Cerca de 40% das terras do planeta estão degradadas, impactando a vida de 3,2 bilhões de pessoas devido à perda de produtividade biológica e econômica. Este é um dos principais desafios em debate na 16ª Sessão da Conferência das Partes (COP16) da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), que está ocorrendo em Riad, na Arábia Saudita.
Secas em Ascensão: Aumento de 29% desde 2000
Na cerimônia de abertura da COP16, o recém-eleito presidente da UNCCD e ministro saudita do Meio Ambiente, Abdulrahman Alfadley, alertou que a degradação das terras representa uma ameaça crescente para muitas comunidades, exacerbando questões como migração forçada, instabilidade e insegurança. As secas, um tema central da conferência, têm se tornado cada vez mais frequentes e intensas, com um aumento de 29% na sua ocorrência desde o ano 2000, impulsionado pelas mudanças climáticas e pela gestão insustentável da terra.
O impacto das secas deverá ser global, afetando cerca de 7,5 bilhões de pessoas até 2050, o equivalente a três quartos da população mundial.
A Necessidade de Cooperação e Investimentos Massivos
Em sua intervenção por vídeo, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, fez um apelo para que os delegados da COP16 tomem ações concretas, focando em três pontos principais: o fortalecimento da cooperação internacional, a intensificação dos esforços de restauração e a mobilização de financiamento em larga escala. Segundo Mohammed, os investimentos necessários para enfrentar o problema devem totalizar US$ 2,6 trilhões até 2030, montante equivalente ao gasto global com defesa em 2023.
Restauração da Terra: Garantindo o Futuro da Humanidade
Ibrahim Thiaw, secretário-executivo da UNCCD, ressaltou a importância da restauração das terras degradadas para garantir a segurança alimentar e o bem-estar das gerações futuras. Ele compartilhou relatos pessoais de encontros com agricultores, mães e jovens que enfrentam os impactos da degradação da terra, destacando que o custo desse problema afeta diretamente todos os aspectos da vida cotidiana, como o aumento dos preços dos alimentos, os custos elevados de energia e as dificuldades enfrentadas pelas comunidades.
De acordo com dados da UNCCD, entre 2015 e 2019, áreas de terra saudável, somando o tamanho da Índia e da Nigéria combinadas, foram afetadas pela degradação. A agricultura intensiva, pastoreio excessivo, urbanização, mineração e desmatamento, agravados pelas mudanças climáticas, são os principais impulsionadores desse declínio.
Ações Ambiciosas e Inclusivas para o Futuro
A COP16 é uma oportunidade crucial para líderes de governos, organizações internacionais, setor privado e sociedade civil se reunirem para discutir as soluções mais eficazes e definir um caminho rumo a um uso sustentável da terra. Durante a conferência, Tahanyat Naeem Satti, representando organizações da sociedade civil, pediu por ações “ambiciosas e inclusivas”, destacando a necessidade de garantir a participação significativa de mulheres, jovens, povos indígenas, pastores de rebanhos e comunidades locais na tomada de decisões sobre o uso da terra.
Objetivos da COP16
A conferência, que se estenderá até 13 de dezembro, está focada em objetivos ambiciosos para restaurar terras degradadas, aumentar a resiliência às secas e tempestades de areia, restaurar a saúde do solo e promover a produção sustentável de alimentos. Outros objetivos incluem garantir o direito à terra, promover a equidade, apoiar soluções climáticas e de biodiversidade, e criar oportunidades econômicas, incluindo empregos para os jovens.
A COP16 surge como uma plataforma essencial para a construção de soluções globais que visam combater a degradação da terra e suas consequências para as populações e o meio ambiente.