Natureza como um CEO, a sustentabilidade redefinindo o futuro das organizações

Autor: Redação Revista Amazônia

 A pressão por práticas sustentáveis nunca foi tão intensa. Em 2025, com a crise climática avançando e o consumo consciente ganhando força, empresas e cooperativas enfrentam um novo paradigma: o meio ambiente não pode mais ser um aspecto secundário, ele precisa estar no centro das estratégias de negócios.

O conceito de “Natureza como CEO“, cunhado pela consultoria global WGSN, reflete essa mudança estrutural. A ideia sugere que as organizações devem tomar decisões como se a própria natureza fosse sua principal liderança, garantindo que o crescimento econômico ocorra sem comprometer os recursos naturais. Essa abordagem vai além do marketing sustentável, exigindo mudanças reais e estruturais nos modelos de negócios.

Para as cooperativas, que tradicionalmente já atuam com base na colaboração e na responsabilidade social, esse movimento representa uma grande oportunidade de se consolidar como referência em desenvolvimento sustentável.

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Sustentabilidade como Pilar de Crescimento

A adoção de práticas sustentáveis não é mais uma escolha, mas um requisito para a longevidade dos negócios. Um estudo realizado pela PwC em 2021 com 165 cooperativas brasileiras revelou que:

  • 74% dos dirigentes consideram ESG um tema essencial para o setor.
  • 51% acreditam que estratégias sustentáveis são fundamentais para atrair e reter cooperados.
  • 75% das cooperativas já incorporaram compromissos sociais e ambientais em seus planejamentos estratégicos.

Os dados mostram que o cooperativismo brasileiro já está trilhando um caminho sustentável, mas o desafio agora é intensificar essas práticas e torná-las parte integral da gestão corporativa.

“As organizações que não se adaptarem a essa nova realidade correm o risco de perder relevância, enfrentar dificuldades financeiras e comprometer seu futuro”, alerta Eduarda Tolentino, CEO da BRZ Empreendimentos. Segundo a especialista, a sustentabilidade já não é mais um diferencial – é um fator determinante para a sobrevivência no mercado.

Exemplos de Cooperativas que Já Adotaram a Sustentabilidade

Algumas cooperativas brasileiras já estão incorporando a sustentabilidade de forma estruturada e inovadora.

A Sicredi Centro Norte, por exemplo, inaugurou uma usina solar capaz de abastecer 140 agências e sedes administrativas, reduzindo sua pegada de carbono em mais de 24 mil toneladas ao longo dos próximos 25 anos.

Já a Cooperativa Agrária Agroindustrial criou o Programa Agrária de Gestão Rural (PAGR), focado na implementação de boas práticas agrícolas e assistência técnica especializada. O objetivo é tornar a produção agrícola mais eficiente e com menor impacto ambiental.

No setor de energia, o Sicoob Aracoop, que opera nos estados de Minas Gerais e Pará, está investindo em projetos de financiamento para energias renováveis, incluindo a construção da Usina Fotovoltaica da Associação dos Usuários do Projeto Pirapora (AUPPI).

Esses exemplos mostram que as cooperativas não apenas aderem à sustentabilidade, mas também a utilizam como ferramenta de inovação e competitividade.

A Sustentabilidade Como Vantagem Econômica

Além dos benefícios ambientais, a adoção de práticas sustentáveis traz vantagens financeiras para as cooperativas.

“Adotar práticas mais sustentáveis e centralizar a natureza nas decisões corporativas também tem benefícios econômicos”, afirma Eduarda Tolentino. “A eficiência no uso de energia, a redução de desperdícios e a reutilização de materiais podem resultar em economias significativas”.

Cooperativas que investem em inovação sustentável tendem a ser mais eficientes em termos de custos, tornando-se mais competitivas no mercado e atraindo investidores interessados em negócios responsáveis.

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Transformação dos Valores e Mudança de Cultura

Mais do que implementar medidas isoladas, as cooperativas precisam transformar sua cultura organizacional para garantir que a sustentabilidade seja um pilar central do negócio.

Silmara Gomes, professora do Centro Universitário Senac, explica que grandes mudanças econômicas e sociais sempre geram impacto na gestão corporativa. “Toda vez que a sociedade muda, as empresas precisam se adaptar. Foi assim após a Revolução Industrial, depois das Guerras Mundiais, e agora estamos vivendo essa transformação com a crise climática e o pós-pandemia”, afirma.

Segundo a especialista, as cooperativas devem reforçar sua responsabilidade ambiental em todas as etapas da cadeia produtiva, adotando princípios como:

  • Produção agrícola sustentável, com uso consciente de insumos e conservação do solo.
  • Economia circular, garantindo que resíduos sejam reutilizados ou reciclados.
  • Transição para energias limpas, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.

Além disso, é essencial que as cooperativas invistam na capacitação de seus cooperados, oferecendo treinamentos sobre práticas sustentáveis e estimulando o uso de novas tecnologias para otimizar processos produtivos.

“Os programas de capacitação e requalificação digital são fundamentais para que os cooperados possam aproveitar as novas tecnologias e atuar de forma mais inovadora e sustentável”, destaca Silmara Gomes.

O Futuro das Cooperativas no Cenário da Sustentabilidade

A transformação rumo à sustentabilidade já está em andamento, mas o futuro exige um comprometimento ainda maior.

Para que o cooperativismo continue sendo um modelo de negócios viável e atrativo, é fundamental que as cooperativas:

  • Criem metas concretas de redução de emissões de carbono.
  • Aprimorem a gestão de recursos naturais e resíduos.
  • Fortaleçam parcerias estratégicas para impulsionar a inovação sustentável.

Cooperativas que assumirem a liderança na agenda ambiental terão vantagens competitivas, garantindo sua relevância no mercado e conquistando a confiança dos consumidores e investidores.

“Ser visto como um líder em sustentabilidade pode se tornar uma vantagem competitiva crucial”, ressalta Eduarda Tolentino.

O Caminho Para um Cooperativismo Sustentável

A sustentabilidade já não é mais uma tendência – é uma necessidade urgente. O conceito de “Natureza como CEO” reflete essa nova realidade, onde negócios que colocam o meio ambiente no centro de suas estratégias estarão mais preparados para enfrentar os desafios do futuro.

O cooperativismo, com sua essência de colaboração e compromisso social, tem tudo para ser um protagonista nesse cenário. Aquelas cooperativas que incorporarem a sustentabilidade como parte de sua cultura organizacional e modelo de negócios estarão garantindo não apenas um futuro mais verde, mas também sua longevidade e sucesso no mercado.


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