Reportagem sobre compostagem vence Prêmio Sebrae de Jornalismo 2025


A celebração do Prêmio Sebrae de Jornalismo 2025 trouxe para o centro do palco uma pauta que, há alguns anos, parecia restrita a nichos ambientais, mas hoje ganha força como política urbana, inovação social e empreendedorismo verde: a compostagem. A grande vencedora da categoria nacional de texto foi a reportagem Compostagem: com quantos baldinhos se faz uma revolução, assinada pela jornalista Elizabeth Oliveira e publicada no veículo ((o))eco. O reconhecimento, anunciado em cerimônia realizada nesta quinta-feira (4) em Brasília, reforça como temas ligados ao lixo, ao reaproveitamento e à economia circular conquistam relevância no debate público brasileiro.

Compostagem - Foto: Arikogan

A iniciativa integra a 12ª edição do Prêmio Sebrae de Jornalismo, que homenageia produções jornalísticas sobre empreendedorismo em todo o país. Em um momento em que novas soluções ambientais surgem para enfrentar desafios urbanos complexos, o júri destacou como a reportagem vencedora traduz, de forma sensível e analítica, o impacto crescente dos pequenos negócios e das iniciativas comunitárias que transformam resíduos orgânicos em solo fértil — e, ao mesmo tempo, mudam práticas de vida cotidiana.

Elizabeth Oliveira, que já havia sido reconhecida na etapa regional do Rio de Janeiro em outubro, sobe agora ao posto máximo da premiação nacional. Sua investigação jornalística mostra que a compostagem deixou de ser um hábito isolado para se tornar uma peça estratégica em programas municipais, modelos empresariais inovadores e ações que combinam educação ambiental, economia solidária e redução de emissões. A abordagem narrativa da repórter ilumina personagens muitas vezes invisíveis: empreendedores que criam serviços de coleta descentralizada, moradores que transformam sacadas em microcentrais de compostagem e organizações que articulam redes de apoio em diferentes cidades brasileiras.

Na solenidade, marcada pela presença de cerca de 100 convidados, entre jornalistas, diretores e colaboradores do Sebrae, além de representantes de instituições parceiras, o presidente da instituição, Décio Lima, ressaltou a centralidade do jornalismo para o funcionamento democrático. Em suas palavras, comunicação e democracia são estruturas interdependentes, e o papel dos jornalistas permanece indispensável para assegurar que transformações em curso — como a revolução silenciosa da compostagem — sejam registradas, discutidas e compreendidas pela sociedade.

O Prêmio Sebrae de Jornalismo tem se consolidado como uma das mais importantes iniciativas nacionais de valorização da imprensa voltada aos temas econômicos e empreendedores. A edição de 2025 confirmou essa tendência ao registrar o terceiro recorde consecutivo de inscrições, com quase 3,5 mil trabalhos enviados. O número representa um crescimento de 12% em relação ao ano anterior, evidenciando tanto a vitalidade do setor jornalístico quanto a ampliação de pautas que exploram inovação, sustentabilidade e transformação social.

Dividida entre as categorias Texto, Áudio, Vídeo e Fotojornalismo, além do prêmio especial de Jornalismo Universitário, a premiação reconhece trabalhos que ultrapassam o relato factual e revelam conexões mais amplas entre negócios e impacto social. A vitória da reportagem de ((o))eco ilustra essa perspectiva. Ao retratar a compostagem como uma forma de empreendedorismo, a narrativa amplia o horizonte de compreensão sobre o tema, mostrando como pequenas iniciativas têm o poder de reorganizar fluxos de resíduos, influenciar políticas públicas e inspirar novos modelos de negócios sustentáveis.

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Crédito: Erivelton Viana

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Mais do que apresentar dados e experiências, a reportagem premiada dialoga com um movimento mais profundo: o avanço de uma mentalidade que busca reduzir desperdícios e revalorizar o ciclo da matéria orgânica nas cidades. Em um país que ainda convive com enormes dificuldades na gestão de resíduos, a exposição jornalística de práticas bem-sucedidas se torna ferramenta de informação e incentivo. Cada balde de compostagem, portanto, não representa apenas a decomposição de restos alimentares, mas a emergência de um ecossistema de inovação sustentado por coletivos, empreendedores e cidadãos comuns.

A premiação evidencia que, quando temas ambientais são tratados com rigor, profundidade e criatividade, conquistam espaço tanto no campo do empreendedorismo quanto no imaginário social. A compostagem, outrora vista como uma prática doméstica dispersa, passa agora a ser retratada — e reconhecida — como um motor de transformação urbana capaz de influenciar comportamentos, economias locais e políticas públicas. E o jornalismo, ao narrar essa trajetória, fortalece a ponte essencial entre a emergência climática, a economia verde e o cotidiano das pessoas.