Inclusão produtiva avança e redesenha o desenvolvimento regional


Inclusão produtiva como política de reequilíbrio territorial

Em 2025, a inclusão produtiva deixou de ser apenas um conceito programático para se afirmar como eixo estruturante da política de desenvolvimento regional no Brasil. Ao longo do ano, iniciativas coordenadas pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) transformaram diretrizes em ações concretas nos territórios mais vulneráveis do país, conectando produtores, comunidades e economias locais a mercados, infraestrutura e inovação. O avanço ocorreu por meio de programas integrados que articularam desenvolvimento econômico, justiça territorial e valorização das identidades produtivas regionais.

Reprodução - Ag. Brasil

Sob a coordenação da Secretaria Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial (SDR), o governo federal ampliou investimentos, redesenhou estratégias e recuperou instrumentos que estavam paralisados havia anos. O resultado foi uma política mais capilar, que alcançou áreas rurais, regiões ribeirinhas, comunidades tradicionais, cidades intermediárias e polos produtivos historicamente marginalizados das dinâmicas nacionais de crescimento.

Esse movimento não se restringiu à alocação de recursos, mas envolveu a construção de arranjos territoriais, o fortalecimento do diálogo federativo e a aposta em soluções adaptadas às realidades locais — uma mudança significativa em relação a modelos centralizados e pouco sensíveis à diversidade regional brasileira.

Mercados populares e rotas produtivas como motores locais

Entre as iniciativas mais emblemáticas de 2025 está o lançamento do Programa Mercado do Povo, concebido para fortalecer mercados municipais, feiras livres e espaços públicos de comercialização. A proposta parte de um princípio simples, mas poderoso: sem infraestrutura digna, pequenos produtores não acessam mercados, não agregam valor e permanecem presos a ciclos de baixa renda. O programa prevê a implantação de 136 mercados municipais modulares, priorizando municípios com maior vulnerabilidade socioeconômica e déficits históricos de infraestrutura.

Ao requalificar espaços de venda, capacitar produtores e articular estados e prefeituras, o Mercado do Povo ampliou o acesso da população a alimentos de qualidade e impulsionou economias locais ancoradas na agricultura familiar e no empreendedorismo popular. Para o secretário nacional Daniel Fortunato, a iniciativa traduz o espírito da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) ao enfrentar desigualdades diretamente onde elas se manifestam: no território e no cotidiano das pessoas.

Paralelamente, as Rotas de Integração Nacional, coordenadas pelo MIDR, ganharam novo fôlego. Em 2025, a estratégia passou a reunir 13 rotas produtivas e 79 polos, abrangendo cadeias como açaí, cacau, mel, pescado, mandioca, fruticultura, biodiversidade, moda e tecnologia da informação, além das articulações para a criação da Rota do Café. A incorporação da Rota da Integração Comercial ampliou o alcance da política, conectando produção, logística e mercado.

As Rotas transformaram políticas públicas em redes vivas de cooperação, aproximando produtores, cooperativas, centros de pesquisa e compradores. O impacto foi além das fronteiras nacionais, com missões técnicas e comerciais realizadas na Espanha, Portugal, Itália, Eslovênia e Egito, incluindo a participação na feira Food Africa 2025. Essas agendas abriram novos mercados, fortaleceram o cooperativismo e projetaram produtos brasileiros com identidade territorial no cenário internacional.

6d052b83-5b6f-4aca-8f51-7140115e1f64-400x239 Inclusão produtiva avança e redesenha o desenvolvimento regional
Foto: Divulgação/Agência Brasil

SAIBA MAIS: Pará aposta na economia circular como caminho para a descarbonização e inclusão social

Infraestrutura, inovação e economia do mar

Outro pilar decisivo da agenda de 2025 foi a pavimentação de baixo custo, uma solução pensada para realidades onde grandes obras são inviáveis, mas a falta de estradas compromete toda a dinâmica produtiva. Ao adotar tecnologias adequadas e utilizar mão de obra local, a iniciativa reduziu custos logísticos, facilitou o escoamento da produção e ampliou o acesso a serviços públicos, ao mesmo tempo em que gerou impactos positivos na saúde e na mobilidade.

No campo da inovação, o Programa Inova destacou-se ao disponibilizar equipamentos e máquinas adaptadas às necessidades locais por meio de Atas de Registro de Preços. Tratores, retroescavadeiras, caminhões e veículos leves passaram a integrar projetos de desenvolvimento territorial, fortalecendo arranjos produtivos locais e ampliando a competitividade das economias regionais. A proposta foi clara: inovação não é apenas alta tecnologia, mas soluções práticas que ampliam oportunidades onde elas são escassas.

A oficialização do Programa Amazônia Azul marcou um avanço na política voltada à economia do mar. Integrado de forma permanente à estratégia de desenvolvimento regional, o programa reconhece o potencial produtivo, social e ambiental das zonas costeiras e ribeirinhas. Cadeias como pesca, aquicultura e turismo sustentável passaram a ser tratadas de forma estruturada, com ações em ciência, inovação e capacitação, respeitando os modos de vida de comunidades tradicionais.

Segundo João Mendes, diretor do Departamento de Políticas de Desenvolvimento Regional e Ordenamento Territorial do MIDR, muitas áreas litorâneas ainda convivem com pobreza estrutural e dificuldade de acesso a mercados. A Amazônia Azul surge, nesse contexto, como instrumento para combinar desenvolvimento econômico com preservação ambiental e justiça social.

Ordenamento territorial e o futuro do desenvolvimento regional

Em 2025, a Política Nacional de Ordenamento Territorial (PNOT) chegou à sua etapa final, consolidando uma abordagem que busca fortalecer a resiliência dos territórios diante de transformações sociais, econômicas e climáticas. Coordenada pelo MIDR, a política introduz a contratualização territorial como ferramenta inovadora, estimulando pactos entre governos, setor produtivo e sociedade civil para alinhar interesses e estratégias de longo prazo. A versão final será apresentada à Casa Civil da Presidência da República e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva até fevereiro de 2026.

Outro marco relevante foi a retomada do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRSX). Após anos de paralisação, o Comitê Gestor homologou 45 projetos, garantindo a destinação de R$ 49,4 milhões para ações de ordenamento territorial, infraestrutura, fomento produtivo, inclusão social e apoio a povos indígenas e comunidades tradicionais. Os recursos serão aplicados em cinco eixos temáticos, consolidando um modelo de desenvolvimento que alia proteção ambiental e geração de renda.

Completando o mosaico de iniciativas, os Programas Cidades Intermediadoras, o Desenvolvimento em Jogo — que inovou ao comunicar políticas públicas de forma lúdica — e o Programa BioRegio reforçaram a ideia de que desenvolvimento regional exige diversidade de instrumentos. Ao apostar na bioeconomia, na inovação social e no protagonismo local, o governo sinalizou que a inclusão produtiva não é apenas uma política econômica, mas um projeto de país.