Saiba por que o quati se adapta tão bem a áreas urbanas

Autor: Redação Revista Amazônia

É cada vez mais comum encontrar um quati circulando por praças, parques urbanos ou até mesmo em quintais. De aparência simpática e comportamento curioso, esse mamífero silvestre parece ter aprendido a conviver com a presença humana como poucos animais. Mas o que explica essa habilidade de adaptação tão eficaz às áreas urbanizadas? A resposta está em seu comportamento oportunista, dieta variada e inteligência social — características que transformam o quati em um verdadeiro mestre da sobrevivência nas cidades.

Hábito alimentar flexível favorece o quati

Um dos principais motivos pelos quais o quati se adapta tão bem a áreas urbanas é sua alimentação oportunista. Diferente de animais com dieta restrita, o quati é onívoro e consegue tirar proveito de diversos tipos de alimento disponíveis nas cidades. Ele consome frutas, insetos, ovos, pequenos vertebrados e, principalmente, restos de comida humana que encontra em lixeiras, caçambas e calçadas.

Esse comportamento, embora traga riscos como ingestão de alimentos contaminados ou ultraprocessados, permite ao quati sobreviver em ambientes nos quais outros animais silvestres sucumbiriam por falta de alimento. Além disso, sua habilidade de farejar comida a longas distâncias o ajuda a identificar fontes constantes de alimento nas zonas urbanas.

Sociabilidade que facilita a exploração

O quati também se destaca por ser uma espécie bastante gregária. É comum encontrá-los em bandos que podem reunir de 10 a 20 indivíduos, geralmente fêmeas e filhotes, já que os machos adultos vivem sozinhos. Essa vida em grupo oferece vantagens como proteção coletiva e maior eficiência na busca por comida — algo que se reflete diretamente na sua capacidade de ocupação de espaços urbanos.

A comunicação entre os membros do grupo é feita por meio de grunhidos, assobios e até movimentos corporais. Essa inteligência social permite, por exemplo, que compartilhem alertas sobre perigos ou novas fontes de alimento — como uma praça onde crianças costumam deixar restos de lanches ou um ponto de descarte irregular de resíduos.

Ágil, curioso e bom escalador

A anatomia do quati também colabora com sua presença nas cidades. Seu corpo é ágil, com patas fortes e garras afiadas que facilitam tanto a escavação quanto a escalada. Ele sobe em árvores, muros e até telhados com facilidade, o que amplia seu acesso a nichos alimentares e abrigos que outros animais urbanos, como cães ou gatos, não conseguem alcançar.

Além disso, o focinho alongado e flexível é uma ferramenta precisa para vasculhar pequenos espaços, revirar latas de lixo ou encontrar larvas escondidas no solo. Tudo isso torna o quati um verdadeiro explorador urbano, sempre pronto a investigar qualquer espaço que possa conter alimento ou abrigo.

Locais preferidos nas cidades

Em geral, os quatis preferem áreas de transição entre a mata e a cidade — como parques urbanos, reservas naturais cercadas por bairros ou zonas rurais em processo de urbanização. Nessas regiões, ainda encontram árvores, abrigo e uma boa oferta de alimento tanto natural quanto proveniente da atividade humana.

Eles também são frequentemente vistos em condomínios próximos a matas ou em cidades turísticas com áreas verdes, como Campos do Jordão, Petrópolis e Foz do Iguaçu, onde já viraram até atração. Porém, sua presença crescente também levanta preocupações quanto ao equilíbrio ecológico e aos conflitos com humanos.

Impactos da urbanização para os quatis

Apesar da boa adaptação, a presença em áreas urbanas expõe os quatis a diversos riscos. Muitos acabam atropelados, envenenados por restos de alimentos inadequados ou doentes por contato com lixo contaminado. Além disso, o excesso de contato com humanos pode causar alterações no comportamento dos animais, tornando-os mais dependentes do alimento artificial e vulneráveis a maus-tratos.

Outro ponto de alerta é a transmissão de doenças, tanto de humanos para quatis quanto o contrário. Em algumas regiões, quatis são vetores de zoonoses como raiva, leptospirose e toxoplasmose, o que exige uma abordagem equilibrada entre conservação e saúde pública.

A importância de políticas de convivência

Diante desse cenário, cresce a necessidade de políticas públicas que promovam uma convivência harmônica entre humanos e quatis. Isso inclui campanhas de conscientização para evitar o oferecimento de alimentos, reforço na proteção de lixeiras, implantação de corredores ecológicos e monitoramento populacional por biólogos e veterinários.

Algumas cidades já adotam medidas interessantes, como sinalização em áreas de ocorrência frequente, programas de monitoramento com câmeras e ações de educação ambiental junto às comunidades próximas de matas urbanas. Afinal, preservar o quati e outros animais silvestres é também preservar a biodiversidade que resiste mesmo em meio ao concreto.

Um símbolo da resiliência na natureza

O quati representa, talvez como poucos animais, a capacidade da vida silvestre de se adaptar e resistir às transformações causadas pelo ser humano. Ao observar esse pequeno mamífero atravessando uma praça ou escalando um muro, vale refletir: será que estamos preparados para conviver com a natureza ao nosso redor, ou vamos continuar empurrando-a para longe? A presença do quati é um lembrete de que a cidade também pode — e deve — ter espaço para o natural.

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