Na Ilha do Marajó, onde o sustento de muitas famílias ribeirinhas é moldado pela natureza, um novo horizonte de prosperidade está sendo desenhado. Por meio de uma parceria entre a Emater e a Embrapa, um projeto de manejo sustentável de açaizais promete multiplicar a renda dos extrativistas e fortalecer a economia local. Longe de ser apenas uma questão de números, a iniciativa resgata saberes tradicionais e insere as comunidades no centro de um desenvolvimento que é, ao mesmo tempo, social e ambiental.

A partir das orientações da Emater, famílias em assentamentos da reforma agrária em Afuá estão aprendendo a gerir seus açaizais de várzea de forma mais eficiente. A expectativa é audaciosa: quadruplicar a renda familiar em apenas quatro anos. Atualmente, um açaizal de dois hectares rende cerca de R$ 30 mil brutos anualmente. Com o novo manejo, que inclui técnicas de roçagem, limpeza e harmonização de espécies, a produtividade e o lucro podem disparar.

Mais que renda, o açaí é autonomia
O projeto vai muito além do benefício financeiro. O engenheiro agrônomo Alfredo Rosas, da Emater, destaca um dos ganhos mais significativos: a estabilização da safra. Com o manejo adequado, as famílias podem colher açaí por até dez meses do ano, garantindo segurança alimentar e nutricional. “É açaí o ano inteiro”, explica, ressaltando a importância do fruto na dieta e na cultura local. Mesmo nos meses de entressafra, há a garantia de que não faltará o açaí, chamado carinhosamente de “o do bebe”, alimento básico na mesa dos ribeirinhos.
A capacitação, que incluiu oficinas para 62 famílias, reforça a importância do conhecimento prático. Extrativistas como Janilson Pureza, que também é líder comunitário, já sentem a diferença. “O manejo faz toda a diferença: o produto incrementa a qualidade, a produtividade aumenta, a produção aumenta, o processo de coleta é facilitado”, conta Janilson, que vê na nova Cooperativa Agroextrativista de Afuá (Coop Brasil) uma forma de fortalecer o trabalho coletivo.
O projeto, que envolve o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) doados e o acesso a crédito rural, é um modelo de sucesso da abordagem “de baixo para cima”. Ele não apenas eleva a renda, mas também nutre a autonomia, a segurança alimentar e o respeito ao meio ambiente, mostrando que é possível construir prosperidade a partir da riqueza que a floresta já oferece.
mais informações: A revolução silenciosa do açaí: como o Açaibot inaugura uma nova era para a colheita na Amazônia









































