Saberes da floresta: 10 povos indígenas que preservam a Amazônia


A Amazônia não é apenas uma floresta de árvores gigantes e rios caudalosos; é também o lar de uma enorme diversidade de povos indígenas, cada um com sua própria língua, cultura e tradições únicas. Esses grupos, que vivem em profunda conexão com o ambiente, atuam como guardiões da floresta. Eles utilizam os recursos de forma sustentável, transmitindo saberes ancestrais de geração em geração. A sua existência e resistência são fundamentais para a preservação da biodiversidade e para a manutenção de um patrimônio cultural que enriquece a identidade do Brasil e do mundo. Conheça dez comunidades indígenas que representam a riqueza e a resiliência da Amazônia.

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Foto: divulgação

Yanomami

Os Yanomami vivem em uma das áreas mais remotas da floresta, entre o Brasil e a Venezuela. Sua cultura é rica em rituais de cura, onde os xamãs utilizam plantas medicinais para restabelecer o equilíbrio e a saúde. A organização social é baseada em grandes moradias coletivas, as malocas, que abrigam diversas famílias e reforçam o senso de comunidade. A subsistência Yanomami depende da caça, pesca e de uma agricultura itinerante que respeita os ciclos da floresta.

Kayapó

Localizados principalmente no Pará e Mato Grosso, os Kayapó são famosos por sua histórica e contundente luta pela preservação da Amazônia. Eles dominam técnicas de manejo florestal que mantêm a floresta em pé e são mestres no artesanato de cerâmica, trançado e em pinturas corporais vibrantes, que simbolizam a hierarquia social e a relação com a natureza. Suas danças, músicas e rituais são formas de resistência e de transmissão de histórias e ensinamentos ancestrais.

Tikuna

Os Tikuna, que habitam regiões próximas ao alto Rio Solimões, são a etnia mais numerosa da Amazônia brasileira. Eles se destacam pelo uso sofisticado da cerâmica, com máscaras e figuras rituais, e por sua língua própria, uma das mais faladas na região. Realizam festas tradicionais, como a festa da moça nova, ou Kuarup, que, embora seja uma celebração de passagem, também homenageia os mortos e fortalece a coesão social e cultural da comunidade.

Ashaninka

Presentes principalmente no Acre e na fronteira com o Peru, os Ashaninka são um exemplo de resistência e de conexão com o meio ambiente. Eles são conhecidos por serem habilidosos em artesanato de palha e cerâmica, além de praticarem uma agricultura de roça itinerante, que evita o esgotamento do solo. Suas práticas culturais incluem rituais de iniciação e celebrações ligadas à natureza, que reafirmam seu compromisso com a floresta e seus recursos.

Waiãpi

Distribuídos no Amapá e na Guiana Francesa, os Waiãpi são um povo que valoriza as pinturas corporais e faciais feitas com o urucum. Eles vivem em pequenas aldeias e mantêm uma relação próxima com rios e florestas, utilizando as plantas para alimentação, remédios e rituais sagrados. Sua cultura é marcada por uma rica mitologia e por um profundo conhecimento sobre a fauna e a flora local.

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Huni Kuin (Kaxinawá)

Localizados no Acre e Amazonas, os Huni Kuin são conhecidos por suas artes plásticas, como os grafismos do kenê, e por um vasto conhecimento de plantas medicinais e rituais xamânicos. Suas cerimônias envolvem cantos, danças e o uso de substâncias naturais que fortalecem a ligação espiritual com a floresta. Eles são um dos povos que mais cresce na região, e sua cultura é um símbolo de resistência e vitalidade.

Baniwa

Os Baniwa vivem nas margens de rios como o Negro e o Içana e são exímios pescadores e artesãos. Eles produzem cestos e utensílios a partir de fibras naturais, utilizando técnicas de trançado complexas e únicas. Também mantêm uma rica tradição de narrativas orais, com mitos de criação e histórias que celebram a vida comunitária e a conexão com o rio, o seu principal provedor.

Kayapó Xikrin

Um subgrupo dos Kayapó, os Xikrin preservam rituais de iniciação masculina e feminina, artesanato de contas e cerâmica, e técnicas de manejo de roça e caça. Sua luta pela preservação de territórios é uma referência no combate ao desmatamento e na defesa dos direitos indígenas. Sua coragem e determinação são um exemplo para todo o movimento de conservação.

Munduruku

Habitantes da bacia do Rio Tapajós, os Munduruku são conhecidos por sua resistência cultural diante de invasões de garimpeiros e madeireiros. Eles detêm um vasto conhecimento sobre o rio e a floresta, o que lhes permite viver em harmonia com o ambiente. Realizam festas de iniciação e usam pinturas corporais, cantos e danças para marcar momentos importantes da comunidade e reafirmar sua identidade.

Suruí

Localizados no Acre, os Suruí valorizam o reflorestamento e o manejo sustentável da floresta. Eles desenvolveram projetos de educação ambiental e preservação de tradições, servindo de exemplo de integração entre cultura e conservação. A sua luta contra o desmatamento e o uso de tecnologias para monitorar a floresta mostram como a tradição pode se aliar à modernidade para proteger o futuro.