Evento global reúne especialistas em restauração ecológica e marca presença brasileira


Entre 29 de setembro e 4 de outubro de 2025, a cidade de Denver, no estado do Colorado (EUA), sediou a 11ª edição da 11th World Conference on Ecological Restoration — mais conhecida pela sigla SER 2025, evento promovido pela Society for Ecological Restoration (SER) para reunir a comunidade global voltada à restauração ecológica. O encontro contou com cerca de 1.400 participantes de 75 países, entre pesquisadores, gestores, técnicos e representantes de governos — uma demonstração da amplitude e relevância que o tema vem ganhando.

Foto: Raquel Lacerda/Ibama

A delegação brasileira teve entre seus membros representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que apresentou cases e ferramentas de gestão voltados à restauração ecológica no Brasil. Um dos destaques foi a plataforma Recooperar, cuja finalidade é consolidar dados sobre áreas degradadas ou alteradas sujeitas à recuperação, fortalecendo a governança ambiental.

Da teoria à prática: lições e trajetórias

Durante o evento, especialistas apresentaram resultados concretos de restauração em biomas variados — mangues, zonas áridas, pradarias, florestas e até em áreas urbanas — refletindo o caráter multifacetado da restauração ecológica moderna. A programação de SER 2025 destacou temas como “Restoration in my backyard – urban context” e “From commitment to action on global targets”, sinalizando que a restauração já não é apenas discurso, mas ação que integra clima, biodiversidade e mobilização social.

No Brasil, a participação trouxe ao palco internacional duas frentes importantes: inovação tecnológica em monitoramento e licenciamento (com a Recooperar), e avanços em regulação de sementes nativas, apresentados por analistas do Ibama. Em campo, os representantes brasileiros também participaram de visitas a restaurações de pradarias nos EUA, o que permitiu uma troca de experiências diretamente relacionada a ecossistemas abertos no Brasil, como os campos nativos ou a savana do Cerrado.

8a8b0c3e-4a47-47f2-a230-39ee44ee5c67-400x182 Evento global reúne especialistas em restauração ecológica e marca presença brasileira
Evento em Denver (EUA) reuniu cerca de 1.400 especialistas de 75 países – Foto: SER2025

VEJA TAMBÉM: Bioeconomia é aposta para viabilizar restauração florestal

Significado para o Brasil — e para o mundo

O impacto desse tipo de conferência extrapola o encontro em si. Estamos em meio à UN Decade on Ecosystem Restoration (Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas) e ao novo Kunming–Montreal Global Biodiversity Framework, que estabelecem metas ambiciosas de restauração até 2030. SER 2025 funcionou como plataforma de aceleração dessas agendas: conectar ciência, prática, política pública e mercados para restaurar ecossistemas degradados em escala.

Para o Brasil, o evento reforça que restauração ecológica não é apenas replantio pontual, mas componente estratégico de enfrentamento da mudança climática, conservação da biodiversidade e geração de soluções socioambientais. Ferramentas como a Recooperar mostram o salto de gestão que o país busca: transparência, dados geoespaciais e governança alinhadas às metas internacionais.

Desafios e caminhos

Mesmo com mobilização crescente, há desafios concretos. Entre eles, compatibilizar a escala das intervenções com a variedade de ecossistemas brasileiros, assegurar que a restauração seja também regeneração sustentável, integrar comunidades locais, e garantir financiamento privado e público. A participação brasileira no evento coloca o país em posição de protagonismo — mas demanda continuidade, articulação e supervisão para que os compromissos se traduzam em hectares efetivamente recuperados.

Além disso, o intercâmbio internacional promove o aprendizado de práticas de monitoramento, licenciamento, tecnologias de restauração e impactos sociais — elementos que a conferência destacou como essenciais à “qualidade” das intervenções e não apenas à “quantidade”.

Em síntese

A SER 2025 foi um ponto de encontro estratégico para a restauração ecológica global e para o Brasil em particular. A participação do Ibama, a apresentação de ferramentas como a Recooperar e a troca de saberes entre ecossistemas evidenciam que o país já está engajado nessa frente. Agora, resta transformar esse engajamento em resultados no campo — hectares restaurados, biodiversidade recuperada, comunidades envolvidas e metas alcançadas. A restauração ecológica, portanto, segue de compromisso a ação.