Diversos países se comprometeram a plantar bilhões de árvores para combater as mudanças climáticas, mas, metade do tempo, deixar as florestas se regenerarem naturalmente seria uma opção melhor, de acordo com um importante estudo divulgado nesta quarta-feira. “Há lugares onde faz sentido plantar árvores e há lugares onde faz sentido regenerar florestas naturalmente”, disse Jacob Bukoski, um dos autores do estudo, à AFP. “Se você quer sequestrar carbono ao menor custo, alguma combinação de regeneração natural e plantações faz muito sentido”, disse o pesquisador da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos.
A restauração de florestas tem um potencial enorme para ajudar a limitar o aumento das temperaturas globais, pois as árvores absorvem as emissões de dióxido de carbono que retêm o calor da atmosfera. O estudo, que abrangeu 138 países e foi publicado na revista Nature Climate Change, comparou o custo e os benefícios climáticos de plantar uma espécie de árvore em uma área ou permitir a regeneração natural da floresta, duas abordagens comuns de reflorestamento ao longo de um período de 30 anos.
O estudo descobriu que em 46% das áreas analisadas, deixar as florestas crescerem naturalmente era a opção mais econômica. No restante do tempo, as plantações se mostraram mais baratas.
Oportunidades Perdidas
“Isso sugere que a ênfase atual em plantações dentro dos programas nacionais de reflorestamento pode estar levando a oportunidades perdidas de mitigação climática econômica”, disse o estudo. Pesquisas anteriores mostraram que até dois terços dos compromissos de reflorestamento nos trópicos são plantações, disse Bukoski.
Nos últimos anos, houve “uma proliferação de plantações de uma única espécie para tentar cumprir as metas climáticas”, acrescentou. Plantações de uma única espécie de crescimento rápido, também chamadas de monoculturas, são mais caras de implementar, mas proporcionam receita com a produção e venda de produtos de madeira. Quando a madeira é colhida, uma parte do carbono armazenado nas árvores é liberada na atmosfera, mas o restante fica preso na madeira.
Florestas regeneradas naturalmente crescem mais lentamente, mas são mais biodiversas e armazenam uma quantidade maior de carbono por um período mais longo. Os pesquisadores disseram que seu mapeamento poderia ajudar a orientar iniciativas internacionais e os planos dos países para reduzir as emissões, apresentando uma abordagem mais detalhada para o reflorestamento.
Eles descobriram que a regeneração natural era especialmente econômica em grande parte do oeste do México, na região andina, no Cone Sul da América do Sul, no oeste e centro da África, na Índia, no sul da China, na Malásia e na Indonésia. Por outro lado, as plantações se mostraram a melhor opção em grande parte do Caribe, América Central, Brasil, norte, leste e sul da África, norte da China, sudeste da Ásia continental e nas Filipinas.
O estudo usou aprendizado de máquina para analisar dados de custos e sequestro de carbono a partir de observações de milhares de locais adequados para reflorestamento. Plantações de espécies mistas e agroflorestas, que integram árvores em paisagens agrícolas, foram deixadas de fora devido à falta de bons dados. Os pesquisadores acrescentaram que fatores como demanda por madeira, criação de oportunidades econômicas e restauração da biodiversidade também precisam ser levados em consideração ao decidir sobre um método de reflorestamento.