora apenas 8,4% do crédito tenha sido direcionado a propriedades que desmataram após receber o financiamento, a pesquisa sugere que os recursos podem estar indiretamente apoiando práticas recorrentes de desmatamento. Isso reforça a necessidade de dissociar subsídios públicos de atividades que envolvam desmatamento, mesmo quando consideradas legais.

Cerca de 17% dos recursos foram para propriedades com desmatamento entre 2020 e 2023, enquanto 15% se referem a áreas com desmatamento entre 2013 e 2019, e 4% entre 2009 e 2012. O levantamento destaca que práticas de desmatamento frequente podem estar sendo financiadas pelo crédito rural subsidiado.

A Contribuição de Bancos Públicos

Bancos públicos tiveram papel preponderante no financiamento de áreas desmatadas. Além do Banco da Amazônia e do Banco do Nordeste, outras instituições como Caixa Econômica Federal (49%), Banrisul (48%) e Banco do Brasil (36%) também destinaram consideráveis parcelas de crédito rural para essas propriedades.

Os percentuais são baseados no total de crédito rural desembolsado entre agosto de 2023 e julho de 2024, reforçando a necessidade de um maior controle sobre os critérios de concessão de financiamento público.

Uma Mudança Necessária

O estudo recomenda que os recursos públicos sejam direcionados exclusivamente a produtores que promovem práticas sustentáveis, alinhadas com a mitigação das crises ambiental e climática. A proposta visa desvincular os financiamentos de qualquer tipo de desmatamento, fortalecendo iniciativas que combatam a degradação ambiental.

Além disso, é essencial que os critérios para concessão de crédito rural priorizem atividades que conservem a vegetação nativa e promovam o uso sustentável dos recursos naturais.

Casos de Infrações Relacionados a Créditos de Biodiversidade

Em um caso relacionado, um empreendimento na Amazônia certificado para geração de créditos de biodiversidade foi multado por desmatamento ilegal na mesma área destinada ao projeto. A empresa responsável foi autuada duas vezes pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) em 2023, somando R$ 213 mil em multas e embargos.

O caso reforça a necessidade de maior fiscalização e transparência nos processos relacionados a financiamentos públicos e iniciativas ambientais.

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Para mais informações sobre o impacto do crédito rural e desmatamento, acesse o site da PUC-Rio e confira o estudo completo da Climate Policy Initiative.


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